A fogueira, o cachimbo e a escola: sentidos e significados de escolarização para famílias de uma aldeia Guarani Mbya
Data
2021
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
The schooling processes of Brazilian Indians in recent decades have aroused the interest of many researchers in the field of education. Such interest is substantially due to the search for subsidies capable of providing knowledge about school in the life of this population, from the establishment of regular schools in villages of different ethnicities, an achievement resulting from the persevering action of the indigenous movement. Based on L.S.'s historicalcultural theory Vygotsky, the research, through the ethnographic approach and participant observation, analyzed the senses and meanings attributed to the school by families and by a school community in a Guarani village. The analysis of the data revealed that the research participants have varied perspectives regarding the expected results with the schooling of children and youth in the village, keeping, however, as a meaning, that this is one of the tools they have to overcome the barriers imposed by non-society. indigenous, to the extent that it enables the strengthening of indigenous identity and the removal of prejudices suffered in non-indigenous schools, becoming a protection to the constant use of their language and cultural habits. At the same time, schooling also appears with the community as a guarantee of qualification that can ensure regular access to paid jobs within and outside the village. The meaning given to the school is that it is a way of strengthening orality in the mother tongue and in the national language, thus enabling its arguments to be heard and understood. In short, for the indigenous people, the critical and conscious use of white culture is a path that allows them to enlarge and renew their own culture within a decolonial perspective.
Os processos de escolarização de indígenas brasileiros nas últimas décadas têm despertado o interesse de muitos pesquisadores do campo da educação. Tal interesse se dá substancialmente pela busca de subsídios capazes de fornecer conhecimentos acerca da escola na vida dessa população, a partir da implantação de escolas regulares em aldeias de diversas etnias, uma conquista resultante da ação perseverante do movimento indígena. Fundamentada na teoria histórico-cultural de L.S. Vygotsky, a pesquisa, por meio da abordagem etnográfica e da observação participante, analisou os sentidos e significados atribuídos à escola por famílias e por uma comunidade escolar de uma aldeia Guarani. A análise dos dados revelou que os participantes da pesquisa têm perspectivas variadas quanto aos resultados esperados com a escolarização de crianças e jovens da aldeia, guardando, porém, como significado, que essa é uma das ferramentas de que dispõem para superar as barreiras impostas pela sociedade não indígena, na medida em que possibilita o fortalecimento da identidade indígena e o afastamento dos preconceitos sofridos nas escolas não indígenas, tornando-se uma proteção ao uso constante de sua língua e de seus hábitos culturais. Ao mesmo tempo, a escolarização também se configura junto à comunidade como uma garantia de diplomação que possa assegurar a regularidade no acesso a trabalhos assalariados dentro e fora da aldeia. O sentido dado à escola é que ela seja um caminho de fortalecimento da oralidade na língua materna e na língua nacional, propiciando, dessa forma, que seus argumentos sejam ouvidos e compreendidos. Em suma, para os indígenas, o uso crítico e consciente da cultura do branco é uma via que permite engrandecer e renovar sua própria cultura dentro de uma perspectiva decolonial.
Os processos de escolarização de indígenas brasileiros nas últimas décadas têm despertado o interesse de muitos pesquisadores do campo da educação. Tal interesse se dá substancialmente pela busca de subsídios capazes de fornecer conhecimentos acerca da escola na vida dessa população, a partir da implantação de escolas regulares em aldeias de diversas etnias, uma conquista resultante da ação perseverante do movimento indígena. Fundamentada na teoria histórico-cultural de L.S. Vygotsky, a pesquisa, por meio da abordagem etnográfica e da observação participante, analisou os sentidos e significados atribuídos à escola por famílias e por uma comunidade escolar de uma aldeia Guarani. A análise dos dados revelou que os participantes da pesquisa têm perspectivas variadas quanto aos resultados esperados com a escolarização de crianças e jovens da aldeia, guardando, porém, como significado, que essa é uma das ferramentas de que dispõem para superar as barreiras impostas pela sociedade não indígena, na medida em que possibilita o fortalecimento da identidade indígena e o afastamento dos preconceitos sofridos nas escolas não indígenas, tornando-se uma proteção ao uso constante de sua língua e de seus hábitos culturais. Ao mesmo tempo, a escolarização também se configura junto à comunidade como uma garantia de diplomação que possa assegurar a regularidade no acesso a trabalhos assalariados dentro e fora da aldeia. O sentido dado à escola é que ela seja um caminho de fortalecimento da oralidade na língua materna e na língua nacional, propiciando, dessa forma, que seus argumentos sejam ouvidos e compreendidos. Em suma, para os indígenas, o uso crítico e consciente da cultura do branco é uma via que permite engrandecer e renovar sua própria cultura dentro de uma perspectiva decolonial.