Da interpretação do eterno retorno do mesmo de Nietzsche como antidoutrina
Data
2021
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Werner Stegmaier’s proposed interpretation of Nietzsche’s thought of eternal recurrence of the same as anti-doctrine is debated here. Though clearly viable, limiting the role of the thought of eternal recurrence to be such, there’s a risk of weakening that which seems to be its most pressing feature: the question concerning the reaction to the prospect of the eternal repetition of existence such as it has been experienced, diminishing the potency of what Nietzsche saw as most terrifying, most weighing, but also most proficuous in it. Furthermore, it is possible to understand the thought of recurrence as anti-doctrine, and harvest the fruits of it, amongst which the critique to metaphysics, so dear to Stegmaier, without the need of any paradoxalizing deadlock seen by him – deadlocks which, besides deviating the focus from its question, block that which it brings beyond the critique of metaphysics, as an attempt unshackled from the restraining concern with metaphysics, with the dynamics set by it and with the necessity of opposing it and this dynamic. In putting all of the celebrated Nietzschean concepts aligned as anti-doctrines, and having the same final goals in so being, there’s a risk of equating them, going against what is preached by the philosophy of which they are part. Saying they also go through this concern, that they also serve this purpose seems accurate – especially in a philosophy warning itself to be paved by this concern, this demolition of certainties being its first level, suspicions its entrance door. Caution is advised, however, so that, eager to bring out this quality of it, which is found in each of its commas, we do not limit its reach to that, neither its capability of descrying beyond that.
Debate-se aqui a interpretação proposta por Werner Stegmaier do pensamento do eterno retorno do mesmo de Nietzsche como antidoutrina. Ainda que claramente viável, limitando a ela o papel do pensamento do retorno, corre-se o risco de enfraquecer aquilo que parece ser o que de mais premente ele traz consigo: a pergunta pela reação ao prospecto da repetição eterna da existência tal como se a viveu, minando a potência do que Nietzsche viu nela de mais aterrorizante, de mais pesaroso, mas também de mais profícuo. Ademais, é possível entender o pensamento do retorno como antidoutrina, e colher os frutos disso, dentre os quais a crítica à metafísica, cara a Stegmaier, sem a necessidade de qualquer dos impasses paradoxalizantes vistos por ele – impasses que, além de desviar o foco de sua pergunta, bloqueiam o que este pensamento traz para além da crítica da metafísica, como tentativa de incursão desvencilhada da preocupação com a metafísica, com a dinâmica posta por ela e da necessidade de se opor a ela em tal dinâmica. Ao colocar todos os célebres conceitos nietzscheanos alinhados como antidoutrinas, e nisso tendo o mesmo objetivo final, corre-se o risco de equacioná-los, indo contra o que prega a filosofia da qual são partícipes. Dizer que eles passam também por essa preocupação, que se prestam também a isso parece ser bem acertado – sobretudo em uma filosofia que se avisa calcada nesta preocupação, sendo esta demolição de certezas e suspeitas o seu primeiro nível, sua porta de entrada. Há de se ter cautela, entretanto, para que, na ânsia de trazer à tona esta sua qualidade, encontrada em cada uma de suas vírgulas, não se limite seu alcance a ela, nem sua capacidade de divisar para além dela.
Debate-se aqui a interpretação proposta por Werner Stegmaier do pensamento do eterno retorno do mesmo de Nietzsche como antidoutrina. Ainda que claramente viável, limitando a ela o papel do pensamento do retorno, corre-se o risco de enfraquecer aquilo que parece ser o que de mais premente ele traz consigo: a pergunta pela reação ao prospecto da repetição eterna da existência tal como se a viveu, minando a potência do que Nietzsche viu nela de mais aterrorizante, de mais pesaroso, mas também de mais profícuo. Ademais, é possível entender o pensamento do retorno como antidoutrina, e colher os frutos disso, dentre os quais a crítica à metafísica, cara a Stegmaier, sem a necessidade de qualquer dos impasses paradoxalizantes vistos por ele – impasses que, além de desviar o foco de sua pergunta, bloqueiam o que este pensamento traz para além da crítica da metafísica, como tentativa de incursão desvencilhada da preocupação com a metafísica, com a dinâmica posta por ela e da necessidade de se opor a ela em tal dinâmica. Ao colocar todos os célebres conceitos nietzscheanos alinhados como antidoutrinas, e nisso tendo o mesmo objetivo final, corre-se o risco de equacioná-los, indo contra o que prega a filosofia da qual são partícipes. Dizer que eles passam também por essa preocupação, que se prestam também a isso parece ser bem acertado – sobretudo em uma filosofia que se avisa calcada nesta preocupação, sendo esta demolição de certezas e suspeitas o seu primeiro nível, sua porta de entrada. Há de se ter cautela, entretanto, para que, na ânsia de trazer à tona esta sua qualidade, encontrada em cada uma de suas vírgulas, não se limite seu alcance a ela, nem sua capacidade de divisar para além dela.