Sobrevida de pacientes com lesões traumáticas decorrentes de acidente de trânsito após instituição da linha de cuidado ao trauma
Data
2022-02-24
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Objetivos: Analisar a mortalidade hospitalar de pacientes de acidente de trânsito após a implantação da Linha de Cuidado ao Trauma (LCT) em hospital municipal do Estado de São Paulo, considerando idade, sexo, tipo de acidente de trânsito, tempo de internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e hospitalar, tipo de saída da UTI e hospitalar, gravidade da lesão e do trauma, ocorrência de complicações e reinternações; comparar a curva de sobrevivência e verificar fatores de risco para óbito considerando a gravidade do trauma e presença de lesão na região da cabeça. Método: Estudo observacional retrospectivo para análise da mortalidade hospitalar de pacientes de acidentes de trânsito. Dados demográficos, do acidente de trânsito, da hospitalização e da gravidade da lesão e do trauma foram definidos como variáveis independentes e o óbito como variável dependente. Variáveis categóricas foram analisadas aplicando-se o teste qui-quadrado ou exato de Fisher. A sobrevida foi analisada utilizando-se método de Kaplan-Meier e o risco de óbito por meio do modelo de regressão de COX, observando-se nível de significância estatística de 5% e intervalo de confiança de 95%. Resultados: A amostra de 2015 foi constituída com 327 pacientes internados e a de 2017 com 376. Comparadas as amostras, verificou-se que, em 2015, foi estatisticamente mais elevada a frequência de acidentes motociclísticos (58,8%), de procedentes direto da cena (87,2%), dos encaminhados pelos serviços de atendimento pré-hospitalar (91,1%), do atendimento na sala de emergência no período noturno (48,0%), de encaminhamentos ao centro cirúrgico (41%), de complicações intra-hospitalares (24,5%) e de óbitos na UTI (31,4%). Nos dois anos, a mortalidade associou-se àqueles com idade ≥60 anos (37,0%; 23,0%), àqueles com gravidade do trauma mais elevada e aos com complicações (33,8%; 18,6%). Em 2017, a presença de lesão na região da cabeça não se associou à mortalidade (p=0,125). Ao longo da internação, a probabilidade de sobrevida daqueles com elevada gravidade do trauma e com lesão na região da cabeça foi superior. O risco de óbito para pacientes com elevada gravidade do trauma foi relacionado a idade ≥60 anos (4 a 6 vezes maior) e baixos escores da Escala de Coma de Glasgow (RR = 2,676). O risco foi menor em pacientes internados em 2017 (58,3% e 64,4% menor) e naqueles sem complicações (63,0% menor). A idade ≥60 anos também foi associada com o risco de óbito (5 vezes maior) nos pacientes com lesão na região da cabeça, bem como, o quantitativo de lesões (RR=1,743) e escores elevados de índices de gravidade do trauma (5 e 7 vezes maior). Conclusão: A análise da mortalidade em 2015 e 2017 indicou menor risco de óbito, ao longo da hospitalização, em pacientes com maior gravidade do trauma no segundo ano. A mortalidade foi associada, sobretudo, aos idosos e à elevada gravidade do trauma. A possibilidade de tendência na evolução da otimização do fluxo de atendimento e de acompanhamento dos pacientes de acidente de trânsito durante a hospitalização, segundo a LCT, pode ser observada.