Insegurança alimentar em comunidades em situação de vulnerabilidade social durante a pandemia Covid-19
Data
2022-11-21
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Objetivo: Avaliar a prevalência de insegurança alimentar em famílias moradoras de
comunidades em situação de vulnerabilidade social frente ao isolamento social exigido
durante a pandemia de COVID-19. Metodologia: Foi conduzido estudo de coorte em
duas comunidades da cidade de São Paulo, Heliópolis e Vila São José, entre abril 2020
e abril de 2021, com avaliações semestrais entre elas. Por telefone, avaliou-se a
insegurança alimentar utilizando-se a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA).
Foram calculadas as razões de prevalências para identificar os fatores associados à
insegurança alimentar e a sua persistência. Resultados: Em abril de 2020, na linha de
base, foram entrevistados 909 chefes de famílias, cujos contatos foram obtidos junto aos
líderes comunitários. A maioria dos domicílios é chefiada por mulheres (88%), jovens em
profissões de baixa qualificação e 98% dos domicílios com crianças. Um quinto recebe
Bolsa Família. Aproximadamente metade encontra-se em insegurança alimentar.
Fatores associados à insegurança alimentar foram: baixa renda, ser beneficiário do Bolsa
Família, baixo nível de escolaridade do chefe de família e não ter criança no domicílio.
Após intervalo de seis meses, 424 responderam à segunda entrevista. Observou-se
aumento na cobertura do auxílio social, mas a renda per capita reduziu no período. Um
ano após, 302 chefes de família responderam a entrevista nos três momentos. Destes,
33% sempre se encontraram em insegurança alimentar e 46% estavam em insegurança
alimentar em algum momento do estudo. Os fatores associados à persistência da
insegurança alimentar foi a baixa renda [RP ajustada (IC95%) = 1·62 (95%CI:1·17-2·24)]
independente da escolaridade. Domicílios que sempre se encontraram em insegurança
alimentar apresentaram maior prevalência de dificuldade de comprar botijão de gás [PR
ajustada=2·54 (95%CI:1·78-3·62)], álcool em gel [PR ajustada=5·67 (95%CI:83·24-
9·91)] e produtos básicos de higiene [PRajustada=4·08 (95%CI:2·49-6·68)] ajustada por
escolaridade. Conclusão: A prevalência de IA foi elevada em comunidades em
vulnerabilidade social, mostrando que a pandemia de COVID-19 impactou fatores
essenciais para a manutenção da saúde. A garantia de alimentos em quantidade e com
regularidade, sem comprometer o acesso aos outros itens de necessidades básicas
precisam ser garantidos.