Angiogênese da retina e coroide : biomarcadores e engenharia genética
Data
2017-11-30
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Objetivo: Comparar a concentração do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) no humor aquoso antes e após uma única injeção intravítrea de bevacizumabe (IVB) e estudar a concentração de 19 moléculas angiogênicas antes e após três IVBs mensais em olhos com doença macular relacionada à idade (DMRI) exsudativa, apontando os principais grupos de moléculas pró e antiangiogênicas e, ainda, descrevendo tratamentos de engenharia genética como o futuro terapêutico da angiogênese ocular, em especial o uso do CRISPR. Métodos: Na primeira publicação, pacientes com DMRI exsudativa foram tratados com uma única injeção (1,25 mg/0,05 mL). Amostras de humor aquoso foram obtidas antes da injeção, em uma semana, um mês e três meses de seguimento. Na segunda publicação, pacientes com DMRI exsudativa foram tratados com IVB mensal (1,25 mg/0,05 mL). Foram analisadas as concentrações de 19 moléculas angiogênicas a partir de amostras do humor aquoso obtidas antes de cada IVB. Parâmetros clínicos foram analisados para ambos os estudos. Foi realizada uma revisão da literatura das principais moléculas relacionadas à neovascularização da retina e coroide, das terapias antiangiogênicas oculares disponíveis e de tratamentos promissores em desenvolvimento. Resultados: Na primeira publicação, os níveis do VEGF reduziram e a acuidade visual (AV) melhorou significativamente em todos os períodos de acompanhamento, quando comparados à linha de base. A menor expressão do VEGF foi observada em uma semana e a mais intensa melhora da AV ocorreu um mês após o tratamento. Todos os parâmetros avaliados na tomografia de coerência óptica (OCT) apresentaram redução significativa no primeiro mês. Na segunda publicação, observou-se uma diminuição significativa do VEGF-A nos seguimentos de um e dois meses, com aumento significativo na concentração de sete moléculas: angiopoietina-2, endotelina-1, folistatina, fator de crescimento semelhante ao fator de crescimento epidérmico de ligação à heparina, fator de crescimento de hepatócitos, interleucina-8 e fator de crescimento endotelial vascular-C. Houve melhora da AV aos dois meses e redução dos parâmetros do OCT em todos os períodos do estudo. Na terceira publicação, observaram-se 16 grupos de potenciais moléculas-alvo contra a neovascularização da retina e coroide, com 26 ensaios clínicos em andamento, sendo sete de terapias combinadas e utilização de vetores virais. A terapia genética modificou genes relacionados a doenças retinianas, diminuiu a ligação de fatores angiogênicos e a expressão do receptor do VEGF em lesões vasoproliferativas. Conclusões: Uma única IVB diminui significativamente os níveis do VEGF após uma semana do tratamento, com a melhora clínica ocorrendo após um mês. Ao analisarmos 19 moléculas, apesar da diminuição expressiva do VEGF-A, os níveis de sete moléculas pró-angiogênicas aumentaram significativamente após IVB. Não obstante a melhora na espessura da retina ocorrer logo no primeiro mês, a melhora da acuidade visual aconteceu aos dois meses. A combinação de inibição/estimulação de diferentes vias, na tentativa de controlar as complexas interações entre as moléculas relacionadas à angiogênese pode ser um futuro promissor no tratamento da neovascularização ocular. A engenharia genética, em especial o sistema CRISPR, tem potencial para se tornar um importante método no tratamento da DMRI exsudativa.