Suplementação de juçara (euterpe edulis mart.) Na remodelação da microbiota intestinal, dos parâmetros metabólicos e do estado inflamatório na obesidade
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Data
2019-08-28
Autores
Gois, Giovana Jamar De Queiroz [UNIFESP]
Orientadores
Pisani, Luciana Pellegrini [UNIFESP]
Tipo
Tese de doutorado
Título da Revista
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Resumo
Background: The evidence that the gut microbiota composition may differ between healthy and obese individuals has raised interest in understanding the role of it as an intermediary factor between dietary habits and the pathophysiology of obesity and its comorbidities. Polyphenols-rich fruits and unsaturated fatty acids can reach both obesity and local and systemic low-grade chronic inflammation, besides manipulate bacterial community, improving metabolic functions in humans and animal models of obesity. In this sense, juçara has been considered a "superfruit" due to its nutritional composition and relevant biological activities with interesting response in animals. However, the contribution of this fruit to human physiology remains unknown. Aim: To analyze the effects of juçara supplementation on metabolic and inflammatory parameters, on the composition of gut bacterial species and on short chain fatty acid (SCFA) production in obesity. Methods: This double-blind randomized trial enrolled 35 obese subjects (body mass index - BMI 30 to 39.9 kg/m2) of both sexes aged 31-59 years. They were evaluated for resting metabolic rate (indirect calorimetry); anthropometry (weight, height, BMI, neck and waist circumferences, and waist-toheight ratio); body composition (bioimpedance); blood pressure; food intake (3-day food record); metabolic parameters (TAG, TC, HDL-c, LDL-c, glucose, insulin, and LPS); inflammatory markers (PAI-1, leptin and adiponectin); gut bacteria (qPCR); fecal SCFA (gas chromatography). Subsequently, they were randomized into 2 groups for use or not (placebo) of supplementation with 5 g dry juçara for 6 weeks and reassessed. Results: In metabolism, juçara supplementation was effective in reducing body fat (p = 0.051) and increasing HDL-c (p = 0.046), in addition to doubling serum adiponectin concentration (p = 0.048). Supplementation, HDL-c and neck circumference were predictors for explaining adiponectin increase, regardless of age, gender and body composition. The rise of HDL-c (β = 0.527) favored better adiponectin levels, and supplementation (r2 = 0.477) was crucial for these results. In the intestinal microbiota, there was a significant increase in acetate (g = 0.809; p = 0.038) and in relative abundance of A. muciniphila, Bifidobacterium spp. and C. coccoides in response to juçara supplementation (239.6%, 182.6% and 214%, respectively), with emphasis on the bifidogenic effect as a mediator for stool acetate production (z = 2.925; p = 0.003); showing the prebiotic potential of juçara from the adjustment for total fiber intake. All xresults were independent of food intake. Conclusion: Juçara showed antiinflammatory properties and prebiotic function, contributing to the balance of intestinal microbiota. This supplementation can be considered a new strategy for treating obesity.
Introdução: Evidências de que a composição da microbiota intestinal pode diferir entre indivíduos saudáveis e com obesidade tem despertado interesse em compreender o papel desta como um fator intermediário entre o hábito alimentar e a fisiopatologia da obesidade e suas comorbidades. Frutas ricas em polifenóis e ácidos graxos insaturados são capazes de atuar positivamente tanto na obesidade quanto na inflamação crônica de baixo grau, além de remodelar populações bacterianas, melhorando as funções metabólicas em seres humanos e modelos animais de obesidade. Nesse sentido, a juçara tem sido considerada uma “superfruta” devido a sua composição nutricional e atividades biológicas relevantes com interessante resposta metabólica. No entanto, estudos em humanos permanecem escassos. Objetivo: Analisar os efeitos da suplementação de juçara em parâmetros metabólicos e inflamatórios, na composição de espécies bacterianas intestinais e na produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) na obesidade. Métodos: Este estudo duplo-cego randomizado envolveu 35 voluntários com obesidade (índice de massa corporal - IMC 30 a 39,9 kg/m2) de ambos os sexos com idade entre 31 e 59 anos, avaliados quanto à taxa metabólica de repouso (calorimetria indireta); antropometria (peso, estatura, IMC, circunferências do pescoço e cintura e relação cintura-estatura); composição corporal (bioimpedância); pressão arterial; ingestão alimentar (Registro alimentar de 3 