Duração do aleitamento materno e seu impacto sobre a variação da massa corporal materna durante o primeiro ano de vida de crianças pertencentes a uma coorte de nascimentos
Data
2021
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Introduction: Despite the efforts and actions to promote breastfeeding (BF), in Brazil, the estimates on its duration (exclusive and total) remains below the recommended by the World Health Organization, with gaps regarding regional, economic, social, cultural and behavioral determinants of early interruption. Furthermore, although the benefits of breastfeeding in women’s health are widely recognized, its role in post-pregnancy weight control and/or loss is not consensual in the literature, indicating the need for more studies to better understand this complex interaction. Objectives: this dissertation, consisting of two scientific papers aimed to analyze the BF duration and determinants and its impact on the variation of maternal body mass during the first year of life of children belonging to a cohort of live births in Rio Largo, Alagoas. Methods: we used data from the birth cohort “Child Health, Feeding, Nutrition and Development – HFND: a cohort study”, carried out in Rio Largo, AL., composed of children born between February and August 2017 in the only maternity in the city. Socio-demographic, economic, anthropometric and food consumption information, from mother and child, were collected at birth (up to 24 hours post-childbirth), at 3, 6 and 12 months of the child. The considered dependent variables were: (paper 1) duration of EBF and BF, analyzed by Kaplan-Meier survival curves and the risk factors for early weaning through Cox proportional hazards model and; (paper 2) maternal body mass index variation twelve months post-childbirth, the effect of BF duration (≤60/>60days) on this variation was analyzed by linear mixed-effect models. Results: the low duration of EBF and BF was evidenced, with an average of 30 (15-60) and 330 (91-365) days, respectively. The low maternal schooling (HR:1.40 [95%IC:1.04-1.87]) and cesarean section births (HR:1.41 [95%IC:1.04-1.90]) were the risk factors for early EBF weaning, while the use of pacifier (HR:2.37 [95%IC:1.62-3.48]) and child consumption, before the third month, of meals with added salt and sugar (HR:1.63 [95%IC:1.12-2.38]) composed the factors for early BF interruption. Furthermore, in the second study, the results indicate that, in the baseline, the difference between BMI measures, according to BF duration, was 1.37 kg/m² (p=0.146). Breastfeeding for a longer time had a more pronounced effect on lowering BMI at three months. Throughout the analyzed period, the BMI of women who breastfed for more than 60 days went from 26.54 kg/m² (95%IC: 25.78-27.29) to 24.49 kg/m² (95%IC: 23.73-25.25). Conclusions: BF duration was below the international recommendations, identifying risk factor sensible to change with intervention strategies in the different health attention levels. Additionally, it was observed that BF for longer was significantly associated with reduction in maternal BMI twelve months after childbirth, which reinforces the importance of this practice for mother-child health, specially in contexts of high social vulnerability.
Introdução: Apesar dos reconhecidos esforços e ações voltadas para promoção do aleitamento materno (AM), no Brasil as estimativas sobre sua duração (exclusivo e total) ainda se mantem abaixo das recomendações da Organização Mundial de Saúde, persistindo lacunas sobre os determinantes da sua interrupção precoce, com presença de regionalidades nos condicionantes econômicos, sociais, culturais e comportamentais relacionadas. Ademais, embora os benefícios do AM para a saúde da mulher sejam amplamente reconhecidos, seu papel no controle e/ou perda de peso pós-gestacional não é consensual na literatura, indicando a necessidade de mais estudos para melhor compreensão dessa complexa interação. Objetivos: esta tese, integrada por dois artigos científicos, objetivou analisar a duração e determinantes do AM e seu impacto sobre a variação da massa corporal materna durante o primeiro ano de vida de crianças pertencentes a uma coorte de nascidos vivos de Rio Largo, Alagoas. Métodos: foram utilizados dados da coorte de nascidos vivos “Saúde, Alimentação, Nutrição e Desenvolvimento Infantil - SAND: um estudo de coorte”, realizada em Rio Largo, AL., integrada por crianças nascidas entre fevereiro e agosto de 2017 na única maternidade do município. Foram coletadas informações sociodemográficas, econômicas, antropométricas e de consumo alimentar, maternas e infantis, no nascimento (até 24 horas pós-parto), aos 3, 6 e 12 meses de vida da criança. Foram consideradas como variáveis dependentes: (artigo 1) tempo de duração do AME e AM, analisado por curvas de sobrevida de Kaplan-Meier e os fatores de risco para o desmame precoce por meio do modelo de riscos proporcionais de Cox e; (artigo 2) variação do índice de massa corporal materno doze meses pós-parto, sendo o efeito da duração do AM (≤60/>60dias) sobre essa variação analisado por modelos lineares de efeitos mistos. Resultados: Foi evidenciada a baixa duração do AME e AM com mediana de 30 (15-60) e 330 (91-365) dias, respectivamente. A baixa escolaridade materna (HR:1,40 [95%IC:1,04-1,87]) e o parto cesáreo (HR:1,41 [95%IC:1,04-1,90]) foram os fatores de risco para o desmame precoce do AME, enquanto que o uso de chupeta (HR:2,37 [95%IC:1,62-3,48]) e o consumo infantil antes do 3º mês de refeições com sal e açúcar de adição (HR:1,63 [95%IC:1,12-2,38]) compuseram os fatores para interrupção precoce do AM. Ademais, no segundo estudo os resultados indicaram que no baseline, a diferença entre as médias de IMC, segundo a duração do AM, foi 1,37 kg/m² (p=0,146). A amamentação por mais tempo teve um efeito mais acentuado sobre a redução de IMC aos três meses. Ao longo do período analisado, o IMC das mulheres que amamentaram por tempo superior a 60 dias passou de 26,54 kg/m² (95%IC: 25,78-27,29) para 24,49 kg/m² (95%IC: 23,73-25,25). Conclusões: a duração do AM apresentou-se muito aquém das recomendações internacionais, sendo identificados fatores de risco sensíveis de modificações com estratégias de intervenção nos diferentes níveis de atenção à saúde. Adicionalmente, observou-se que o AM por maior tempo esteve associado significativamente à redução do IMC materno doze meses pós-parto, o que reforça a importância dessa prática em prol da saúde materno-infantil, especialmente em contextos de elevada vulnerabilidade social.
