Iluminação no ambiente de trabalho para melhora do humor e alerta em trabalhadores diurnos: revisão sistemática

Data
2019-01-31
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Background: Exposure to light plays a crucial role in biological processes, influencing mood and alertness. Daytime workers may be exposed to insufficient or inappropriate light during daytime, leading to mood disturbances and decreases in levels of alertness. Objectives: To assess the effectiveness and safety of lighting interventions to improve alertness and mood in daytime workers. Methods: We searched the Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), MEDLINE, Embase, seven other databases; Clinical-Trials.gov and the World Health Organization trials portal up to January 2018. We included randomized controlled trials (RCTs), and non-randomized controlled before-after trials (CBAs) that employed a crossover or parallel-group design, focusing on any type of lighting interventions applied for daytime workers. Two review authors independently screened references in two stages, extracted outcome data and assessed risk of bias. We used standardized mean differences (SMDs) and 95%confidence intervals (CI) to pool data from different questionnaires and scales assessing the same outcome across different studies. We combined clinically homogeneous studies in a meta-analysis. We used the GRADE system to rate quality of evidence. Results: The search yielded 2844 references. After screening titles and abstracts, we considered 34 full text articles for inclusion. We scrutinized reports against the eligibility criteria, resulting in the inclusion of five studies (three RCTs and two CBAs) with 282 participants altogether. These studies evaluated four types of comparisons: cool-white light, technically known as high correlated color temperature (CCT) light versus standard illumination; different proportions of indirect and direct light; individually applied blue-enriched light versus no treatment; and individually applied morning bright light versus afternoon bright light for subsyndromal seasonal affective disorder. We found no studies comparing one level of illuminance versus another. We found two CBA studies (163 participants) comparing high CCT light with standard illumination. By pooling their results via meta-analysis, we found that high CCT light may improve alertness (SMD −0.69, 95% CI −1.28 to −0.10; Columbia Jet Lag Scale and the Karolinska Sleepiness Scale) when compared to standard illumination. In one of the two CBA studies with 94 participants there was no difference in positive mood (mean difference (MD) 2.08, 95% CI −0.1 to 4.26) or negative mood (MD −0.45, 95% CI −1.84 to 0.94) assessed using the Positive and Negative Affect Schedule (PANAS) scale. High CCT light may have fewer adverse events than standard lighting (one CBA; 94 participants). Both studies were sponsored by the industry. We graded the quality of evidence as very low. We found one RCT (64 participants) comparing the effects of different proportions of direct and indirect light: 100% direct lighting, 70% direct lighting plus 30% indirect lighting, 30% direct lighting plus 70% indirect lighting and 100% indirect lighting. There was no substantial difference in mood, as assessed by the Beck Depression Inventory, or in adverse events, such as ocular, reading or concentration problems, in the short or medium term. We graded the quality of evidence as low. We found two RCTs comparing individually administered light versus no treatment. According to one RCT with 25 participants, blue-enriched light individually applied for 30 minutes a day may enhance alertness (MD −3.30, 95% CI −6.28 to −0.32; Epworth Sleepiness Scale) and may improve mood (MD −4.8, 95% CI −9.46 to −0.14; Beck Depression Inventory). We graded the quality of evidence as very low. One RCT with 30 participants compared individually applied morning bright light versus afternoon bright light for subsyndromal seasonal affective disorder. There was no substantial difference in alertness levels (MD 7.00, 95% CI −10.18 to 24.18), seasonal affective disorder symptoms (RR 1.60, 95% CI 0.81, 3.20; number of participants presenting with a decrease of at least 50% in SIGH-SAD scores) or frequency of adverse events (RR 0.53, 95% CI 0.26 to 1.07). Among all participants, 57% had a reduction of at least 50% in their SIGH-SAD score. We graded the quality of evidence as low. Publication bias could not be assessed for any of these comparisons. Conclusions: There is very low-quality evidence based on two CBA studies that high CCT light may improve alertness, but not mood, in daytime workers. There is very low-quality evidence based on one CBA study that high CCT light may also cause less irritability, eye discomfort and headache than standard illumination. There is low-quality evidence based on one RCT that different proportions of direct and indirect light in the workplace do not affect alertness or mood. There is very low-quality evidence based on one RCT that individually applied blue-enriched light improves both alertness and mood. There is low-quality evidence based on one RCT that individually administered bright light during the afternoon is as effective as morning exposure for improving alertness and mood in subsyndromal seasonal affective disorder.
