Necessidades de saúde de pessoas transgênero, travestis e não-binárias: possibilidades e desafios para a enfermagem
Data
2019-03-28
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
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Resumo
Introduction: Despite media evidence regarding the health demands of travesti, transgender and nonbinary people, studies in health research, specifically in nursing, do not address the diversity and specificities of this population. In Brazil, the health care setting for this population was named the Transsexualizing Process and is based on the medical diagnosis of transsexuality. Concerning at health care needs from a collective perspective, not much was known from a depathologizing framework. Even less have described in the literature on the role of nursing during patient assessment and care delivery. The main objective of this study is to identify the health needs of people who experience the process of gender affirmation. Method: This is a qualitative, descriptive and exploratory study, divided into three phases. For the selection of participants, the concept of purposeful sampling was used, with emphasis on variation, seeking the highest diversity possible for the group selected. Data collection was performed using the semi-structured interview. All interviews were transcribed and the data analysis was performed with the MAXQDA software tool. The systematization of the empirical material used the concept of the theoretical framework of the thematic analysis. Results: Twenty people participated in the study, being 11 trans men, three trans women, a travesti, a transfeminine, a man, a woman, a non-binary trans man and a crossdresser. During the analysis process, the categories emerged were: Health Needs of trans, transvesti and non-binary people (which included the topics: need for good living conditions, need for access to health technologies and PAG, need for bonding with health professionals and the need for self-care and body autonomy for the trans person) and the health conceptualization. The nursing practice were highlighted in the empirical material, as its performance humanizes care, promote user embracement and cares for the body in transition along the nursing consultations. Discussion: Health needs are diverse and addressed various spheres of social life. The issues of good living conditions were highlighted by the vulnerability of the population. In general, these demands have not been satisfied by health services and the research results have confirmed evidence found in previous studies such as barriers to access to health, unpreparedness of professionals to care for a trans person, and difficulties in legal recognition of their name. Discrimination and violence marked the results, mainly for denied access to health care and fulfilling the population needs. There is still a lack of evidence about of the practices performed by nursing during the process of gender affirmation. Conclusion: The health needs of travesti, transgender and non-binary people are diverse, correlated to other social markers. Nursing appears as a co-participant in the process of recognition and satisfaction of these needs, requiring further studies in the area from a collective health perspective.
Introdução: Apesar da maior evidência midiática referente as demandas de saúde de pessoas travesti, transgênero e não binário, estudos na área da saúde, especificamente na enfermagem, ainda não contemplam a diversidade de demandas e as especificidades dessa população. No Brasil, a atenção à saúde dessa população é conhecida como Processo Transexualizador e pauta-se no diagnóstico médico da transexualidade. Observando a atenção à saúde de uma perspectiva coletiva, pouco se sabe sobre as necessidades dessa população em uma perspectiva despatologizante. Menos ainda é descrito na literatura sobre a atuação da enfermagem durante o acompanhamento ambulatorial da/o usuária/o. O objetivo principal do presente estudo é identificar as necessidades de saúde de pessoas que vivenciam o processo de afirmação de gênero. Método: Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo e exploratório, sendo dividido em três fases. Para a seleção de participante utilizou-se o conceito de amostragem com propósito, com ênfase na variação, buscando a maior diversidade possível para o grupo selecionado para a pesquisa. A coleta de dados foi realizada utilizando a entrevista semiestruturada. Todas as entrevistas foram transcritas e a análise dos dados foi operacionalizada com a ferramenta software MAXQDA. A sistematização do material empírico foi realiza com o referencial teórico da análise temática. Resultados: Participaram do estudo 20 pessoas, sendo 11 homens trans, três mulheres trans, uma travesti, uma transfeminina, um homem, uma mulher, um homem trans nãobinário e uma crossdresser. Durante o processo de análise as categorias construídas foram: Necessidades de Saúde de pessoas trans, travesti e não-binária (que incluí os temas necessidade de boas condições de vida, necessidade de acesso às tecnologias de saúde e PAG, necessidade de formação de vínculo com as/os profissionais de saúde e necessidade de autocuidado e autonomia corporal para a pessoa trans) e a categoria conceito de saúde. A enfermagem foi destacada no material empírico, pois sua atuação humaniza o cuidado, acolhe e cuida do corpo em transição durante os atendimentos. Discussão: As necessidades de saúde são diversificadas e abordaram várias esferas da vida social. As questões de boas condições de vida destacaram-se pela vulnerabilidade da população. De modo geral, essas demandas não vem sendo atendidas pelos serviços de saúde e os resultados tem confirmado evidências encontradas em estudos anteriores como: barreiras no acesso à saúde, despreparo de profissionais para o atendimento de uma pessoa trans, e dificuldades no reconhecimento legal do nome. A discriminação e a violência marcaram os resultados, principalmente por negar o acesso e a satisfação das necessidades das pessoas entrevistadas. Ainda existe pouca documentação das práticas realizadas pela enfermagem durante o processo de afirmação de gênero. Conclusão: As necessidades de saúde de pessoas travesti, transgênero e não-binário são diversificadas, dependentes de outros marcadores sociais. A enfermagem aparece como coparticipante do processo de reconhecimento e satisfação dessas necessidades, sendo necessário mais estudos na área em uma perspectiva de saúde coletiva.
