PPG - História
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- ItemAcesso aberto (Open Access)Verona Paulistana: O conflito entre as famílias Pires e Camargo pelo domínio da São Paulo colonial(Universidade Federal de São Paulo, 2024-09-30) Franco, Fabrizio Pereira; Vilardaga, José Carlos; http://lattes.cnpq.br/1838494280447174; http://lattes.cnpq.br/7508863509171383Pedro Taques, um genealogista do século XVIII, escreve uma crônica, narrando o seguinte episódio: Alberto Pires assassina a própria esposa, Leonor Cabral de Camargo, iniciando uma série de mortes sob uma atmosfera repleta de mentiras, o que resultará numa pequena guerra civil em São Paulo. Em 1654, José de Camargo toma posse da Câmara de Vereadores para impedir que um Pires se torne juiz. Entre os séculos XIX e XX, o historiador Afonso Taunay apresenta suas interpretações do conflito: as duas famílias de colonos, Pires e Camargo, lutaram entre si pelo poder político da vila de São Paulo. Para Taunay, suas opiniões divergiam sobre assuntos que marcavam a época, seja por qual rei apoiar em Portugal – o espanhol Felipe II, que assumiu o trono português após a morte de Dom Henrique, ou o português Dom João IV, de modo que retornasse ao trono –, seja com relação à volta da Companhia de Jesus a São Paulo após sua expulsão em 1640. A questão principal, no entanto, consistia na disputa pelo domínio da vila paulistana. Essas discordâncias fomentaram o ódio entre as duas famílias, algo que o historiador paulista comparava às disputas dos Capuleti e Montecchi de Verona, da obra Romeu e Julieta de Shakespeare. Taques e Taunay não foram os únicos que pesquisaram essas famílias. Assim, com base em teorias e hipóteses formuladas por diversos historiadores, esta pesquisa procura realizar um estudo sobre diversos aspectos desse conflito na Vila de Piratininga para entender: (i) de que modo o conflito começou e como se perpetuou por décadas; (ii) a interferência da Coroa Portuguesa no processo de pacificação e seu impacto na política paulista; e, por fim, (iii) o uso da historiografia da contenda para criar uma imagem histórica do período colonial. Com isso, pretende-se oferecer uma análise de como a história dos Pires e dos Camargo reverberou no imaginário da sociedade até os dias de hoje.
- ItemAcesso aberto (Open Access)"A fruta cultivada em honra de Hera”: a tradição argiva na associação da romã ao culto da deusa em Poseidônia (séc. V-IV a.C.)(Universidade Federal de São Paulo, 2024-09-27) Correia, Erik de Lima [UNIFESP]; Francisco, Gilberto da Silva; http://lattes.cnpq.br/2958430778914322; http://lattes.cnpq.br/5995266025500961Esta pesquisa busca tratar da associação das romãs ao culto da deusa Hera, levando em conta sua ampla associação em diferentes espaços e cronologias e, a partir deste debate amplo, investigar a tradição argiva e enquadrá-la junto à associação da fruta ao culto da deusa em Poseidônia no período clássico (séc. V-IV a.C.), por meio de um estudo de caso que percorrerá as especificidades desta associação frente à religiosidade no período e no espaço proposto. Objetiva-se, desta forma, compreender como a tradição dessa associação, transmitida em um intenso processo de colonização grega, principalmente dos gregos aqueus originários da região da Argólida, irá influenciar nessa associação, bem como compreender sua recepção no local e as influências culturais que a cerca, tema bastante discutido pela bibliografia. Essa associação e sua permanência serão analisadas também no período lucaniano, tendo em mente que, a partir do fim da segunda metade do século V a.C., a região de Poseidônia estará sob domínio desse povo de origem itálica. Por meio da análise das estatuetas de terracota, assim como alguns modelos de romã, apoiada por uma bibliografia especializada no tema e de outras fontes textuais, como testemunhos escritos, compreendeu-se que a associação da romã com Hera na primeira metade do século V a.C. é particularmente forte devido à influência marcante da presença grega na região durante esse período. Com o tempo, o cânone geral mudou, mas a associação com a romã persistiu, sendo parte de uma tradição de culto. Essa associação começou a ser alterada com a influência dos lucanianos, entretanto a mudança não foi completa. Em relação à tradição argiva, houve uma certa continuidade, mas essa tradição também se modificou com o tempo, incorporando características locais e da vizinhança e adquirindo novas nuances e especificidades.
