A cultura periférica como resistência frente ao estado penal-racial: do batuque á batida a crônica da vida do samba ao funk
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Data
2021-07-16
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
A atual forma do Estado penal-racial implementa territórios carcerários, por meio de
uma política de repressão e de exclusão da população negra e pobre dos processos de
trabalho e da sociedade em geral. Se apresenta nesses espaços através do processo de
necropolítica e militarização das periferias. O conceito de necropolítica, a partir de Mbembe
(2018), se relaciona ao poder de decisão sobre quem vive e quem morre, com destaque
para a destruição de grupos populacionais considerados descartáveis. O direito de matar é
acompanhado de justificativas de extermínio, ou o estado de exceção como dito por
Agambem (2004) quando a morte contra outrem, já não é assassinato ou homicídio e ocorre
impunimente, em geral, sob o pretenso discurso de “segurança”.
Todavia, nesses territórios sitiados se consolida também expressões culturais de
resistência protagonizadas especialmente pelos jovens, seja na sua forma de vestir, andar,
se divertir - neste caso, com destaque para o funk “proibidão” e os “pistões”, mas também na
forma como denunciam a violência de Estado, a desigualdade social e temas cotidianos
expressados por meio das letras de músicas de funk. Frente ao cenário atual de
aprofundamento do Estado neoliberal que destitui direitos mas garante a repressão contra a
população periférica, cabe a problematização: o Funk pode ser visto como uma crônica das
desigualdades oriundas das relações sociais constituídas no capitalismo?
Esse estudo objetivou analisar as formas de resistência das classes subalternizadas a
partir de suas expressões artísticas musicais, com foco no funk, especificamente, as letras
de músicas críticas ao Estado Penal. A metodologia consta de pesquisa bibliográfica e a
seleção e análise de músicas de uma dupla de MC 's moradora de uma comunidade da
Baixada Santista. Esperamos com este estudo contribuir para identificar elementos que se
particularizam nas letras de funk, mas que são mediações necessárias para o entendimento
do Estado penal-racial, numa perspectiva de totalidade e a partir de autores da periferia.
The current form of the penal-racial State implements prison territories, through a policy of repression and exclusion of the black and poor population and through the process of necropolitics and militarization of the suburbs. The concept of necropolitics, based on Mbembe (2018), is related to the decision-making power over who lives and who dies, with emphasis on the destruction of population groups considered disposable. The right to kill is accompanied by extermination justifications, or the state of exception as said by Agambem (2004) when death against another is no longer murder or murder and occurs with impunity, in general, under the so-called “security” discourse. However, these besieged territories are also consolidated cultural expressions of resistance played especially by the youth, whether in the way they dress, walk, have fun - in this case, with emphasis on the "proibidão" funk and the "pistões", but also in the way how they denounce State violence, social inequality and everyday themes expressed through the lyrics of funk songs. Faced with the current scenario of intensification of the neoliberal State that deprives rights but guarantees repression against the peripheral population, it is worth questioning: can Funk be seen as a chronicle of inequalities arising from social relations established in capitalism? This study aimed to analyze the forms of resistance of subalternized classes from their musical artistic expressions, with a focus on funk, specifically, the lyrics of songs critical to the Penal State. The methodology consists of bibliographical research and the selection and analysis of songs by a pair of MC's who live in a community in Baixada Santista. We hope with this study to contribute to identify elements that are particularized in funk lyrics, but which are necessary mediations for the understanding of the penal-racial State, in a perspective of totality and from authors from the periphery.
The current form of the penal-racial State implements prison territories, through a policy of repression and exclusion of the black and poor population and through the process of necropolitics and militarization of the suburbs. The concept of necropolitics, based on Mbembe (2018), is related to the decision-making power over who lives and who dies, with emphasis on the destruction of population groups considered disposable. The right to kill is accompanied by extermination justifications, or the state of exception as said by Agambem (2004) when death against another is no longer murder or murder and occurs with impunity, in general, under the so-called “security” discourse. However, these besieged territories are also consolidated cultural expressions of resistance played especially by the youth, whether in the way they dress, walk, have fun - in this case, with emphasis on the "proibidão" funk and the "pistões", but also in the way how they denounce State violence, social inequality and everyday themes expressed through the lyrics of funk songs. Faced with the current scenario of intensification of the neoliberal State that deprives rights but guarantees repression against the peripheral population, it is worth questioning: can Funk be seen as a chronicle of inequalities arising from social relations established in capitalism? This study aimed to analyze the forms of resistance of subalternized classes from their musical artistic expressions, with a focus on funk, specifically, the lyrics of songs critical to the Penal State. The methodology consists of bibliographical research and the selection and analysis of songs by a pair of MC's who live in a community in Baixada Santista. We hope with this study to contribute to identify elements that are particularized in funk lyrics, but which are necessary mediations for the understanding of the penal-racial State, in a perspective of totality and from authors from the periphery.
Descrição
Citação
DIAS FILHO, Odair. A cultura periférica como resistência frente ao estado penal-racial: do batuque á batida a crônica da vida do samba ao funk. 2021. 152 f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social e Políticas Sociais) - Instituto de Saúde e Sociedade, Universidade Federal de São Paulo, Santos, 2021.