Efeitos da rosuvastatina e do sevelamer na progressão da calcificação coronariana dos pacientes com doença renal crônica em tratamento conservador.
Data
2011
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
A doença renal crônica (DRC) é considerada um problema de saúde pública, em razão da sua alta prevalência e associação com elevadas taxas de morbimortalidade. As complicações cardiovasculares constituem a principal causa de óbito nos pacientes com DRC, sendo seu diagnóstico precoce importante na identificação de pacientes com maior risco de mortalidade. A avaliação da calcificação coronariana e do espessamento da artéria carótida são métodos consagrados, que permitem identificar inclusive os pacientes com doença em estágios iniciais. A busca de tratamentos que possam interferir na progressão da calcificação coronariana é um grande desafio e objetivo principal deste estudo. Estudo 1: Efeitos da rosuvastatina e do sevelamer na progressão da calcificação coronariana dos pacientes com doença renal crônica em tratamento conservador Um estudo randomizado, controlado, aberto foi realizado com a inclusão de 117 pacientes com doença renal crônica em tratamento conservador (DRCTC), sendo 62% do sexo masculino, média de idade igual a 56,9±11,2 anos e taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) igual a 36±16,5mL/min. Os pacientes foram randomicamente alocados a usar rosuvastatina (10mg/dia), hidrocloreto de sevelamer (2400mg/dia) ou grupo controle. Determinação do escore de cálcio coronariano (tomografia multislice) e análises bioquímicas foram realizadas no início e ao final de 24 meses de seguimento. No início do estudo, a calcificação coronariana (CAC) foi observada em 55%, 58% e 61% dos pacientes nos grupos rosuvastatina, sevelamer e controle respectivamente (p=0,87). O escore de cálcio coronariano (EC) no início do estudo, bem como a sua diferença absoluta e relativa após 24 meses foram similares entre os grupos estudados. O LDL colesterol era maior e reduziu significativamente apenas no grupo rosuvastatina (p<0,01). Análises ajustadas para o LDL evidenciaram que os diferentes regimes de droga não se associaram à progressão da CAC (efeito da droga, p=0,85; efeito do tempo, p<0,001; efeito de interação, p=0,76). Concluímos que os tratamentos com rosuvastatina e sevelamer não foram capazes de retardar a progressão da CAC nos pacientes com DRCTC. Estudo 2: A espessura do complexo íntima-média da carótida está associada à inflamação e aos fatores de risco tradicionais na doença renal crônica em tratamento conservador Cento e vinte e dois pacientes com doença renal crônica em tratamento conservador (DRCTC) foram submetidos à determinação da espessura do complexo íntima-média da carótida (CIM), bem como a determinação dos marcadores bioquímicos de inflamação, em um estudo transversal. A média da idade foi 55,2±11,3 anos, sendo 61,5% do sexo masculino. A mediana da proteína C-reativa (PCR) foi 0,28mg/dL (0,03 – 14,2) enquanto a mediana da interleucina-6 (IL-6) foi 4,75pg/mL (0,7 – 243). A média da adiponectina foi 27,8±7,3ng/mL e a média do CIM foi 0,61±0,19mm. Quatro (3,3%) pacientes tinham CIM acima dos valores de referência. O CIM foi maior no sexo masculino (p<0,001), nos pacientes inflamados (p=0,005), naqueles com IL-6 mais elevada (p=0,023) e nos pacientes com TFGe <60mL/min (p=0,030). O CIM se correlacionou com a idade (r=0,538;p<0,001), circunferência abdominal (r=0,235;p=0,016), PCR (r=0,191;p=0,035) e pressão arterial sistólica (r=0,181;p=0,048). Na análise de regressão múltipla, os determinantes independentes do CIM foram a idade (coef β=0,512;p<0,001) e a PCR (coef β=0,159;p=0,041). Concluímos que, apesar de estar dentro dos valores de referência na maior parte da população estudada, o CIM se associou claramente à idade e inflamação na DRCTC.
Descrição
Citação
São Paulo: [s.n.], 2011. 120 p.