- ItemAcesso aberto (Open Access)A reinvenção de Fúlvio Abramo: relações entre história e literatura em Vita, de Benvenuto Cellini, e sua tradução na era Vargas (1934-1939)(Universidade Federal de São Paulo, 2024-09-11) Leal, Claudia Maria Monteiro [UNIFESP]; Toledo, Maria Rita de Almeida [UNIFESP]; Toledo, Edilene Teresinha [UNIFESP]; http://lattes.cnpq.br/8399485670405275; http://lattes.cnpq.br/0174591208393017; http://lattes.cnpq.br/5766644715588480Um texto historiográfico, por meio de seus recursos teórico-metodológicos, busca interpretar as ações, as sensibilidades e as ideias do sujeito, também responsabiliza-se por analisar a veiculação dos fenômenos políticos, sociais e culturais nas diferentes formas narrativas e nos diversos contextos temporais. Assim, em conformidade com essa lógica, nota-se que uma obra literária se estabelece a partir de uma relação dialética entre a realidade social e agência individual, bem como determinada por sua condição de produção. A partir dessa perspectiva, esta pesquisa tencionou investigar a tradução para a língua portuguesa do livro autobiográfico La Vita Di Benvenuto Cellini, Scritta Da Lui Medesimo, do escultor Benvenuto Cellini, escrito entre 1558 e 1566, publicada no Brasil pela Athena Editora, em 1939. A versão brasileira foi elaborada pelo jornalista Fúlvio Abramo, militante de esquerda ligado ao movimento trotskista, sob o pseudônimo de J. L. Moreira, na década de 1930, quando de seu encarceramento no presídio político Maria Zélia, em São Paulo, para torná-la também um instrumento de denúncia dos abusos de violência e da corrupção do sistema carcerário e policial dessa estrutura prisional, palco de torturas e assassinatos no contexto do período constitucional da Era Vargas. A partir das fontes pesquisadas e do cotejamento entre o texto original e o traduzido, a pesquisa delineou a teoria de que a tradução da obra desempenha a função de uma versão e não somente o dever de uma vertente comprometida com a fidedignidade. Desse modo, a questão que guia esta análise é a de que a tradução brasileira do livro autobiográfico de Cellini pode ser estudada sob a perspectiva histórico-cultural. Ademais, o estudo observou os conceitos da teoria do efeito estético de Wolfgang Iser e suas funções na versão brasileira, uma vez que, no texto, percebem-se significados implícitos, formações discursivas e sentidos ocultos deixados pelo autor, constituindo um discurso subliminar, que foi compreendido e interpretado de acordo com as competências específicas do sujeito-leitor, conforme as noções apontadas por Roger Chartier e, de acordo com o conceito de leitor implícito de Wolfang Iser.
- ItemAcesso aberto (Open Access)Diplomacia e imprensa pelo prisma da escravidão: significações transnacionais da Guerra do Paraguai (1864-1870)(Universidade Federal de São Paulo, 2024-09-12) Mekitarian, João Paulo Saul; Costa, Wilma Peres; http://lattes.cnpq.br/1353008197382462; http://lattes.cnpq.br/3208679320342537Este trabalho aborda a Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai (1864-1870) em uma perspectiva transnacional, explorando as reverberações do conflito em órgãos de imprensa estadunidenses e franceses. A relevância de incorporar olhares que partem dessas duas nações, que tentaram, sem sucesso, exercer mediação diplomática no conflito da Bacia do Prata, é que elas possibilitam pensar algumas dimensões geopolíticas do escravismo e de sua crise ao norte e ao sul do continente, bem como o destino dos regimes monárquicos em território americano. A Guerra de Secessão (1861-1865) havia terminado precisamente quando se iniciou a Guerra da Tríplice Aliança, e as marcas da guerra civil americana faziam-se sentir ainda de forma evidente, moldando, de certo modo, as visões que a imprensa produzia sobre a América do Sul, onde a questão da escravidão adquiria protagonismo. A Segunda Intervenção Francesa no México (1861-1867), com a tentativa de impor um monarca europeu na América do Norte, por sua vez, foi contemporânea da Guerra Civil Americana e se estendeu durante os anos iniciais da Guerra da Tríplice Aliança, conectando-se com ambos os conflitos, seja através das fronteiras vivas da escravidão, seja através dos impasses geopolíticos geridos pela Doutrina Monroe em sua relação com o Velho Mundo. A partir dessa documentação e de sua recepção pela diplomacia brasileira, o trabalho busca analisar algumas estratégias desenvolvidas pelo Império para trabalhar a imagem do país no exterior durante o conflito.
- ItemAcesso aberto (Open Access)História para viver, experiências para se escrever: a trajetória intelectual de Marcia Barbosa Mansor D'Alessio (1967-2000)(Universidade Federal de São Paulo, 2024-09-18) Silva, Bruno Cruz da; Franzini, Fábio; http://lattes.cnpq.br/3058395202773677; http://lattes.cnpq.br/3768190185700920Este trabalho tem como objetivo analisar a trajetória intelectual da professora e historiadora Marcia Barbosa Mansor D'Alessio no período de 1967 a 2000, uma fase decisiva em sua formação acadêmica. Durante esse tempo, a vida intelectual de Marcia D'Alessio foi profundamente influenciada pela intersecção entre sua militância política e sua produção historiográfica. Em um contexto em que o regime militar no Brasil ameaçava a liberdade acadêmica e sufocava os princípios democráticos, sua atuação como historiadora destacou-se pela resistência através do movimento estudantil, refletindo a íntima conexão entre seu engajamento político e suas inquietações epistemológicas. A historiografia de Marcia D'Alessio foi profundamente moldada por sua vivência pessoal e por sua atuação em sala de aula.