dias); parâmetros metabólicos (TAG, CT, HDL-c, LDL-c, glicose, insulina e LPS); marcadores inflamatórios (PAI-1, leptina e adiponectina); bactérias intestinais (qPCR); AGCC nas fezes (cromatografia gasosa). Posteriormente, os participantes foram randomizados em 2 grupos para uso ou não (placebo) de suplementação com 5g de juçara liofilizada por 6 semanas e, reavaliados. Resultados: No metabolismo, a suplementação de juçara foi eficaz em reduzir gordura corporal (p = 0,051) e aumentar HDL-c (p = 0,046), além de dobrar a concentração sérica de adiponectina (p= 0,048). A suplementação, HDL-c e circunferência do pescoço foram preditores para explicar o aumento da adiponectina, independentemente da idade, sexo e composição corporal. O aumento do HDL-c (β = 0,527) favoreceu melhores níveis de adiponectina, sendo a suplementação (r2 = 0,477) determinante para estes resultados. Na microbiota intestinal, houve aumento significativo do acetato (g = 0,809; p = 0,038) e da abundância relativa de A. muciniphila, Bifidobacterium spp. e C. coccoides em resposta viiià suplementação de juçara (239,6%, 182,6% e 214%, respectivamente), com ênfase no efeito bifidogênico, como mediador da produção de acetato nas fezes (z = 2,925; p = 0,003); mostrando o potencial prebiótico da juçara, a partir do ajustes para a ingestão total de fibras. Todos os resultados foram independentes do consumo alimentar. Conclusão: Juçara apontou propriedades anti-inflamatórias e apresentou função prebiótica, contribuindo para o equilíbrio da microbiota intestinal. Esta suplementação pode ser considerada uma nova estratégia para o tratamento da obesidade.
Introdução: Evidências de que a composição da microbiota intestinal pode diferir entre indivíduos saudáveis e com obesidade tem despertado interesse em compreender o papel desta como um fator intermediário entre o hábito alimentar e a fisiopatologia da obesidade e suas comorbidades. Frutas ricas em polifenóis e ácidos graxos insaturados são capazes de atuar positivamente tanto na obesidade quanto na inflamação crônica de baixo grau, além de remodelar populações bacterianas, melhorando as funções metabólicas em seres humanos e modelos animais de obesidade. Nesse sentido, a juçara tem sido considerada uma “superfruta” devido a sua composição nutricional e atividades biológicas relevantes com interessante resposta metabólica. No entanto, estudos em humanos permanecem escassos. Objetivo: Analisar os efeitos da suplementação de juçara em parâmetros metabólicos e inflamatórios, na composição de espécies bacterianas intestinais e na produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) na obesidade. Métodos: Este estudo duplo-cego randomizado envolveu 35 voluntários com obesidade (índice de massa corporal - IMC 30 a 39,9 kg/m2) de ambos os sexos com idade entre 31 e 59 anos, avaliados quanto à taxa metabólica de repouso (calorimetria indireta); antropometria (peso, estatura, IMC, circunferências do pescoço e cintura e relação cintura-estatura); composição corporal (bioimpedância); pressão arterial; ingestão alimentar (Registro alimentar de 3 dias); parâmetros metabólicos (TAG, CT, HDL-c, LDL-c, glicose, insulina e LPS); marcadores inflamatórios (PAI-1, leptina e adiponectina); bactérias intestinais (qPCR); AGCC nas fezes (cromatografia gasosa). Posteriormente, os participantes foram randomizados em 2 grupos para uso ou não (placebo) de suplementação com 5g de juçara liofilizada por 6 semanas e, reavaliados. Resultados: No metabolismo, a suplementação de juçara foi eficaz em reduzir gordura corporal (p = 0,051) e aumentar HDL-c (p = 0,046), além de dobrar a concentração sérica de adiponectina (p= 0,048). A suplementação, HDL-c e circunferência do pescoço foram preditores para explicar o aumento da adiponectina, independentemente da idade, sexo e composição corporal. O aumento do HDL-c (β = 0,527) favoreceu melhores níveis de adiponectina, sendo a suplementação (r2 = 0,477) determinante para estes resultados. Na microbiota intestinal, houve aumento significativo do acetato (g = 0,809; p = 0,038) e da abundância relativa de A. muciniphila, Bifidobacterium spp. e C. coccoides em resposta viiià suplementação de juçara (239,6%, 182,6% e 214%, respectivamente), com ênfase no efeito bifidogênico, como mediador da produção de acetato nas fezes (z = 2,925; p = 0,003); mostrando o potencial prebiótico da juçara, a partir do ajustes para a ingestão total de fibras. Todos os resultados foram independentes do consumo alimentar. Conclusão: Juçara apontou propriedades anti-inflamatórias e apresentou função prebiótica, contribuindo para o equilíbrio da microbiota intestinal. Esta suplementação pode ser considerada uma nova estratégia para o tratamento da obesidade.