Corpo, Intimidade e Câmera: Uma análise sobre o significado da tortura na produção audiovisual brasileira recente

Data
2010
Tipo
Trabalho de conclusão de curso
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Resumo
This study will focus on three recent audiovisual productions – 15 filhos, Que bom te ver viva and Vlado: 30 anos depois – and investigate the different ways these works approached torture mechanisms that took place in Brazil during the military period. The various aesthetic elements present in these productions, such as for example camera framing, narrative rhythms, camera movements, articulation between image and sound (including dialogues), will be analyzed so to enhance the sociological aspects brought about by the three productions. In this sense, the centre of the analysis will be on the issues that surround the torture accounts, as, by and large, these accounts relate not only to a lived past, but to memory fragments that are strengthened each time the past is revisited by the present. This work will focus on the possible meanings that the practice of torture acquired within the accounts of the tortured, and not on the study of torture during the Brazilian military period. For such, it is essential to understand the way torture was experienced, and to bring the marks that may have been left on the body and memory of the tortured (or their friends and family) onto the foreground – the same people who also face legal efforts to let these marks be forgotten. By approaching the expression resources present in the audiovisual to the social and political dimensions of torture displaces, therefore, the concern for legal aspects involved in these issues, and replaces them by an analysis on how people were affected in what they have of more touchable: their bodies, their intimacy.
Este trabalho utiliza três produções audiovisuais recentes como objeto de pesquisa – 15 filhos, Que bom te ver viva e Vlado: 30 anos depois – com o intuito de estudar as formas como estas obras enfocaram os mecanismos de tortura no Brasil durante o período militar. A ideia é trabalhar os vários elementos estéticos presentes nessas produções — como, por exemplo, enquadramentos, ritmo da narrativa, movimentos de câmera e a articulação entre imagem e sons (inclusive diálogos) — buscando, assim, destacar os aspectos sociológicos trazidos à tona pelos três filmes. Nesse sentido, o centro da análise girará em torno da questão que mobiliza os depoimentos sobre a tortura, pois, em grande medida, tais depoimentos tratam não apenas de um passado vivido, mas de fragmentos de memória que ganham força quanto mais o passado é revisitado pelo presente. O objetivo deste trabalho não é estudar a tortura ocorrida durante a ditadura militar no Brasil, mas analisar os possíveis significados que essa prática adquiriu no depoimento das pessoas que a sofreram. Para tanto, é essencial estudar o modo como a tortura foi vivenciada por elas, trazendo para o primeiro plano as marcas que porventura tenham ficado no corpo e na memória dos torturados (ou na dos seus amigos e parentes). O trabalho de aproximação entre os recursos de expressão presentes no audiovisual e a dimensão social e política da questão da tortura, que envolve a luta entre a memória e o esquecimento acerca do passado recente do Brasil, é uma tentativa de compreender, por uma via diferente, o modo como as pessoas foram afetadas pela tortura naquilo que possuem de mais intocável: o seu corpo, a sua intimidade.
Descrição
Citação
GONÇALVES, Gabriela Peters Cremasco. Corpo, Intimidade e Câmera: Uma análise sobre o significado da tortura na produção audiovisual brasileira recente. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Ciências Sociais) – Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Guarulhos, 2010.