Labirintos da formação dos enfermeiros para a atuação na reforma psiquiátrica brasileira
Data
2019-11-28
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Introduction: The Brazilian Psychiatric Reform represents a process initiated by the joint action of professionals, users and family members aiming at changing the care model. This movement led the Brazilian State to implement public policies that changed the reality of mental health care offered in the country. This process also included recommendations for improving the training of professionals working in the area in order to overcome the hegemonic asylum model and sustain the transformative practice of care. It is also observed that part of the Nursing courses did not adapt to the Reform proposals, so that it maintains in its disciplines / curricular units focus on teaching mental disorders approaching the model of traditional psychiatry. Objective: To analyze the education of nurses from public and private educational institutions in the city of São Paulo, from the perspective of the Brazilian Psychiatric Reform. Method: This is a qualitative, descriptive-exploratory research, using the methodological framework of document and content analysis. This study included teachers responsible for the Mental Health disciplines in the education institutes in the city of São Paulo. The data were collected through the analysis of the pedagogical political projects (PPP) that guide the undergraduate Nursing courses and by conducting interviews with the teachers following a script composed by guiding questions of the theme. Results: Of the 25 possible education institutes participating in the research, eleven granted authorization, but nine of them effectively participated. From the analysis of the PPP and the interviews, three categories were created that deal with the professional history of the teacher responsible for the Mental Health course unit, the teaching of the Mental Health discipline in the courses and its insertion in the education program. It was noticed that part of the teachers did not choose to work in mental health spontaneously, also, some of them had no previous experience of teaching. Regarding the discipline of Mental Health, it was observed that they had insufficient workload; core theoretical contents in the study of psychopathologies; practical block with insufficient workload and in some schools is not performed in health services; there is no interrelationship with the other subjects that make up the education program, so that transversality is not adopted by most schools; the teaching of Psychiatric Reform and mental health policies with unsatisfactory workload, being summarized in a few hours / classes. The guiding questions identified the profile of x nurses to work in mental health, number of students who entered the area, problems in the care network such as insufficient number of services, lack of articulation between them, lack of human and material resources, inadequate infrastructure. Considerations: it was found that the educational institutions studied are unable to offer undergraduate nursing training from the perspective of the Brazilian Psychiatric Reform and mental health policies. This condition results from the very reduced workload of the specific Mental Health discipline, the lack of articulation between the other disciplines of the curricular matrix, the inadequate amount of substitutive services to perform the practical activities, the emphasis given to the teaching of psychopathologies and the lack of qualification of teachers.
Introdução: a Reforma Psiquiátrica brasileira representa processo iniciado por ação conjunta dos profissionais, usuários e familiares, objetivando mudança do modelo assistencial. Tal movimento fez com que o Estado brasileiro implantasse políticas públicas que modificassem a realidade da assistência de Saúde Mental oferecida no País. Este processo contemplou também recomendações para o aperfeiçoamento da formação dos profissionais atuantes na área com finalidade de superar o modelo manicomial hegemônico e sustentar a prática transformadora da assistência. Observa-se ainda que parte dos cursos de Enfermagem não se adequou às propostas da Reforma, de maneira que mantém em suas disciplinas/unidades curriculares enfoque no ensino dos transtornos mentais, aproximando-se do modelo da Psiquiatria tradicional. Objetivo: analisar a formação dos enfermeiros oriundos de instituições de ensino públicas e privadas, da cidade de São Paulo, na perspectiva da Reforma Psiquiátrica brasileira. Método: trata-se de pesquisa qualitativa, descritiva-exploratória, com uso do referencial metodológico da análise documental e análise de conteúdo. Participaram deste estudo docentes responsáveis pelas disciplinas de Saúde Mental das Instituições de Ensino Superior (IES) da cidade de São Paulo. Os dados foram coletados por meio da análise dos projetos político-pedagógicos (PPP) que norteiam os cursos de graduação em Enfermagem e pela realização de entrevistas com os docentes, seguindo roteiro composto por questões norteadoras do tema. Resultados: do total das 25 IES passíveis de participarem da pesquisa, onze concederam autorização, contudo nove delas participaram efetivamente. A partir da análise dos PPP e das entrevistas, foram criadas três categorias que tratam do histórico profissional do docente responsável pela unidade curricular de Saúde Mental, do ensino da disciplina de Saúde Mental nos cursos e da inserção desta na grade curricular. Percebeu-se que parte dos docentes não escolheu trabalhar na área de Saúde Mental de forma espontânea, também, alguns deles não tinham experiência assistencial prévia à docência. No que tange à disciplina de Saúde Mental, observou-se que estas apresentaram carga horária insuficiente; conteúdos teóricos com cerne no estudo das psicopatologias; bloco prático com carga horária insuficiente e, em algumas escolas, o estágio não é realizado em serviços de Saúde; não há inter-relação com as demais disciplinas que compõem a matriz curricular, de modo que a transversalidade não é adotada pela maioria das escolas; o ensino da Reforma Psiquiátrica e das políticas de Saúde Mental com carga horária insatisfatória, sendo circunscrito a poucas horas/aulas. Pelas questões norteadoras, foram identificados: o perfil do enfermeiro para atuar na Saúde Mental, o número de alunos que ingressaram na área, problemas na rede de atenção, como número insuficiente de serviços, carência na articulação entre eles, falta de recursos humanos e materiais, infraestrutura inadequada. Considerações: constatou-se que as instituições de ensino estudadas não conseguem ofertar formação na graduação em Enfermagem na perspectiva da Reforma Psiquiátrica brasileira e das políticas de Saúde Mental. Tal condição decorre da carga horária muito reduzida da disciplina específica de Saúde Mental, da ausência de articulação entre as demais disciplinas da matriz curricular, da quantidade inadequada de serviços substitutivos para a realização das atividades práticas, da ênfase dada ao ensino das psicopatologias e da carência de qualificação dos docentes.