Introdução: Apesar da maior evidência midiática referente as demandas de saúde de pessoas travesti, transgênero e não binário, estudos na área da saúde, especificamente na enfermagem, ainda não contemplam a diversidade de demandas e as especificidades dessa população. No Brasil, a atenção à saúde dessa população é conhecida como Processo Transexualizador e pauta-se no diagnóstico médico da transexualidade. Observando a atenção à saúde de uma perspectiva coletiva, pouco se sabe sobre as necessidades dessa população em uma perspectiva despatologizante. Menos ainda é descrito na literatura sobre a atuação da enfermagem durante o acompanhamento ambulatorial da/o usuária/o. O objetivo principal do presente estudo é identificar as necessidades de saúde de pessoas que vivenciam o processo de afirmação de gênero. Método: Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo e exploratório, sendo dividido em três fases. Para a seleção de participante utilizou-se o conceito de amostragem com propósito, com ênfase na variação, buscando a maior diversidade possível para o grupo selecionado para a pesquisa. A coleta de dados foi realizada utilizando a entrevista semiestruturada. Todas as entrevistas foram transcritas e a análise dos dados foi operacionalizada com a ferramenta software MAXQDA. A sistematização do material empírico foi realiza com o referencial teórico da análise temática. Resultados: Participaram do estudo 20 pessoas, sendo 11 homens trans, três mulheres trans, uma travesti, uma transfeminina, um homem, uma mulher, um homem trans nãobinário e uma crossdresser. Durante o processo de análise as categorias construídas foram: Necessidades de Saúde de pessoas trans, travesti e não-binária (que incluí os temas necessidade de boas condições de vida, necessidade de acesso às tecnologias de saúde e PAG, necessidade de formação de vínculo com as/os profissionais de saúde e necessidade de autocuidado e autonomia corporal para a pessoa trans) e a categoria conceito de saúde. A enfermagem foi destacada no material empírico, pois sua atuação humaniza o cuidado, acolhe e cuida do corpo em transição durante os atendimentos. Discussão: As necessidades de saúde são diversificadas e abordaram várias esferas da vida social. As questões de boas condições de vida destacaram-se pela vulnerabilidade da população. De modo geral, essas demandas não vem sendo atendidas pelos serviços de saúde e os resultados tem confirmado evidências encontradas em estudos anteriores como: barreiras no acesso à saúde, despreparo de profissionais para o atendimento de uma pessoa trans, e dificuldades no reconhecimento legal do nome. A discriminação e a violência marcaram os resultados, principalmente por negar o acesso e a satisfação das necessidades das pessoas entrevistadas. Ainda existe pouca documentação das práticas realizadas pela enfermagem durante o processo de afirmação de gênero. Conclusão: As necessidades de saúde de pessoas travesti, transgênero e não-binário são diversificadas, dependentes de outros marcadores sociais. A enfermagem aparece como coparticipante do processo de reconhecimento e satisfação dessas necessidades, sendo necessário mais estudos na área em uma perspectiva de saúde coletiva.