Aplicação dos novos critérios do CDC/NHSN nas infecções primárias de corrente sanguínea em pacientes onco-hematológicos
Data
2018-03-06
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Introduction: patients with haematological malignancies are at high risk for
acquisition central lineassociated
blood stream infection (CLABSI). The Centers for
Disease Control and Prevention (CDC) published in January 2013 modified
definition of BSI, including the new term Mucosal Barrier Injury LaboratoryConfirmed
Bloodstream Infection (MBILCBI),
revised in 2017. This study aimed to
evaluate the incidence density (ID) of healthcareassociated
infections, to
characterize the episodes of CLABSI in Hematology and Bone Marrow
Transplantation (BMT) and to apply the modified CLABSI definition developed by the
CDC / NHSN.
Methods: a retrospective cohort study was performed from January 1, 2012 through
December 31, 2014, at Hospital São Paulo. All patients hospitalized in the
hematology and BMT units presenting healthcareassociated
infections were
included. For the analysis of the new CDC / NHSN definitions (2017), we considered
the patients who developed primary BSI within 48h after the hospital admission.
Results: In the period of the study, 186 episodes of infection were diagnosed as
HAI, with the most frequent BSI (65.1%). Eightynine
patients had one or more
episodes of BSI. In Hematology, males were the most frequent (55.1%) and the
mean age was 47.4 years. The main underlying diagnosis was acute leukemia
(87.9%). In the BMT, males were the most frequent (61.3%) and the mean age was
43.7 years. The main underlying disease was acute leukemias (32.3%). Among the
TCTH modalities, allogeneic was the most frequent (43.8%). After applying the
modified definition, 40.3% of the episodes were reclassified as MBILCBI
and 59.7%
as CLABSI. All of them classified as MBILCBI
met the neutropenia criteria. In
Hematology, we observed a reduction of 34.2% in CLABSI DI. The new CLABSI DI
were 8.9, 9.4 and 6.3 per 1000 central line days in the years of 2012, 2013, and
2014, respectively. The MBILCBI
DI per 1000 central line days was 3.9 in 2012, 3.5
in 2013 3 5.5 in 2014. In the BMT, the reduction of CLABSI DI was 47.6% in the study period. The CLABSI DIs were 6.8, 4.5 and 6.0 CLABSI per 1000 central line
days. The MBILCBI
ID per 1,000 central line days were 2.3 in 2012, 5.3 in 2013 and
8.2 in 2014. Gram negative bacteria (GNB) were the most frequent (59.2%). In the
CLABSI, nonfermenting GNB were the most frequent (46.7%) and MBBILCBI,
Klebsiella pneumoniae (71.4%). Regarding the clinical characteristics of each
episode, in the MBILCBI
the majority of the diagnoses were acute leukemias in
induction of remission or reinduction
(87.4% vs 77.8%, p = 0.02) in Hematology. In
both units the central line was withdrawn up to 72 hours with more frequency in the
episodes of CLABSI. We also observed a higher rate of inadequacy to antimicrobial
therapy and mortality in multidrugresistant
GNB bacteremia episodes.
Conclusion: The modified CLABSI CDC / NHSN definition were able to differentiate
MBILCBI
cases in Hematology and BMT units, accounting for 40.3% of BSI in these
patients. Despite the reduction of CLABSI densities, they remain high in relation to
the literature, demonstrating the need to establish CLABSI prevention measures in
both units, with greater attention to Hematology. In both classifications, we observed
an important pattern of antimicrobial resistance in Gramnegative
bacteria isolates,
especially in Hematology, which may have affected the low adequacy to therapy at
48 hours and high mortality rate.
