O ritual dos sádicos: cinema popular, experimental e subversivo nos anos de chumbo

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Data
2019-03-25
Autores
Silva, Andre Renato Oliveira [UNIFESP]
Orientadores
Foglia, Graciela Alicia [UNIFESP]
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
This dissertation aims to research the cinematographic work of the director / actor / writer José Mojica Marins, particularly in regard of the most emblematic character he created and played: the sadistic gravedigger called Coffin’ Joe. The analysis will cover, specifically, the feature film entitled "Ritual dos Sádicos" (or "The Awakening of the Beast"), produced in 1970, with distribution completely prohibited by the censorship organs of the military dictatorship prevailing in Brazil during the period. It will be highlighted the great popular reception that the character - and the films in which it appears - obtained during the years 1960-70, causing it to "spill" through other media: comic books, folklore fiction literature etc., in addition to the critical fortune that rejected the work of the filmmaker, mostly. The film will also be analyzed according to elements characteristic of the genre called film-essay, and using – as reference – studies carried out by, among others, Theodor W. Adorno and Timothy Corrigan. The main objectives are: to situate the film, in its formal elements and content, within the set of productions categorized as film-essay; to situate the film within the set of cinematographic productions made during the most repressive period of the Brazilian military dictatorship (1968-1975), productions that suffered state censorship and (or) promoted in their film discourse a critique of the current regime; to try tracing the genetic procedures of the film, particularly in regard of its essayistic aspect (with obvious political positions), since its author, until then, refused to make politicized films. This research will seek to demonstrate that the work of José Mojica Marins allegorically represents (from the concept of allegory in Walter Benjamin and other authors) - although not in a programmatic way - the institutional violence practiced by the Brazilian State during the military dictatorship, particularly in the forms of: 1. torture; 2. censorship applied to artistic-cultural manifestations.
Esta dissertação tem como objetivo pesquisar a obra cinematográfica do diretor / ator / roteirista paulistano José Mojica Marins, particularmente no que se refere ao personagem mais emblemático que ele criou e interpretou: o coveiro sádico chamado Zé do Caixão. Analisar-se-á a figura deste, especificamente, tomando por base o filme de longa-metragem intitulado “Ritual dos Sádicos” (ou “O Despertar da Besta”), realizado em 1970 e proibido de circulação pelos órgãos de censura da ditadura militar vigente no Brasil durante o período. Haverá destaque para a grande recepção popular que o personagem – e os filmes nos quais aparece – obteve durante os anos 1960- 70, fazendo com que se “derramasse” para outras mídias: histórias em quadrinhos, literatura de ficção folhetinesca e até mesmo literatura popular de cordel, para além da fortuna crítica que, majoritariamente, rejeitou a obra do cineasta. O filme em questão também será analisado a partir de elementos característicos do gênero denominado filme-ensaio, e utilizando como referência estudos realizados por, dentre outros autores, Theodor W. Adorno e Timothy Corrigan. Os objetivos principais são: situar o filme em questão, a partir de seus elementos formais e de conteúdo, dentro do conjunto das produções categorizadas como filmes-ensaio; situar o filme em questão dentro do conjunto das produções cinematográficas realizadas durante o período mais repressivo da ditadura militar brasileira, a partir de 1968, produções essas que sofreram censura estatal e(ou) promoveram, em seu discurso fílmico, uma crítica ao regime vigente; tentar traçar os procedimentos genéticos do filme, particularmente no que se refere ao seu aspecto ensaístico (com posicionamentos políticos evidentes), uma vez que seu autor, até então, recusava fazer filmes “politizados”. Este trabalho de pesquisa procurará demonstrar que a obra de José Mojica Marins representa de forma alegórica (a partir do conceito de alegoria em Walter Benjamin e outros autores) – ainda que não de modo programático – a violência institucional praticada pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar, particularmente nas formas da: 1. tortura; 2. censura aplicada a manifestações artístico-culturais.
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