Efetividade da manta de ar forçado aquecido na redução de complicações da hipotermia após cirurgia de revascularização do miocárdio: ensaio clínico randomizado

Data
2019-12-18
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Introduction: Despite intraoperative re-warming of patients undergoing induced hypothermia during on-pump coronary artery bypass grafting (CABG), patients remain hypothermic in the intensive care unit. Postoperative hypothermia in these patients is associated with excessive bleeding, need for blood components transfusion, respiratory failure, unplanned subsequent surgeries, increased length of hospitalization, of mechanical ventilation, and mortality. Objectives: To determine the effectiveness of postoperative use of forced air warming blanket on the reduction of excessive bleeding, arrhythmias, acute myocardial infarction (AMI) and blood product transfusion in hypothermic patients following on-pump CABG and to compare the pattern of the tympanic temperature associated with heated forced air or woolen blanket. Methods: A randomized clinical trial conducted in a public Cardiovascular hospital from January to November 2018. Two hundred patients undergoing isolated on-pump CABG were randomized to the Intervention Group (IG, submitted to postoperative warming with forced air blanket, n=100) and the Control Group (CG, submitted to postoperative warming with a sheet and a blanket, n=100). The tympanic temperature was measured over 24 hours in all participants. The primary outcome was excessive bleeding and the secondary outcomes were cardiac arrhythmias, acute myocardial infarction (AMI), blood component transfusion and the temperature patterns along time. The relationship between the intervention and the outcomes was assessed by means of bivariate logistic regression, with p<0.05 considered significant. Results: Starting two hours postoperatively, the IG had mean temperatures significantly higher than CG, maintaining this trend up to 15 hours. The IG had a 79% lower chance of bleeding compared to the GC (OR=0.21, 95% CI 0.12-0.39, p<0.001). The chance of AMI in was 94% lower in the IG compared to the CG (OR=0.06, 95% CI 0.01-0.48, p<0.001). The IG had a 77% lower chance of arrhythmias compared to the CG (OR=0.23, 95% CI=0.12-0.47, p<0.001). There was no difference between groups regarding blood product transfusion (p<0.279). Conclusions: Postoperative forced air warming decreased the incidence of excessive bleeding, AMI and arrhythmias, but did not alter the incidence of transfusion of blood components. These results indicate that forced air warming can be used after CABG until patients reach normothermia to avoid undesirable clinical outcomes.
Introdução: Na cirurgia de revascularização do miocárdio (CRVM) com circulação extracorpóea (CEC), os pacientes são submetidos a hipotermia induzida e, mesmo após o reaquecimento intraoperatório, podem ser admitidos hipotérmicos na unidade de terapia intensiva. A hipotermia pós-operatória nesses pacientes se associa a sangramento excessivo, necessidade de transfusão de hemocomponentes, insuficiência respiratória, cirurgias subsequentes não planejadas, maior tempo de internação, de ventilação mecânica, e mortalidade. Objetivos: Verificar a efetividade do uso pós-operatório da marta de ar forçado aquecido na redução de sangramento excessivo, arritmias, infarto do miocárdio e transfusão de produtos sanguíneos em pacientes hipotérmicos após CRVM com CEC e comparar o comportamento da temperatura timpânica associado ao uso de ar forçado aquecido ou lençol com cobertor de lã. Métodos: Ensaio clínico randomizado realizado em um hospital público especializado na área cardiovascular de janeiro a novembro de 2018. Duzentos pacientes submetidos a CRVM isolada com CEC foram randomizados para o Grupo Intervenção (GI, submetidos a aquecimento pós-operatório por ar forçado, n=100) e o Grupo Controle (GC, submetidos ao aquecimento pós-operatório por lençol e cobertor, n=100). A temperatura timpânica foi mensurada ao longo de 24 horas em todos os participantes. Considerou-se desfecho primário o sangramento excessivo e desfechos secundários arritmias, IAM, transfusão de produtos sanguíneos e comportamento da temperatura. A relação entre as intervenções e os desfechos foi verificada por meio de regressão logística bivariada, com p<0,05 considerado significativo. Resultados: A partir de duas horas de pós-operatório, o GI teve temperaturas médias significativamente mais altas do que o GC, mantendo esta tendência até 15 horas. O GI apresentou chance 79% menor de sangramento comparado ao GC (OR=0,21, IC 95% 0,12-0,39, p<0,001). A chance de ocorrência de IAM foi 94% menor no GI comparado ao GC (OR=0,06, IC 95% 0,01-0,48, p<0,001). O GI teve chance 77% menor de apresentar arritmias comparado ao GC (OR=0,23, IC 95%=0,12-0,47, p<0,001). Não houve diferença entre os grupos quanto à transfusão de produtos do sangue (p<0,279). Conclusões: O aquecimento pós-operatório com ar forçado diminuiu a incidência de sangramento excessivo, IAM e arritmias, mas não altera a incidência de transfusão de produtos do sangue. Estes resultados indicam que o ar forçado aquecido pode ser empregado após CRVM até que os pacientes atinjam normotermia para evitar desfechos clínicos indesejáveis.
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