Introdução: pacientes com neoplasias hematológicas apresentam risco elevado para a aquisição de infecções primárias de corrente sanguínea associada ao cateter venoso central (CLABSI) Em 2013, o Centers for Disease Control and Prevention publicou definição modificada de infecção primária de corrente sanguínea (IPCS), incluindo o novo termo IPCS laboratorialmente confirmada por injúria da barreira mucosa (MBILCBI), com revisão em 2017. Este estudo tem como objetivos avaliar a densidade de incidência (DI) de IRAS, caracterizar os episódios de IPCS nas unidades de Hematologia e Transplante de Medula Óssea (TMO) do Hospital São Paulo e aplicar os novos critérios definidos pelo CDC/NHSN em pacientes OncoHematológicos internados nestas unidades. Métodos: estudo de coorte retrospectivo, realizado no período de 1º de janeiro de 2012 a 31 de dezembro de 2014, no Hospital São Paulo (HSP). Foram incluídos pacientes com doenças oncohematológicas internados nas unidades de Hematologia e TMO que evoluíram com IRAS. Para análise dos novos critérios do CDC/NHSN (2017), foram considerados os pacientes que evoluíram com infecção primária de corrente sanguínea (IPCS) com mais de 48 horas de internação. Resultados: No período do estudo foram diagnosticas 186 IRAS, sendo as IPCS as mais frequentes (65,1%). No período do estudo, 89 pacientes apresentaram um ou mais episódios de IPCS. Na Hematologia, a maioria era do sexo masculino (55,1%) e a média de idade foi 47,4 anos. O principal diagnóstico de base foi leucemia aguda (87,9%). No TMO, o sexo masculino foi o mais frequente (61,3%) e a idade média 43,7 anos. A principal doença de base foi leucemias agudas (32,3%). Entre as modalidades de TCTH, o alogênico aparentado o mais frequente (43,8%). Após aplicação dos novos critérios, 40,3% dos episódios foram reclassificadas como MBILCBI e 59,7% como CLABSI. Todos classificados como MBILCBI preencheram os critérios de neutropenia. Na Hematologia, observamos redução de 34,2% da DI de CLABSI. As novas DI de CLABSI foram 8,9, 9,4 e 6,3 por 1000 CVCdia nos anos de 2012, 2013, e 2014, respectivamente. A DI de MBILCBI por 1000 CVCdia foi 3,9 em 2012, 3,5 em 2013 3 5,5 em 2014. No TMO, a redução da DI de CLABSI foi 47,6% no período do estudo. As DI de CLABSI foram 6,8, 4,5 e 6,0 CLABSI por 1000 CVCdia. As DI de MBILCBI por 1000 CVCdia foram 2,3 em 2012, 5,3 em 2013 e 8,2 em 2014. As bactérias Gram negativas (GN) foram as mais frequentes (59,2%). Nas CLABSI, GN nãofermentadores foram os mais frequentes (46,7%) e nas MBILCBI, a Klebsiella pneumoniae (71,4%). Em relação às características clínicas de cada episódio, nos MBILCBI a maioria dos diagnósticos eram de leucemias agudas em indução de remissão ou reindução (87,4% vs 77,8%, p=0,02) na Hematologia. E nas duas unidades os CVC foram retirados até 72h com maior frequência nos episódios de CLABSI. Também observamos uma maior taxa de inadequação à terapia antimicrobiana e mortalidade nos episódios de bacteremia por GN multidrogarresistente. Conclusões: baseado nos critérios atuais do CDC/NHSN para IPCS os casos de MBILCBI corresponderam a 40,3% das IPCS nas unidades de Hematologia e TMO. Com isso houve redução das densidades de CLABSI, porém estas ainda se mantiveram elevadas comparadas aos dados mais recentes da literatura, demonstrando a necessidade de estabelecimento de medidas de prevenção de IPCS em ambas unidades, com maior atenção à Hematologia. Em ambas as classificações, observamos um padrão importante de resistência aos antimicrobianos nos isolados de BGN, principalmente na Hematologia, o que pode ter impactado na baixa adequação em 48 horas e taxa elevada de letalidade.