Introdução: a Reforma Psiquiátrica brasileira representa processo iniciado por ação conjunta dos profissionais, usuários e familiares, objetivando mudança do modelo assistencial. Tal movimento fez com que o Estado brasileiro implantasse políticas públicas que modificassem a realidade da assistência de Saúde Mental oferecida no País. Este processo contemplou também recomendações para o aperfeiçoamento da formação dos profissionais atuantes na área com finalidade de superar o modelo manicomial hegemônico e sustentar a prática transformadora da assistência. Observa-se ainda que parte dos cursos de Enfermagem não se adequou às propostas da Reforma, de maneira que mantém em suas disciplinas/unidades curriculares enfoque no ensino dos transtornos mentais, aproximando-se do modelo da Psiquiatria tradicional. Objetivo: analisar a formação dos enfermeiros oriundos de instituições de ensino públicas e privadas, da cidade de São Paulo, na perspectiva da Reforma Psiquiátrica brasileira. Método: trata-se de pesquisa qualitativa, descritiva-exploratória, com uso do referencial metodológico da análise documental e análise de conteúdo. Participaram deste estudo docentes responsáveis pelas disciplinas de Saúde Mental das Instituições de Ensino Superior (IES) da cidade de São Paulo. Os dados foram coletados por meio da análise dos projetos político-pedagógicos (PPP) que norteiam os cursos de graduação em Enfermagem e pela realização de entrevistas com os docentes, seguindo roteiro composto por questões norteadoras do tema. Resultados: do total das 25 IES passíveis de participarem da pesquisa, onze concederam autorização, contudo nove delas participaram efetivamente. A partir da análise dos PPP e das entrevistas, foram criadas três categorias que tratam do histórico profissional do docente responsável pela unidade curricular de Saúde Mental, do ensino da disciplina de Saúde Mental nos cursos e da inserção desta na grade curricular. Percebeu-se que parte dos docentes não escolheu trabalhar na área de Saúde Mental de forma espontânea, também, alguns deles não tinham experiência assistencial prévia à docência. No que tange à disciplina de Saúde Mental, observou-se que estas apresentaram carga horária insuficiente; conteúdos teóricos com cerne no estudo das psicopatologias; bloco prático com carga horária insuficiente e, em algumas escolas, o estágio não é realizado em serviços de Saúde; não há inter-relação com as demais disciplinas que compõem a matriz curricular, de modo que a transversalidade não é adotada pela maioria das escolas; o ensino da Reforma Psiquiátrica e das políticas de Saúde Mental com carga horária insatisfatória, sendo circunscrito a poucas horas/aulas. Pelas questões norteadoras, foram identificados: o perfil do enfermeiro para atuar na Saúde Mental, o número de alunos que ingressaram na área, problemas na rede de atenção, como número insuficiente de serviços, carência na articulação entre eles, falta de recursos humanos e materiais, infraestrutura inadequada. Considerações: constatou-se que as instituições de ensino estudadas não conseguem ofertar formação na graduação em Enfermagem na perspectiva da Reforma Psiquiátrica brasileira e das políticas de Saúde Mental. Tal condição decorre da carga horária muito reduzida da disciplina específica de Saúde Mental, da ausência de articulação entre as demais disciplinas da matriz curricular, da quantidade inadequada de serviços substitutivos para a realização das atividades práticas, da ênfase dada ao ensino das psicopatologias e da carência de qualificação dos docentes.
Descrição
Citação
BAIÃO, Juliana Jesus. Labirintos da formação dos enfermeiros para a atuação na reforma psiquiátrica brasileira. 2019. 249f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, 2019.