Para uma nova interpretação do corporar: o corpo à luz da transcendência do Dasein

Imagem de Miniatura
Data
2019-10-29
Autores
Pessoa, Rodrigo Rizerio De Almeida E [UNIFESP]
Orientadores
Tossato, Claudemir Roque [UNIFESP]
Tipo
Tese de doutorado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
The work aims to locate the place of the body in the existential analytic of Martin Heidegger, author often accused, mainly by the French philosophers, to have neglected this problem in its analysis of the human existence. However, even though very little has been said about corporeality in the context of 1927 analytics, the text of the Zollikon Seminars of a few decades later allows one to visualize what would be the place of the corporeal in the being-in-the-world structure of being, illuminating even the text of 1927, in which one can already find, despite his silence on the body, traces of an unrealized corpora. The research further explains that Heidegger's analytic allows us to visualize the being of man beyond the dualist reading for whom the human is composed of interdependent parts, that is, body and soul, or living organism and mental representations, in which what is mutant, unstable, corruptible, that is, the body, has always been understood as lesser or of lesser theoretical dignity than that of soul or rationality. In the light of analytics, on the contrary, the being of man is aimed according to a unitary and non-fragmentary conception, the totality of which is not the result of mere summation of parts, but consists of essential constitutive moments, among which, however, body. According to this one and undivided reading of the totality of existence, the body comes to the surface not as the mere opposite of the soul, since there is no more place for any opposition or duality. The being of man does not allow himself to be seen through his living organism or his mental representations, but as a third thing between these two dichotomous poles. Thus conceiving man, the body, on the other hand, does not allow itself to be seen among the ontic-material characters of being-there, since, as Heidegger himself said it, the human body is something of another in relation to the animal organism, nor among the ontological-formal characters, for in this case the being-there would be something like a floating vapor or phantom, without worldly concreteness. In this way the body must be seen as a third thing or, in the light of the image that comes to us from Rosa's literature, as the third margin between what is ontological and what is ontological in being-there, as a phenomenon therefore.
O trabalho visa localizar o lugar do corpo na analítica existenciária de Martin Heidegger, autor frequentemente acusado, sobretudo pelos filósofos franceses, de ter negligenciado esse problema em sua análise da existência humana. Entretanto, ainda que muito pouco tenha sido dito sobre a corporeidade no âmbito da analítica de 1927, o texto dos Seminários de Zollikon, de algumas décadas depois, permite visualizar qual seria o lugar do corporal na estrutura de ser do ser-no-mundo, iluminando mesmo o texto de 1927, em que já se pode encontrar, apesar de seu silêncio sobre o corpo, traços de um corporar não coisificado. A investigação explicita, além disso, que a analítica heideggeriana permite visualizar o ser do homem para além da leitura dualista para quem o humano se compõe de partes interdependentes, isto é, o corpo e a alma, ou o organismo vivo e as representações mentais, em que o que há de mutante, de instável, de corruptível, ou seja, o corpo, sempre foi entendido como menor ou de dignidade teórica inferior àquela da alma ou da racionalidade. À luz da analítica, ao contrário, o ser do homem é visado segundo uma concepção unitária e não fragmentadora, cuja totalidade não é resultado da mera soma de partes, mas se perfaz de momentos constitutivos essenciais, entre os quais, porém, não figura o corpo. De acordo com essa leitura una e indivisa da totalidade da existência, em todo caso, o corpo vem à tona não como o mero oposto da alma, visto que não há mais lugar para qualquer oposição ou dualidade. O ser do homem, com efeito, nem se deixa ver através de seu organismo vivo nem de suas representações mentais, mas como uma terceira coisa entre esses dois polos dicotômicos. Assim concebendo o homem, o corpo, por sua vez, nem se deixa ver entre os caracteres ôntico-materiais do ser-aí, visto que, como o disse o próprio Heidegger, o corpo humano é algo de outro em relação ao organismo animal, nem entre os caracteres ontológico-formais, pois nesse caso o ser-aí seria algo como uma vapor flutuante ou fantasma, sem concreção mundana. Desse modo, o corpo se deve ver enquanto uma terceira coisa ou, à luz da imagem que nos vem da literatura de Rosa, como a terceira margem entre o que há de ôntico e o que há de ontológico no ser-aí, como um fenômeno intermediário, portanto.
Descrição
Citação
Coleções