Introdução: Apesar dos reconhecidos esforços e ações voltadas para promoção do aleitamento materno (AM), no Brasil as estimativas sobre sua duração (exclusivo e total) ainda se mantem abaixo das recomendações da Organização Mundial de Saúde, persistindo lacunas sobre os determinantes da sua interrupção precoce, com presença de regionalidades nos condicionantes econômicos, sociais, culturais e comportamentais relacionadas. Ademais, embora os benefícios do AM para a saúde da mulher sejam amplamente reconhecidos, seu papel no controle e/ou perda de peso pós-gestacional não é consensual na literatura, indicando a necessidade de mais estudos para melhor compreensão dessa complexa interação. Objetivos: esta tese, integrada por dois artigos científicos, objetivou analisar a duração e determinantes do AM e seu impacto sobre a variação da massa corporal materna durante o primeiro ano de vida de crianças pertencentes a uma coorte de nascidos vivos de Rio Largo, Alagoas. Métodos: foram utilizados dados da coorte de nascidos vivos “Saúde, Alimentação, Nutrição e Desenvolvimento Infantil - SAND: um estudo de coorte”, realizada em Rio Largo, AL., integrada por crianças nascidas entre fevereiro e agosto de 2017 na única maternidade do município. Foram coletadas informações sociodemográficas, econômicas, antropométricas e de consumo alimentar, maternas e infantis, no nascimento (até 24 horas pós-parto), aos 3, 6 e 12 meses de vida da criança. Foram consideradas como variáveis dependentes: (artigo 1) tempo de duração do AME e AM, analisado por curvas de sobrevida de Kaplan-Meier e os fatores de risco para o desmame precoce por meio do modelo de riscos proporcionais de Cox e; (artigo 2) variação do índice de massa corporal materno doze meses pós-parto, sendo o efeito da duração do AM (≤60/>60dias) sobre essa variação analisado por modelos lineares de efeitos mistos. Resultados: Foi evidenciada a baixa duração do AME e AM com mediana de 30 (15-60) e 330 (91-365) dias, respectivamente. A baixa escolaridade materna (HR:1,40 [95%IC:1,04-1,87]) e o parto cesáreo (HR:1,41 [95%IC:1,04-1,90]) foram os fatores de risco para o desmame precoce do AME, enquanto que o uso de chupeta (HR:2,37 [95%IC:1,62-3,48]) e o consumo infantil antes do 3º mês de refeições com sal e açúcar de adição (HR:1,63 [95%IC:1,12-2,38]) compuseram os fatores para interrupção precoce do AM. Ademais, no segundo estudo os resultados indicaram que no baseline, a diferença entre as médias de IMC, segundo a duração do AM, foi 1,37 kg/m² (p=0,146). A amamentação por mais tempo teve um efeito mais acentuado sobre a redução de IMC aos três meses. Ao longo do período analisado, o IMC das mulheres que amamentaram por tempo superior a 60 dias passou de 26,54 kg/m² (95%IC: 25,78-27,29) para 24,49 kg/m² (95%IC: 23,73-25,25). Conclusões: a duração do AM apresentou-se muito aquém das recomendações internacionais, sendo identificados fatores de risco sensíveis de modificações com estratégias de intervenção nos diferentes níveis de atenção à saúde. Adicionalmente, observou-se que o AM por maior tempo esteve associado significativamente à redução do IMC materno doze meses pós-parto, o que reforça a importância dessa prática em prol da saúde materno-infantil, especialmente em contextos de elevada vulnerabilidade social.