A pequena política em Nietzsche

Imagem de Miniatura
Data
2019-04-08
Autores
Ribeiro, Marco Antonio Sabatini [UNIFESP]
Orientadores
Burnett Junior, Henry Martin [UNIFESP]
Tipo
Tese de doutorado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Often, the petty politics is associated with Nietzsche‟s critique of nationalism, parliamentarism and anti-Semitism, and opposed to great politics. Because it appears only in three published passages and in two posthumous fragments, it seems devoid of a proper and complex conceptual development. We argue, however, that such aphorisms enable us a more robust argument. Related to the weakening of the will, modern petty politics derives, more refined and intensified, from the millennial project of domestication of human forces originated in the Platonic-Socratic philosophy and Christianity. Our hypothesis is that it establishes a human type based on gregarious instincts (fear, comfort, security and happiness) in order to preserve itself. Consequently, its political rationality mobilizes the human forces so that they concentrate on superfluous subjects, ideals and objectives and are unable to overcome the existential limits established by the petty people of modernity. Institutions (State, family, church, educational and labor establishments) constantly forge and educate their individuals so that they turn their attention to themselves and, therefore, become physiologically exhausted, consuming and squandering their strength through mediocrity. In other words, the modern individuals establish subjects and means in order to weaken themselves. “Powerful” is, in this gregarious sense, who can best conserve one‟s own political and moral structures. Therefore, to have more “power” one must be physiologically weaker and more cunning, causing an intensification in the processes of domestication and conservation. It creates a paradox in which the less fear and more comfort, security and happiness are desired, the more fear and less comfort, security and happiness one has. Nationalism, anti-Semitism and parliamentarism are mere consequences of this logic (similar to fanaticism, the hypocrisy of rulers and modern philosophies); but quickly become the foundation of modernity which, in its turn, is elevated constantly to new intensities of domestication and gregarism.
Com frequência, a pequena política é associada à crítica de Nietzsche ao nacionalismo, ao parlamentarismo e ao antissemitismo e contraposta à grande política. Por constar somente em três passagens publicadas e em dois fragmentos póstumos, ela parece desprovida de um desenvolvimento conceitual próprio e complexo. Sustentamos, no entanto, que tais aforismos nos possibilitam uma argumentação mais robusta. Relacionada ao enfraquecimento da vontade, a pequena política moderna se deriva, de modo mais refinado e intensificado, do projeto milenar de domesticação das forças humanas advindo da filosofia socrático-platônica e do cristianismo. Nossa hipótese é que ela institui um tipo humano baseado nos instintos gregários (medo, conforto, segurança e felicidade) a fim de se conservar. Para isso, sua racionalidade política mobiliza as forças humanas para que elas se concentrem em assuntos, ideais e objetivos supérfluos e se impossibilitem de superar os limites existenciais estabelecidos pelas pequenas pessoas da modernidade. As instituições (Estado, família, igreja, estabelecimentos de ensino e laborais) forjam e educam cotidianamente seus indivíduos para que eles voltem sua atenção para elas mesmas e, desse modo, se esgotem fisiologicamente, consumindo e esbanjando suas forças por meio da mediocridade. Ou seja, os indivíduos modernos estabelecem assuntos e meios para que eles enfraqueçam a si. “Poderoso” é, nesse sentido gregário, aquele que mais pode conservar suas estruturas políticas e morais. Por conseguinte, para se ter mais “poder” é preciso ser fisiologicamente mais fraco e mais astuto, causando uma intensificação nos processos de domesticação e conservação. Cria-se um paradoxo em que, quanto menos medo e mais conforto, segurança e felicidade se almeja, mais medo e menos conforto, segurança e felicidade se tem. O nacionalismo, o antissemitismo e o parlamentarismo são, assim, apenas consequências dessa lógica (semelhante ao fanatismo, à hipocrisia dos governantes e às filosofias modernas); mas que, rapidamente, se tornam o fundamento da modernidade que, por sua vez, eleva-se constantemente a novas intensidades de domesticação e de gregarismo.
Descrição
Citação
Coleções