Privação de sono em modelo experimental de doença auto-imune

Data
2005
Tipo
Tese de doutorado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Uma das funções atribuídas ao sono é a de restauração e regulação da qualidade do sistema imunológico. Por sua vez, distúrbios de sono estão associados a prejuízo do sistema imunológico, e condições onde há privação crônica de sono, tornam-se fatores de risco ao desenvolvimento de determinadas doenças. Os camundongos NZBjNZWF1 caracterizam-se por desenvolver espontaneamente quadro auto-imune muito semelhante ao lupus eritematoso sistêmico em humanos. Assim como em seres humanos, a incidência do lupus é maior em fêmeas e observa-se a influência de fatores hormonais e psico-sociais (como o estresse) na manifestação da doença nestes camundongos. Além disso, observa-se, em geral, que pacientes lúpicas referem sono de qualidade ruim, não reparador. Diante destas evidências, o presente trabalho tem como objetivo avaliar o efeito da PS no desencadeamento e na evolução do lupus nestes camundongos. No Experimento 1, os animais foram privados de sono por 2 períodos de 96h pela técnica da plataforma múltipla. Os animais controles permaneceram em suas gaiolas-moradia no mesmo ambiente onde foi realizada a privação de sono. Os animais foram privados de sono quando estavam na 10a semana de vida (período considerado clinicamente sadio) e foram acompanhados até a 2sa semana. Em ambos os grupos (controle e experimental), amostras de sangue foram coletadas pelo plexo retro-orbital a cada quinze dias para avaliar a presença de fatores anti-nuclerares (FAN) e de anticorpos a-DNA, importantes parâmetros sorológicos para estagiamento da doença. Além disso, outros parâmetros foram avaliados, tais como: peso corpóreo, proteinúria e longevidade. No Experimento 2, os animais foram privados de sono pelo mesmo procedimento, e imediatamente após a PS, o sangue dos animais foi coletado para dosagem de prolactina e o cérebro foi removido para o estudo da marcação de receptores dopaminérgicos 01, O2 e transportador de dopamina (OAT). No Experimento 3, seguindo o mesmo protocolo de privação de sono, avaliou-se o perfil de secreção de corticosterona (CORT) imediatamente após a PS (12a), na 13a, 19a , 2Sa e 31 a semana de vida. Os resultados mostraram que os animais submetidos a PS exibiram início precoce da doença em comparação com o grupo controle, revelado pela positividade e altos títulos de fatores anti-nucleares (FAN) medidos na primeira semana após a PS. No entanto, não houve diferença estatística nos outros parâmetros avaliados. No segundo experimento, observou-se que os animais privados de sono apresentaram redução na concentração de PRL circulante e também aumento na marcação do OAT no caudado-putamen. Não houve alteração na marcação dos receptores 01 e O2 entre os grupos estudados. E finalmente, no último experimento, observamos que imediatamente após a PS os animais apresentaram altos níveis de CORT e que se manteve durante todo o período avaliado. Além disso, observamos que na 13a semana de vida, ambos os grupos apresentaram um pico de secreção quando comparados à semana anterior. Desta forma, conclui-se que a PS é um estímulo capaz de acelerar o início do lupus, no entanto, sem alterar a gravidade da doença. Esses resultados sugerem que o sono é importante na manutenção da integridade do sistema imunológico, assim como no controle da função endócrina e do sistema nervoso. Portanto, o sono se revela um instrumento valioso para estudar a interação entre os sistemas imunológico, endócrino e nervoso central.
Descrição
Citação
São Paulo: [s.n.], 2005. 118 p.