Introdução: A exposição à luz exerce papel crucial em diversos processos biológicos e influencia o estado do humor e alerta. Trabalhadores diurnos podem estar expostos à luz de forma insuficiente ou inapropriada durante o período diurno, propiciando o desenvolvimento de transtornos do humor e a redução dos níveis de alerta. Objetivo: Avaliar a efetividade e segurança de intervenções de iluminação para melhora do estado de humor e alerta em trabalhadores diurnos. Métodos: Revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados (ECRs) e estudos não randomizados, do tipo controlado antes-depois (CAD) e séries temporais interrompidas, que tenham avaliado os efeitos das intervenções de iluminação ou da aplicação de luz sobre os níveis de alerta e humor em trabalhadores diurnos. Buscas nas bases de dados eletrônicas pesquisadas (MEDLINE, Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), NIOSHTIC, NIOSHTIC-2, HSELINE, CISDOC, LILACS e SCOPUS) foram realizadas, sendo que a última atualização foi conduzida em janeiro de 2018. As bases de registros de ensaios clínicos ClinicalTrials.gov e WHO-ICTRP também foram pesquisadas. Não houve restrição em relação ao idioma ou data de publicação. As referências encontradas foram triadas em duas etapas, de forma independente, por dois avaliadores. Na primeira etapa, foram rastreadas as referências com bases em seus títulos e resumos, e, na segunda etapa, os textos completos foram avaliados frente aos critérios de inclusão e exclusão. Os dados foram extraídos por dois autores, utilizando-se formulário de extração de dados previamente desenvolvido e testado. Como medida resumo da estimativa de tamanho do efeito, foi calculada a diferença média padronizada (DMP) ou a diferença de média (DM) com intervalo de confiança de 95% (IC 95%), para desfechos contínuos; e o risco relativo (RR), para desfechos dicotômicos. Os dados referentes aos desfechos foram inseridos no programa RevMan, para a realização das metanálises, utilizando-se o modelo de efeitos randômicos. A qualidade metodológica dos ECRs foi avaliada por meio da tabela de risco de viés da Cochrane e dos estudos CAD por meio dos domínios de validade interna do Downs and Black Checklist, de acordo com os métodos previamente definidos no protocolo. A avaliação da qualidade do corpo final de evidências foi realizada pelos critérios do GRADE, em seus cinco domínios, e apresentada nas tabelas de resumo dos achados. Resultados: Foram incluídos três ECRs e dois estudos não randomizados CAD, compreendendo um total de 271 participantes e comparando quatro diferentes tipos de intervenção de iluminação. Os ECRs foram considerados como apresentando alto risco de viés, de uma maneira geral. Os estudos CAD foram considerados como tendo boa qualidade metodológica, porém com as limitações inerentes ao desenho de estudo. As seguintes comparações foram avaliadas. Comparação 1: iluminação com alta temperatura de cor correlacionada (TCC) versus iluminação convencional (dois estudos CAD); Comparação 2: diferentes esquemas de iluminação combinando proporções distintas de luz por fonte indireta e direta, comparados entre si (um ECR); Comparação 3: aplicação individual de luz enriquecida no espectro azul versus nenhum tratamento (um ECR); Comparação 4: administração individual de luz brilhante no período da tarde versus administração do mesmo tratamento no período da manhã, em indivíduos com transtorno afetivo sazonal subsindrômico (um ECR). Iluminação com alta TCC associou-se à melhora dos níveis de alerta (DMP = −0,69, IC95% = −1,28 a −0,10; Columbia Jet Lag Scale e Karolinska Sleepiness Scale), porém sem influenciar o estado de humor, em seus aspectos positivos (DM = 2,08, IC95% = −0,1 a 4,26) e negativos (DM = −0,45, IC95% = −1,84 a 0,94). Esta intervenção foi considerada segura, estando associada a menor ocorrência de eventos adversos, quando comparada à iluminação convencional. Diferentes esquemas de iluminação combinando proporções distintas de luz por fontes diretas e indiretas não influenciaram o estado de humor (DM = 1.00, IC95% = −2,86 a 4,86; n = 22; Beck Depression Inventory II), ou a ocorrência de eventos adversos (DM = −0,10, IC95% = −0,92 a 0,72; n = 22). A exposição individual à luz enriquecida no espectro azul associou-se à melhora dos níveis de alerta (DM = −3,30, IC95% = −6,28 a −0,32; Epworth Sleepiness Scale) e do estado de humor (DM = −4,8, IC95% = −9,46 a −0,14; Beck Depression Inventory). A ocorrência de eventos adversos não foi relatada. Exposição individual à luz no período da tarde parece ser tão eficaz para melhorar o humor quanto à exposição à luz no período da tarde, em indivíduos com transtorno afetivo sazonal subsindrômico (RR = 1,60, IC95% = 0,81 a 3,20; n = 30; Structured Interview Guide for the Hamilton Depressive Rating Scale, versão para transtorno afetivo sazonal). Não houve diferença entre os dois grupos em relação aos níveis de alerta (DM = 7,0, IC95% = -10,18 a 24,18, n= 30; escala visual analógica), ou em relação à ocorrência de eventos adversos (RR = 0,53, IC95% = 0,26 a 1,07, n=30). Conclusões: Existe evidência de muito baixa qualidade baseada em dois estudos CAD indicando que iluminação com alta TCC possa melhorar os níveis de alerta em trabalhadores diurnos, mas sem exercer influência sobre o humor. Existe evidência de muito baixa qualidade, baseada em um estudo CAD, de que a iluminação com alta TCC possa causar menos irritabilidade, desconforto ocular e cefaleia, quando comparada à iluminação convencional. Existe evidência de baixa qualidade baseada em um ECR de que diferentes proporções de luz direta e indireta no ambiente de trabalho não afetem os níveis de alerta ou humor. Existe evidência de muito baixa qualidade baseada em um ECR de que luz brilhante administrada individualmente durante o período da tarde seja tão efetiva quanto a administração do mesmo tratamento no período da manhã, para a melhora dos níveis de alerta e do humor em pessoas com transtorno sazonal subsindrômico.
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