Paulo Freire : 100 anos de práxis libertadora : volume II
Data
2022
Tipo
Livro
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Resumo
Este livro é o segundo volume que realiza o registro e a memória das
narrativas compartilhadas na série de eventos organizados pela Unifesp,
durante o ano de centenário de Paulo Freire, um dos maiores filósofos da
educação. Assim, as escritas que compõem este livro, configuram-se como
expressão concreta que, em tempos de retrocesso político e social, o trabalho
transformador de educadores/as e pensadores/as, que se inspiram na práxis
libertadora de Paulo Freire, continuam vibrantes e radiantes. A multiplicidade
das áreas de conhecimento que renova, atualiza e reinventa o pensamento
freiriano e a diversidade de possibilidades que a compreensão da pedagogia
crítica promove surgem nos textos que fazem parte deste volume.
As narrativas estão organizadas em cinco seções que se articulam e
traduzem os diversos sujeitos e grupos que participaram de sua construção,
fruto das reflexões promovidas em Conferências, Mesas-Redondas, Experiências Culturais, Círculos de Cultura, Ciclos de Debate e Café com Paulo Freire,
no cenário do evento “Paulo Freire: 100 anos de práxis libertadora”.
Na primeira seção, intitulada “Educação Popular e Direitos Humanos: por
entre as lentes freireanas da emancipação”, Maria Amélia de Almeida Telesabre
as discussões com o capítulo Educação Popular Feminista em direitos: uma experiência de 27 anos! Ela reflete a atuação das feministas da União de Mulheres de São Paulo e do Grupo Thêmis do Rio Grande do Sul, que implementaram o projeto
Promotoras Legais Populares, após um Seminário Latino Americano e Caribenho, realizado em 1992, com a participação de advogadas feministas de toda a
região. No segundo texto desta seção, Francisca Rodrigues de Oliveira Pini problematiza a Educação Popular e a extensão universitária: um encontro com a teoria
do conhecimento de Paulo Freire na atualidade. Nele, ela apresenta a educação
emancipadora como o fio condutor da educação popular, o que significa a
adoção desse referencial para a socialização e formação das pessoas, por meio
da práxis político-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem.
Na segunda seção, “A teoria de Paulo Freire nas diferentes áreas do
conhecimento: ressonâncias”, os/as autores/as Anderson Fernandes de Alencar,
Elane Silvino da Silva, Maria Aline da Silva e Maria Isa Basto Ferreira, com o
texto Revisitando o legado do educador Paulo Freire: olhares para as tecnologias da
informação e comunicação e para formação de professores, fazem um resgate de sua
memória a partir do levantamento de materiais de Freire na web, pouco divulgados, apresentado em vários suportes como o imagético, audiovisual e textual.
Além disso, realizam uma pesquisa temática nesses materiais, pouco usuais,
disponíveis em seu acervo digital, analisando suas falas sob o olhar de duas
temáticas: a tecnologia da informação e comunicação, e a educação à distância, bem como a formação de professores(as). No segundo texto desta seção,
Paulo Freire nos ensina a olhar, os autores Dinho Lima Flor e Rodrigo Mercadante,
por meio do teatro, nos instigam ao exercício de um olhar sempre renovado,
vivo e curioso diante da boniteza da diferença e da singularidade. No terceiro
texto da seção, o autor João do Prado Ferraz de Carvalho, reflete o Conhecimento
histórico escolar e leituras freireanas: usos, aproximações, inspirações e nos convoca a
leituras e aproximações em relação à obra de Freire e as áreas do conhecimento,
buscando nexos e implicações por leituras que tragam a concepção de história e
de educação crítica. A seção se encerra com o texto intitulado Bordaduras Freireanas: proposições para a educação, no qual a autora Ivete Souza da Silva faz reflexões
sobre a educação com base na ideia das palavras geradoras de Paulo Freire.
Na terceira seção do livro, “Paulo Freire e a educação como práxis: lutas,
resistências e criações transformadoras”, o autor Rafael Domingues da Silva
apresenta o texto Paulo Freire e Amílcar Cabral: a denúncia da exploração colonialista e o anuncio da educação descolonizada na Guiné-Bissau, África nos anos 1970,
que traz a memória histórica do período do exílio em Genebra, Suíça, e a
atuação de Paulo Freire no Instituto de Ação Cultural (IDAC) e no Conselho
Mundial de Igrejas, quando vivenciou experiências na área de Educação
do governo da Guiné-Bissau, África. No segundo texto, as autoras Cristiane Carvalhais Regis e Luci Aparecida Guidio Godinho apresentam os CECI -
Centros de Educação e Cultura Indígena: os ensinamentos de bebês e crianças sobre
inacabamento e participação e trazem os ensinamentos de Paulo Freire, além
da presença da mulher indígena e a participação das crianças e das infâncias
guarani de Parelheiros, na construção do Projeto Político Pedagógico, que se
constitui do diálogo que procura legitimar as demandas, desejos, necessidades e interesses das aldeias Kurukutu e Tenondé Porã. As autoras Amanda
Martins Amaro e Merci Rodrigues Medeiros tratam da pedagogia libertadora de Paulo Freire como referência da prática desenvolvida nos projetos do
CIEJA Itaquera desde o ano de 2013, no texto intitulado Paulo Freire, inspiração constante no labor do CIEJA Itaquera. Na sequência, outro texto Relato CIEJA
Itaquera: sarau soltando as vozes negras dá continuidade ao texto anterior com
o relato de experiência sobre o Sarau do CIEJA, de autoria de Bárbara Dias
Lazo Neves, Daini Minutti, Merci Rodrigues Medeiros, Roseli Gomes Santana
e Tatiana Cardoso Leal dos Santos Naves. O quinto e último texto intitulado
Pensamento crítico e autonomia estudantil nos espaços escolares, de autoria de
Nycole Botelho dos Santos, relata práticas de educação libertadora tanto no
âmbito das manifestações culturais vivenciadas na escola quanto no âmbito
das organizações estudantis com ricas vivências de autonomia e coletividade.
