Efeito da suplementação de cálcio na redução do peso corporal em pacientes portadores de litíase renal com sobrepeso

Data
2007
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
A prevalência de nefrolitíase na população americana é de 12% nos homens e 5% nas mulheres (1,2). A formação de cálculos no trato urinário resulta do aumento da supersaturação urinária, nucleação de cristais, agregação, retenção e crescimento de cristais no urotélio. Os principais fatores que contribuem para a supersaturação urinária são a elevada excreção de substâncias promotoras da cristalização urinária, como o cálcio, oxalato, sódio, ácido úrico, e a reduzida excreção de substâncias inibidoras da cristalização como o citrato, entre outras, alterações do pH urinário e a redução do volume urinário. Estudos epidemiológicos recentes têm demonstrado que a obesidade é considerada um fator de risco para a litogênese (3-5). Siener e cols (5) observaram que o Índice de Massa Corporal (IMC) apresentava associação positiva com a excreção urinária de ácido úrico, sódio, amônio e fosfato e inversa com o pH urinário em homens e mulheres, aumentando o risco para a formação de cálculos renais. Os autores também relataram associação entre IMC com cálcio urinário em homens e com oxalato urinário em mulheres (5). Em um grande estudo envolvendo mais de 4500 pacientes litiásicos, observou-se que o pH urinário se correlacionou inversamente com o peso corporal (6). Taylor e cols (3) observaram que não só a obesidade, mas também o ganho de peso contribui para a formação de cálculos urinários. Diversos estudos têm evidenciado um efeito “anti-obesidade” do cálcio dietético e de produtos lácteos (7-11). O primeiro mecanismo, proposto por Zemel e cols (12,13), é o efeito do cálcio dietético na supressão do PTH e 1,25-dihidroxicolecalciferol [1,25(OH)2D3], levando à redução nos níveis de cálcio intracelular, inibindo a lipogênese e estimulando a lipólise, favorecendo a perda de peso. Tem sido sugerido também que o maior consumo de cálcio dietético pode se complexar no lúmen intestinal com ácidos graxos e sais biliares formando “sabões”, inibindo a absorção de gorduras (14,15). Por outro lado, há controvérsias na literatura já que diversos outros estudos não confirmaram o efeito da suplementação de cálcio na redução do peso corporal (16-22). No passado, a restrição na ingestão de cálcio era preconizada com a finalidade de reduzir o cálcio urinário em pacientes hipercalciúricos e prevenir a recorrência de nefrolitíase. No entanto, em um grande estudo prospectivo realizado em homens sadios com diferentes consumos de cálcio, observou-se que, quanto menor a ingestão de cálcio, maior a formação de cálculos renais, devido provavelmente a um aumento na absorção de oxalato livre resultante da menor disponibilidade de cálcio no lúmen intestinal para se complexar com o oxalato (23), induzindo hiperoxalúria secundária. Borghi e cols (24) observaram em um estudo prospectivo com duração de 5 anos em homens litiásicos hipercalciúricos, que uma dieta restrita em sal e proteína combinada com uma ingestão de cálcio normal foi mais eficiente em reduzir a recorrência de nefrolitíase, em comparação à dieta pobre em cálcio, sugerindo que a restrição na ingestão de cálcio não deva ser recomendada. Considerando que o sobrepeso e a obesidade aumentam o risco para a formação de cálculos renais, e que a suplementação de cálcio pode auxiliar a redução de peso e a quelar o oxalato, desde que ingerida junto com as refeições (25), o objetivo deste trabalho foi o de avaliar o efeito da suplementação de cálcio na redução do peso corporal em pacientes portadores de litíase renal com sobrepeso e as possíveis alterações nos parâmetros séricos e urinários relacionados ao risco de formação de cálculos..
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São Paulo: [s.n.], 2007. 52 p.