Capacitação de profissionais da saúde no componente peri-neonatal da atenção integrada às doenças prevalentes na infância: conhecimento e percepção de mudança na prática clínica em região Amazônica

Data
2010-06-30
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Introdução: Apesar de relatos sobre a Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI) melhorar a assistência à saúde da criança até cinco anos, não são identificados estudos direcionados ao componente peri-neonatal dessa estratégia. Objetivo: avaliar, após a capacitação em AIDPI Neonatal, o conhecimento e a percepção de médicos e enfermeiros quanto à assistência à gestante e à criança do nascimento até os dois meses de vida, e sua aplicabilidade prática em uma região da Amazônia. Método: estudo de coorte constituída de 31 médicos e 61 enfermeiros provenientes de 24 municípios, que participaram de sete capacitações em seis Pólos Regionais de Saúde no interior do Pará, Amazônia, realizado de abr/2006 a dez/2008. O estudo foi conduzido em duas fases, consistindo a 1ª fase na aplicação presencial de cinco questionários antes (T1) e imediatamente após 24 horas (T2) de capacitação em AIDPI Neonatal, conforme diretrizes da OPAS em 2007, adaptadas ao nosso meio. A 2ª fase compreendeu a aplicação presencial dos mesmos questionários aos 92 profissionais, em média 16 (14-20) meses após a 1ª fase (T3). Os questionários abordaram dados demográficos dos profissionais em T1, o conhecimento sobre assistência à gestante, reanimação neonatal, puericultura e doenças até dois meses em T1, T2 e T3, além da avaliação da capacitação em T2 e da percepção das condições de assistência no município e no local de prática clínica em T1 e T3. Para estimar as diferenças entre os tempos e as categorias profissionais foram criados escores de zero (inadequação completa) a 100 (adequaçãocompleta) comparados por meio da análise de variância com medidas repetidas. Resultados: os 92 profissionais caracterizaram-se por ser do sexo feminino (83%), nascidos (74%) e graduados (79%) no Pará, atender crianças duas ou mais vezes por semana (86%) e possuir pós-graduação (63%). Os médicos eram graduados há 17 (1-35) anos e os enfermeiros há nove (0-31) anos (p<0,001). Os primeiros relataram maior atuação em pediatria, e qualificação específica, com residência ou especialização, do que os últimos. Observou-se variação do conhecimento de acordo com o tempo (T1, T2 e T3) e a profissão (médicos>enfermeiros: p<0,001). Entre T1 e T2 constatou-se acréscimo deconhecimento dos profissionais sobre a assistência à gestante (p=0,026), reanimação neonatal (p<0,001), puericultura (p<0,001) e doenças até dois meses (p<0,01). Tal conhecimento perdurou, no mínimo, após 16 meses da capacitação nas áreas de reanimação neonatal (p=0,028) e doenças até dois meses (p<0,001). A capacitação teve avaliação positiva dos profissionais (94%) que perceberam melhora na prática clínica no seu local de trabalho (p<0,001), porém sem relato de alteração nas condições de saúde do município (p=0,066) entre T1 e T3. Conclusão: os médicos e enfermeiros apresentaram acréscimo, no mínimo por 16 meses, no conhecimento sobre a assistência à gestante e à criança até dois meses, além de perceberem melhora em sua condição de prática clínica após a capacitação em AIDPI Neonatal. Essa capacitação pode servir de modelo a ser aplicado em outras regiões com semelhante contexto epidemiológico
Objective: to assess knowledge and perception of professionals about care of pregnant women and children to two months of life, after training in Neonatal Integrated Management of Childhood Illness (IMCI), and its practical applicability in the Amazon Region. Method: a cohort study comprising 92 professionals who participated in seven Neonatal IMCI training courses in Para, from April/2006 to December/2008. Five questionnaires were applied face-to-face before (T1) and 24h (T2) after training in Neonatal IMCI (PAHO, 2007), and 16 (14-20) months after training (T3). Scores ranging from zero (complete inappropriateness) to 100 (complete appropriateness) were compared by ANOVA with repeated measures. Results: Time since graduation was 17y (1-35) for physicians and 9y (0-31) for nurses (p<0.001). Variation of knowledge was observed according to time and profession (physicians>nurses: p<0.001). Between T1 and T2, enhanced knowledge was verified in care of pregnant women (p=0.026), neonatal resuscitation (p<0.001), neonatal and infant care (p<0.001) and diseases up to two months (p<0.01). Such knowledge was observed at least for 16 months in neonatal resuscitation (p=0.028) and diseases up to two months (p<0.001). The capacity-building was positively evaluated by professionals (94%), who perceived improvement in clinical practice (p<0.001), without report of change in health conditions of the city (p=0.066) between T1 and T3. Conclusion: Training in Neonatal IMCI enhanced knowledge about care of pregnant women and infants up to two months, in addition to acknowledging better clinical practice for physicians and nurses. This training can be a model to be applied in other regions with similar epidemiological context.
Descrição
Citação
CAVALCANTE, Rejane Silva. Capacitação de profissionais da saúde no componente peri-neonatal da Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância: conhecimento e percepção de mudança na prática clínica em Região Amazônica. 2010. 119 f. Tese (Doutorado em Ciências) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2010.
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