Experiências insustentáveis e pequenos gestos de sustentação em uma casa-serviço
Data
2019-09-23
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Normality as a requirement appears as an important feature in contemporary subjectivation policies with implications in an Therapeutic Residential Service (TRS) work. With the statements of equality, rights and a society clear of insane asylums, the strategy to take away their institutional character disintegrates the cloister and can allow the arise of an individual with rights, liberal, socially included, in leisure, at work, in consumption, etc. To transform a health service (therapeutic) into a home, is one of the statements turned into problems in this investigation with an house-TRS in Cidade Ademar, in the city of São Paulo. In everyday life we find a certain hybridity in the ―house-TRS‖ with multiple stresses in life management modes. Crossed by the discourse of deinstitutionalization and psychiatric reform, this research tried to give readability to what seemed to be integral and institutionalized in this proposal of ongoing deinstitutionalization. Brands, minimal gestures and experiences have come up with people living in a house-TRS involving house, city, health workers and subjectivation policies. The production of narratives was one of the strategies to give thickness to this investigation, they carry marks of the arrival into the house, the appropriation of the space and the adjustment of relationships. These narratives were not performed to praise, oppose or militate, but rather to allow vital questions and the possibility of finding different relationships with the madness, the house, with the unsustainable that crosses us daily. The accompaniment of the lives inside the house, working there, researching, was done in blocks, in pieces: a love, a yard, a joy, a room, a health, a living room, a death, a policy, a closet, etc. With these problems and very concrete pieces, we started thinking about the deinstitutionalization as an institution. With this line of thought, the research attempted to construct credible images, tried to create new perceptions, follow a deinstitutionalization project in us, with what we want and we talk every day. By narrative images, I tried to express experiences of a house- TRS with its topological disputes, zones of political asylum liberator, bughouse, normopathy, in certain cases scrutinizing an TRS political asylum that shelters, protects and also can be a "school of administrative alienation". These are small blocks, that were written with the lives of residents who left the bughouse, now inhabited by other tensions in the house-TRS. A difficult support, with diverse effects, focusing on politics, lovingness, work of groping what vibrates and happens in the everyday life of a house-TRS, with vital experiences, undocked, liberations of what they say is humanization, a certain civilizing adhesion, adjusting modes of existence. An ethical- clinical-political research of blocks research, pieces of a production, surveys of untamed lives, with docilizations, discipline, control, etc. Accompanying the occupation of a room, a yard and no longer a bughouse courtyard, with good and bad encounters, disinvesting dressage and submission even with the insistence of walls that rise in the relations with health and madness.
A normalidade como exigência aparece como um traço importante nas políticas de subjetivação contemporâneas com incidência no trabalho em um Serviço residencial terapêutico (SRT). Com os enunciados da igualdade, dos direitos e de uma sociedade livre de manicômios, a estratégia de desinstitucionalização desinveste a clausura e pode permitir a emergência de um sujeito de direitos, liberal, incluído na cidade, no lazer, trabalho, consumo. Fazer de um serviço de saúde (terapêutico) uma casa, é um dos enunciados problematizados nesta investigação em um SRT do bairro Cidade Ademar, em São Paulo. No dia a dia, encontramos certo hibridismo casa-serviço com uma multiplicidade de tensões nos modos de gestão da vida. Atravessada pelo discurso da desinstitucionalização e da reforma psiquiátrica, esta pesquisa tentou dar dizibilidade ao que parecia instituinte e institucionalizado nesta proposta de desinstitucionalização em curso. Emergiram marcas, mínimos gestos, experiências com os que habitam uma casa- SRT enredando casa, cidade, trabalhadores da saúde e políticas de subjetivação. A produção de narrativas foi uma das estratégias para dar espessura a essa investigação; elas arrastam marcas da chegada à casa, da apropriação do espaço e da tessitura de relações. Os exercícios narrativos foram sondagens não para elogiar, se opor ou fazer militância, mas permitir questionamentos vitais e a possibilidade de encontrar distintas relações com a loucura, a casa, com o insustentável que diariamente nos atravessa. Acompanhar vidas em uma casa, trabalhar ali, pesquisar, foi se fazendo em blocos, em peças: um amor, um quintal, uma alegria, um quarto, uma saúde, uma sala, uma morte, uma política, um armário etc. Com esses problemas e peças muito concretas, interessou pensar a desinstitucionalização como uma instituição. Com essa aposta, a pesquisa buscou engendrar imagens verossímeis, tentou criar visibilidades, acompanhar um projeto de desinstitucionalização em nós, com o que deseja e fala em nós no dia a dia. Através de imagens narrativas, tentou-se expressar uma experiência de casa-SRT com suas topologias em disputa, zonas de asilo-político-liberador, asilo-manicomial, normopatia, perscrutando, em certos casos, um SRT asilo político que refugia, protege e que também pode ser uma "escola de alienação administrativa". São pequenos blocos, escritos de vida com moradores saídos do asilo-hospital psiquiátrico, agora habitados por outras tensões na casa-SRT. Uma sustentação difícil, com efeitos diversos, incidindo em políticas na amorosidade, num trabalho de tatear aquilo que vibra e acontece no dia a dia de uma casa-SRT, com experiências vitais, desencaixadas, liberações da dita humanização, em parte adesão civilizatória, ajeitando modos de existência. Trata-se de uma aposta ético-clínico-política de pesquisa em blocos, peças de uma produção, sondagens de vidas não domesticadas, com docilizações, disciplina, controle, em que se acompanha a ocupação de um quarto, um quintal, e não mais um pátio de hospício, com bons e maus encontros, desinvestindo o adestramento e a submissão mesmo com a insistência de muros que se erguem nas relações com a saúde e a loucura.
