A concepção especular em Jacques Lacan e Donald Winnicott: imagens distintas

Data
2016-12-07
Tipo
Trabalho de conclusão de curso
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Resumo
Após sua Tese de 1932, Jacques Lacan engata na investigação sobre a gênese do eu e sobre o narcisismo, iniciando a formulação de seu conceito sobre o estádio do espelho. Em 1936, o apresenta inicialmente na Sociedade Psicanalítica de Paris e, posteriormente, no XIV Congresso Internacional da Associação Psicanalítica Internacional (IPA) para, em 1949, apresentar uma nova versão em Zurique, também em um congresso da IPA. Tal comunicação de 1936 não foi entregue aos anais do Congresso e seu resgate só é possível em analogia à construção de um quebra-cabeça: a partir de algumas informações, podemos supostamente reconstruir sua apresentação. Esta concepção lacaniana é inovadora para a Psicanálise, fundamenta todo o sistema de pensamento de Lacan, e perpassa diversos textos do autor, sendo citada inúmeras vezes em sua obra Escritos. Entretanto, não somente Lacan se debruça sobre os primeiros estágios da vida do bebê, mas também Donald Woods Winnicott discorre sobre o desenvolvimento infantil e, sobretudo, ressalta a importância de cuidados suficientemente bons exercidos pela figura da mãe. Apesar de não formular um conceito, o psicanalista inglês aponta que a figura materna exerce um papel de espelho, o qual será fundamental para constituição subjetiva. Diferentemente do alvoroço causado por Lacan com sua apresentação, Winnicott tem uma história pouco documentada sobre sua formulação. Diante da importância atribuída, por ambos os autores, à constituição do eu e, assim, ao processo de especularização, salientando como crucial no desenvolvimento do bebê a figura de cuidado exercida por um outro, o presente trabalho consiste em realizar um percurso histórico-conceitual da concepção especular nestes autores, utilizando-se fundamentalmente de alguns textos antecedentes aos textos centrais dos respectivos autores – de 1949, de Lacan, O estádio do espelho como formador da função do eu tal como nos é revelada na experiência psicanalítica, e de 1967, de Winnicott, O papel de espelho da mãe e da família no desenvolvimento infantil; além de consultas às bases eletrônicas, dados documentais (cartas) e biografias dos respectivos autores. Percebeu-se relações possíveis, embora não paralelas, entre as dimensões do eu propostas por ambos: self e ego (Winnicott), moi e je (Lacan), assim como diferenças importantes quanto à concepção especular: o encontro, em Winnicott, com o verdadeiro self e, em Lacan, à constituição do eu ligada à alienação em uma imagem.
After his Thesis of 1932, Jacques Lacan engages in the investigation of the genesis of the I and narcissism, beginning the formulation of his concept about the mirror stage. In 1936 he presented it initially at the Psychoanalytic Society of Paris and later at the XIV International Congress of the International Psychoanalytic Association (IPA) and at 1949 presented his new version in Zurich, also at an IPA congress. Such communication at 1936 was not delivered to the annals of the Congress and its rescue is only possible in analogy to the construction of a puzzle: from some information we can supposedly reconstruct its presentation. This lacanian conception is innovative for Psychoanalysis, it bases Lacan's entire system of thought, and runs through several texts of the author, being mentioned countless times in his Ecrits. However, not only does Lacan focus on the early stages of the baby's life, but Donald Woods Winnicott also discusses child development and, mainly, stresses the importance of good-enough mothering. Although not formulating a concept, the british psychoanalyst points out the maternal figure playing a mirror role, which will be fundamental for subjective constitution. Unlike the uproar caused by Lacan with his presentation, Winnicott has a poorly documented history of his formulation. Given the importance attributed by both authors to the constitution of the I, and thus to the process of specularization, pointing out as crucial at the development of the baby the figure of care exercised by another, the present work consists of making a historical-conceptual path of the specular conception in these authors, using fundamentally for this some texts antecedent to the central texts of the respective authors - of 1949, by Lacan, The mirror stage as formative of the function of the I (je) as revealed in the psychoanalytic experience, and of 1967, by Winnicott, Mirror-role of mother and family in child development; besides researches to the electronic databases, documental data (letters) and biographies of the respective authors. Possible, but not parallel relationships between the dimensions of the I proposed by both authors were perceived: self and ego (Winnicott), moi and je (Lacan), as well as important differences about the specular conception: in Winnicott, the encounter with the true self and in Lacan, to the constitution of the I linked to alienation in an image
Descrição
Citação
COSTA, Manuela Oliveira Legramanti da. A concepção especular em Jacques Lacan e Donald Winnicott: imagens distintas. 2016. 96 f. Trabalho de conclusão de curso de graduação (Psicologia) - Instituto de Saúde e Sociedade, Universidade Federal de São Paulo, Santos, 2016.
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