O contraponto da República: Raimundo Nina Rodrigues e a loucura epidêmica de Canudos (1897)

Data
2019-04-25
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
This research aims to analyze the actions of the maranhense physician Raimundo Nina Rodrigues (1962-1906) on Collective Psychology’s field, in view of their political and scientific intentions. Based on the methodological proposal of the British historian Quentin Skinner, we sought to understand the meanings of Nina Rodrigues' texts from the construction of links between the author, his work and the social, political and scientific context in which he was inserted. A witness to the abolition of slavery and the proclamation of the Republic, this physician built his career around the Faculty of Medicine of Bahia, surrounded by a network of relations with doctors and politicians of national projection, and was deeply concerned with the issues that involved the construction of the nation at the moment of transition from the monarchical regime to the republican. Often associated with his studies on the Afro-Brazilian population, in which racial´s assumptions are evident, Nina Rodrigues had his thesis marked by scientific racism. However, from the analysis of the articles that the doctor dedicated to the religious communities in Brazil, among them the case of Canudos, we note an attempt to relativize the influence of the racial factor as a trigger for pathologies, in explaining of the specificities' of mestizo population of the Brazil. Approaching the authors of the "social psychology", Gabriel Tarde and Gustave Le Bon, Nina Rodrigues took into account political and social factors to explain Canudos, although he did not completely abandon the importance of race in the outbreak of the disease that he believed to have reached the sertaneja population.
Essa pesquisa tem como objetivo analisar as atuações do médico maranhense Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906) na área da Psicologia Coletiva tendo em vista suas intencionalidades políticas e científicas. Partindo da proposta metodológica do historiador britânico Quentin Skinner, buscamos compreender os significados dos textos de Nina Rodrigues a partir da construção de nexos entre o autor, sua obra e o contexto social, político e científico em que esteve inserido. Testemunha da abolição da escravidão e da proclamação da República, o médico maranhense construiu sua carreira em torno da Faculdade de Medicina da Bahia, situado em uma rede de relações com médicos e políticos de projeção nacional, e mostrou-se profundamente preocupado com as questões que envolviam a construção da nação no momento de transição do regime monárquico para o republicano. Frequentemente associado aos seus estudos sobre a população afro-brasileira, nos quais os pressupostos raciais são evidentes, Nina Rodrigues teve seu pensamento marcado pelo racismo científico. Entretanto, a partir da análise dos artigos que o médico dedicou às coletividades religiosas no Brasil, entre eles o caso de Canudos, notamos uma tentativa de relativização da influência do fator racial como deflagrador de patologias, ao explicar as especificidades da população mestiça do Brasil. Aproximando-se dos autores da chamada “psicologia social”, Gabriel Tarde e Gustave Le Bon, Nina Rodrigues levou em consideração fatores políticos e sociais para explicar Canudos, ainda que não abandonasse por completo a importância da raça na eclosão da doença que acreditou ter atingido a população sertaneja.
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