O impacto da duração da epilepsia em uma série de pacientes com epilepsia do lobo temporal mesial e esclerose hipocampal unilateral

Data
2019-05-30
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Hippocampal sclerosis (HS) is the commonest pathology found in patients with epilepsy of temporal lobe onset undergoing corticoamygdalohippocampectomy (CAH) and is present in as many as 80% of these cases (Blümcke et al., 2002; Williamson et al., 1993). However, there is still controversy whether HS is a progressive pathology or not. The purpose of this study was to evaluate if the duration of epilepsy influences MRI volumes of the hippocampus, amygdala, parahippocampal gyrus, entorhinal cortex and temporal pole of both hemispheres, ictal and interictal electroencephalographic patterns and epileptogenic hippocampus neuronal cell density and dentate gyrus granular cells distribution in patients with refractory mesial temporal lobe epilepsy due to hippocampal sclerosis (MTLE/HS). Seventy-seven patients with refractory MTLE/HS submitted to surgery were included. Histopathological analysis included: (1) quantitative: hippocampal subfields and total estimated hippocampal cell density (HCD), thickness of the dentate gyrus – normal, thinning or dispersion; (2) qualitative: type of HS and granule cells pathology in the dentate gyrus (normal, neuronal cell loss, dispersion and bilamination). Ictal and interictal EEG were analysed as follows: 1) Ictal EEG: number of localized, lateralized, non-lateralized, focal to bilateral tonic-clonic seizures and switch of lateralization as well as seizures beginning contralateral to HS were determined; 2) Interictal EEG: interictal epileptiform discharges (IEDs) were considered bilateral when ≥20% of independent IEDs were contralateral to HS. Automated MRI-derived measurements from bilateral temporal structures (hippocampus, amygdala, parahippocampal gyrus, temporal pole, entorhinal cortex) were obtained for 58 subjects. Histopathological and imaging findings were compared with data from specimens obtained in autopsies of age-matched individuals and living controls, respectively, and the data were adjusted for the age at epilepsy onset and the frequency of focal impaired awareness seizures/month. Forty-two (54.5%) patients presented right HS. The greater the duration of epilepsy, the smaller the total estimated HCD (p = 0.025; r = - 0.259). Patients with a normal distribution of the granular cells had a shorter epilepsy duration than those with dispersion (p=0.018) or thinning (p=0.031). There was no relation between electroencephalographic ictal or interictal patterns and epilepsy duration. A reduced ipsilateral hippocampal volume (r = -0.551, p = 0.017) and a smaller hippocampal asymmetry index (r = -0.414, p = 0.002) were correlated to a longer epilepsy duration. The estimated HCD was correlated to the volume of the ipsilateral hippocampus (r=0.420, p=0.001). Our study showed an increasing atrophy of the ipsilateral hippocampus in patients with a longer epilepsy duration. Our data suggest that this reduction in hippocampal volume is related to neuronal loss. Besides that, we also showed an increased probability of exhibiting an abnormal distribution of the granular cells in the dentate gyrus in patients with longer epilepsy duration.
A esclerose hipocampal (EH) é a patologia mais comum encontrada em pacientes com epilepsia do lobo temporal submetidos à corticoamigdalohipocampectomia (CAH) e está presente em até 80% desses casos (Blümcke et al., 2002; Williamson et al., 1993). No entanto, ainda há controvérsias se a EH é uma patologia progressiva ou não. O objetivo deste estudo foi avaliar se a duração da epilepsia influencia os volumes de RM do hipocampo, amígdala, giro para-hipocampal, córtex entorrinal e polo temporal de ambos os hemisférios, os padrões eletroencefalográficos ictais e interictais e a densidade neuronal do hipocampo epileptogênico bem como a distribuição das células granulares do giro dentado em pacientes com epilepsia do lobo temporal mesial refratária devido a esclerose hipocampal (ELTM/EH). Setenta e sete pacientes com ELTM/EH refratária submetidos à cirurgia foram incluídos. A análise histopatológica incluiu: (1) quantitativa: densidade neuronal dos subcampos do hipocampo e densidade celular total estimada do hipocampo (DCH), espessura do giro dentado - normal, estreitamento ou dispersão; (2) qualitativa: tipo de EH e patologia de células granulares no giro dentado (normal, perda de células neuronais, dispersão e bilaminação). O EEG ictal e interictal foi analisado da seguinte forma: 1) EEG ictal: número de crises epilépticas com início localizado, lateralizado, não lateralizado, alternância de lateralização, bem como crises epilépticas com início ictal contralateral à EH; 2) EEG interictal: as descargas epileptiformes interictais (DEIs) foram consideradas bilaterais quando ≥ 20% das DEIs independentes eram contralaterais à HS. Medidas automatizadas derivadas da RM de estruturas temporais bilaterais (hipocampo, amígdala, giro para-hipocampal, polo temporal, córtex entorrinal) foram obtidas para 58 indivíduos. Os achados histopatológicos e de imagem foram comparados com dados de controles pareados por idade e sexo e os dados foram ajustados para a idade no início da epilepsia e a frequência de crises focais disperceptivas por mês. Quarenta e dois (54,5%) pacientes apresentaram HS direita. Quanto maior a duração da epilepsia, menor a DCH (p = 0,025; r = - 0,259). Pacientes com distribuição normal das células granulares tiveram menor duração da epilepsia do que aqueles com dispersão (p = 0,018) ou estreitamento (p = 0,031). Não houve relação entre os padrões eletroencefalográficos ictais ou interictais e a duração da epilepsia. Redução do volume hipocampal ipsilateral (r = -0,551, p = 0,017) e menor índice de assimetria hipocampal (r = -0,414, p = 0,002) foram correlacionados com uma duração maior da epilepsia. A DCH estimada foi correlacionada ao volume do hipocampo ipsilateral (r = 0,420, p = 0,001). Nosso estudo mostrou atrofia progressiva do hipocampo ipsilateral em pacientes com maior duração da epilepsia. Nossos dados sugerem que essa redução no volume do hipocampo está relacionada à perda neuronal. Além disso, também mostramos uma probabilidade aumentada de exibir uma distribuição anormal das células granulares no giro dentado em pacientes com maior duração da epilepsia.
Descrição
Citação
DUARTE, Jeana Torres Corso. O impacto da duração da epilepsia em uma série de pacientes com epilepsia do lobo temporal mesial e esclerose hipocampal unilateral. 2019. 78 f. Tese (Doutorado em Neurologia e Neurociências) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, 2019.
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