A quarta seção, intitulada “Paulo Freire e a Cultura do Diálogo: vozes e
seus ecos”, inicia com a autora Márcia Aparecida Jacomini, tendo como texto:
Diálogos entre Paulo Freire e Antonio Gramsci, no qual ela reflete a produção teórica
e a prática freiriana marcadas pelo pensamento marxista. Dentro do espectro
que compõe o marxismo, ela analisou a influência do historicismo dialético de
Gramsci na obra de Paulo Freire. No segundo texto da mesma seção, as autoras
Geane Carneiro Santos Vieira e Lucila Pesce analisam o Dialogismo e Empoderamento na Formação Docente Continuada In Loco, o qual é parte constitutiva da
dissertação de mestrado, pautado no estudo de caso de uma formação docente
continuada e em serviço (in loco), em uma escola da rede municipal de educação
de São Paulo, para o uso pedagógico das tecnologias digitais de informação e
comunicação (TDIC). O último texto da seção, da autora Sonia Couto Feitosa,
intitulado As práticas de leitura e escrita para crianças, jovens e adultos, em diálogo com
a metodologia freiriana, ela enfatiza que a concepção de alfabetização ultrapassa
a ideia de que esse processo se reduz a uma técnica de decodificação. Estar
alfabetizado implica conhecer a linguagem nos diferentes sentidos que essa
possa assumir nos diversos textos e contextos da vida humana. Essa construção
coletiva e pessoal passa a ser concebida como capacidade de compreender e
comunicar o mundo e as próprias ideias por diversos meios e códigos. A quinta seção contempla cinco textos que abordam sob diferentes
experiências vivenciadas pelos/as autores/as a “Arte, cultura e educação como
práxis libertadora: tecendo novas possibilidades de vida”. O primeiro texto
Arte e cultura como educação popular nas periferias urbanas, de autoria de Tiaraju
Pablo D’Andrea aborda a arte e cultura nos contextos urbanos periféricos
orientando-se pelas ideias presentes na teoria de conhecimento de Paulo
Freire. A autora Simone Carleto escreve Poéticas de (e para) Paulo Freire: construções colaborativas de conhecimento e leitura(s) do mundo, texto no qual indica
os Movimentos Populares de Cultura e dos Centros Populares de Cultura
como inspiradores da práxis freiriana na arte. O terceiro texto apresenta o
Hip Hop como prática da liberdade, nele a autora, Maria Luiza Meneses, traz
reflexões e relatos de experiências a partir dos elementos que compõem o
movimento: graffiti, MC, break e DJ. Ana Fonseca, no texto Escrevivendo nossa
prática, relata a vivência do Coletivo Perifatividade e destaca que a pedagogia de Paulo Freire está viva, sobretudo na periferia das cidades, por meio de
iniciativas como os coletivos de saraus, hip-hop e teatro. No quinto e último
texto desta seção Paulo Freire na Amazônia: em busca de performances de alfabetização intercultural libertadora, por meio de poemas dialógicos comunitários,
como expõe o autor Dan Baron, contextualiza os doze anos do Projeto Rios
de Encontro, enraizado na comunidade pescadora afro-indígena de Cabelo
Seco, bairro matriz de Marabá, aonde o Rio Itacaiúnas e o Rio Tocantins se
encontram na região Sul e Sudeste do Pará na Amazônia Brasileira.
A sexta seção Programação reúne o conjunto de atividades que foram
desenvolvidas ao longo do ano de 2021. A última seção da obra Agradecimentos destaca o reconhecimento da comissão organizadora a todos aqueles e a
todas aquelas que se envolveram e cooperaram para que o evento acontecesse.
Por entre narrativas, seções, conexões e amplificações do que foi
vivido e experimentado no evento “Paulo Freire: 100 anos de práxis libertadora”, reconhecemos o lugar da gratidão, da partilha dialógica, do desejo
de fomentar trocas e invenções coletivas, da intencionalidade de resistir e
de esperançar. Sigamos para a leitura deste e-book. Sigamos para e na (im)
permanente aposta na vida justa, digna, solidária e libertadora.