Introdução: pacientes com neoplasias hematológicas apresentam risco elevado para a aquisição de infecções primárias de corrente sanguínea associada ao cateter venoso central (CLABSI) Em 2013, o Centers for Disease Control and Prevention publicou definição modificada de infecção primária de corrente sanguínea (IPCS), incluindo o novo termo IPCS laboratorialmente confirmada por injúria da barreira mucosa (MBILCBI), com revisão em 2017. Este estudo tem como objetivos avaliar a densidade de incidência (DI) de IRAS, caracterizar os episódios de IPCS nas unidades de Hematologia e Transplante de Medula Óssea (TMO) do Hospital São Paulo e aplicar os novos critérios definidos pelo CDC/NHSN em pacientes OncoHematológicos internados nestas unidades. Métodos: estudo de coorte retrospectivo, realizado no período de 1º de janeiro de 2012 a 31 de dezembro de 2014, no Hospital São Paulo (HSP). Foram incluídos pacientes com doenças oncohematológicas internados nas unidades de Hematologia e TMO que evoluíram com IRAS. Para análise dos novos critérios do CDC/NHSN (2017), foram considerados os pacientes que evoluíram com infecção primária de corrente sanguínea (IPCS) com mais de 48 horas de internação. Resultados: No período do estudo foram diagnosticas 186 IRAS, sendo as IPCS as mais frequentes (65,1%). No período do estudo, 89 pacientes apresentaram um ou mais episódios de IPCS. Na Hematologia, a maioria era do sexo masculino (55,1%) e a média de idade foi 47,4 anos. O principal diagnóstico de base foi leucemia aguda (87,9%). No TMO, o sexo masculino foi o mais frequente (61,3%) e a idade média 43,7 anos. A principal doença de base foi leucemias agudas (32,3%). Entre as modalidades de TCTH, o alogênico aparentado o mais frequente (43,8%). Após aplicação dos novos critérios, 40,3% dos episódios foram reclassificadas como MBILCBI e 59,7% como CLABSI. Todos classificados como MBILCBI preencheram os critérios de neutropenia. Na Hematologia, observamos redução de 34,2% da DI de CLABSI. As novas DI de CLABSI foram 8,9, 9,4 e 6,3 por 1000 CVCdia nos anos de 2012, 2013, e 2014, respectivamente. A DI de MBILCBI por 1000 CVCdia foi 3,9 em 2012, 3,5 em 2013 3 5,5 em 2014. No TMO, a redução da DI de CLABSI foi 47,6% no período do estudo. As DI de CLABSI foram 6,8, 4,5 e 6,0 CLABSI por 1000 CVCdia. As DI de MBILCBI por 1000 CVCdia foram 2,3 em 2012, 5,3 em 2013 e 8,2 em 2014. As bactérias Gram negativas (GN) foram as mais frequentes (59,2%). Nas CLABSI, GN nãofermentadores foram os mais frequentes (46,7%) e nas MBILCBI, a Klebsiella pneumoniae (71,4%). Em relação às características clínicas de cada episódio, nos MBILCBI a maioria dos diagnósticos eram de leucemias agudas em indução de remissão ou reindução (87,4% vs 77,8%, p=0,02) na Hematologia. E nas duas unidades os CVC foram retirados até 72h com maior frequência nos episódios de CLABSI. Também observamos uma maior taxa de inadequação à terapia antimicrobiana e mortalidade nos episódios de bacteremia por GN multidrogarresistente. Conclusões: baseado nos critérios atuais do CDC/NHSN para IPCS os casos de MBILCBI corresponderam a 40,3% das IPCS nas unidades de Hematologia e TMO. Com isso houve redução das densidades de CLABSI, porém estas ainda se mantiveram elevadas comparadas aos dados mais recentes da literatura, demonstrando a necessidade de estabelecimento de medidas de prevenção de IPCS em ambas unidades, com maior atenção à Hematologia. Em ambas as classificações, observamos um padrão importante de resistência aos antimicrobianos nos isolados de BGN, principalmente na Hematologia, o que pode ter impactado na baixa adequação em 48 horas e taxa elevada de letalidade.