Escolas públicas e particulares nas páginas do jornal O Sertanejo, de Barretos/SP: história da educação pela imprensa local (1900-1912)
Data
2023-04-20
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Este trabalho investiga a educação e a escolarização públicas e particulares em Barretos/SP, noticiadas, anunciadas e veiculadas nas páginas da imprensa local, O Sertanejo (1900-1912), jornal fundado pelos irmãos italianos, Luigi Enrico e Carlo Filippi. Trata-se de uma pesquisa em História da Educação, com o objetivo de analisar este impresso nas suas informações, anúncios, entretenimentos e instruções referentes à educação. O corpus documental é com-posto pelO Sertanejo como fonte central e objeto de estudo e as demais fontes impressas e manuscritas como complementares. Os procedimentos de pesquisa ocorreram em leituras e releituras na íntegra da fonte central e os dados analisados sob o conceito de ciclo de vida, destinado a informar sobre o conteúdo do impresso, registrando a sua existência, classifican-do-o e organizando as publicações sobre educação. Na ausência do poder público, as iniciati-vas particulares foram pioneiras na escolarização das crianças barretenses, em meados do sécu-lo XIX, seguidas de maçons e o seu ideário de uma educação liberal e laica, até a criação das escolas públicas e posterior instalação do 1º grupo escolar. Quem sabia ler e escrever era procu-rado para ensinar, independente de suas condições físicas ou psicológicas. Os professores ti-nham níveis de formação diferentes, desde normalistas a professores com problemas sérios de conhecimentos escolares. As condições de trabalho docente e a falta de pagamento aos profes-sores públicos e particulares eram precárias e impactaram o trabalho docente. A tese analisa as tipologias escolares e as múltiplas e diferentes iniciativas de pensar a escola e a escolarização veiculadas nO Sertanejo: a escola de primeiras letras, a escola maternal (Anália Franco), a es-cola anarquista, a escola italiana, os colégios (internatos, externatos e mistos), os ateneus, as escolas municipais, as escolas provisórias, preliminares, intermédias, isoladas, ambulantes, complementares, reunidas, normais, modelos, graduadas (grupos escolares), com destaque para o aproveitamento escolar do sexo feminino em relação ao sexo masculino revelado nos exa-mes. A igreja católica ou a protestante não ofereceu educação escolar à população neste perío-do. Ao retardar a escolarização em Barretos, a política educacional do Estado de São Paulo da Primeira República contribuiu para manter o analfabetismo no município, que necessitava de política educacional para atender a infância em idade escolar e os interesses da indústria pasto-ril e do comércio. Apenas o discurso das escolas luminosas, dos templos do saber, da educação pelo voto e pela escola, não foi suficiente para atender a demanda por escolas para as crianças e por aulas noturnas para os adultos. Há um discurso político e educacional paulista de pro-gresso regenerador, moral, material e sanitário para atingir pela educação todo o sistema de trabalho. O Sertanejo denuncia o descompasso de entendimento das escolas como elemento central para a manutenção da República e de progresso que demora a chegar ao município de Barretos e evidencia o descaso do poder público com a escola e a escolarização. Há um enten-dimento de que a educação parte dos grandes centros urbanos em relação ao interior, como a capital paulista, que não chega aos municípios com a mesma velocidade. A imprensa local foi uma força política, instrutiva e significou o início da organização e de sistematização historio-gráfica da educação e da escolarização de Barretos/SP.
Descrição
Citação
CRUZ, José Ildon Gonçalves da.Escolas públicas e particulares nas páginas do jornal O Sertanejo, de Barretos/SP: história da educação pela imprensa local (1900-1912). 465f. Tese (doutorado em Educação) – Universidade Federal de São Paulo, Escola de Filosofia, Letras e Humanas, Guarulhos, 2023.