A normalidade como exigência aparece como um traço importante nas políticas de subjetivação contemporâneas com incidência no trabalho em um Serviço residencial terapêutico (SRT). Com os enunciados da igualdade, dos direitos e de uma sociedade livre de manicômios, a estratégia de desinstitucionalização desinveste a clausura e pode permitir a emergência de um sujeito de direitos, liberal, incluído na cidade, no lazer, trabalho, consumo. Fazer de um serviço de saúde (terapêutico) uma casa, é um dos enunciados problematizados nesta investigação em um SRT do bairro Cidade Ademar, em São Paulo. No dia a dia, encontramos certo hibridismo casa-serviço com uma multiplicidade de tensões nos modos de gestão da vida. Atravessada pelo discurso da desinstitucionalização e da reforma psiquiátrica, esta pesquisa tentou dar dizibilidade ao que parecia instituinte e institucionalizado nesta proposta de desinstitucionalização em curso. Emergiram marcas, mínimos gestos, experiências com os que habitam uma casa- SRT enredando casa, cidade, trabalhadores da saúde e políticas de subjetivação. A produção de narrativas foi uma das estratégias para dar espessura a essa investigação; elas arrastam marcas da chegada à casa, da apropriação do espaço e da tessitura de relações. Os exercícios narrativos foram sondagens não para elogiar, se opor ou fazer militância, mas permitir questionamentos vitais e a possibilidade de encontrar distintas relações com a loucura, a casa, com o insustentável que diariamente nos atravessa. Acompanhar vidas em uma casa, trabalhar ali, pesquisar, foi se fazendo em blocos, em peças: um amor, um quintal, uma alegria, um quarto, uma saúde, uma sala, uma morte, uma política, um armário etc. Com esses problemas e peças muito concretas, interessou pensar a desinstitucionalização como uma instituição. Com essa aposta, a pesquisa buscou engendrar imagens verossímeis, tentou criar visibilidades, acompanhar um projeto de desinstitucionalização em nós, com o que deseja e fala em nós no dia a dia. Através de imagens narrativas, tentou-se expressar uma experiência de casa-SRT com suas topologias em disputa, zonas de asilo-político-liberador, asilo-manicomial, normopatia, perscrutando, em certos casos, um SRT asilo político que refugia, protege e que também pode ser uma "escola de alienação administrativa". São pequenos blocos, escritos de vida com moradores saídos do asilo-hospital psiquiátrico, agora habitados por outras tensões na casa-SRT. Uma sustentação difícil, com efeitos diversos, incidindo em políticas na amorosidade, num trabalho de tatear aquilo que vibra e acontece no dia a dia de uma casa-SRT, com experiências vitais, desencaixadas, liberações da dita humanização, em parte adesão civilizatória, ajeitando modos de existência. Trata-se de uma aposta ético-clínico-política de pesquisa em blocos, peças de uma produção, sondagens de vidas não domesticadas, com docilizações, disciplina, controle, em que se acompanha a ocupação de um quarto, um quintal, e não mais um pátio de hospício, com bons e maus encontros, desinvestindo o adestramento e a submissão mesmo com a insistência de muros que se erguem nas relações com a saúde e a loucura.
Descrição
Citação
POLASTRINI, Julliana Borges. Experiências insustentáveis e pequenos gestos de sustentação em uma casa-serviço. 2019. 96f. Dissertação (Mestrado profissional) - Escola Paulista de Enfermagem, Instituto de Saúde e Sociedade, Universidade Federal de São Paulo, Santos, 2019.