Análises sobre a relação do uso de contraceptivos hormonais e padrão de sono em mulheres em idade fértil
Data
2019-05-30
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Female sexual hormones have known hypnogenic effects and the use of hormonal replacement therapy in postmenopausal women leads to improvement in sleep quality. However, the effects of hormonal contraceptives in premenopausal women is still scarcely understood. The present thesis consisted of two studies addressing the theme. The first one sought to evaluate the impact of hormonal contraceptive use on subjective sleep self-reports among premenopausal women through a web-based cross-sectional trial. A total of 2,055 premenopausal women between 18 and 40 years-old participated answering an online questionnaire evaluating hormonal contraceptive use, sleeprelated characteristics and related features. In addition to questions about the self-perception of sleep parameters, the sleep assessment tools comprised the Epworth Sleepiness Scale (ESS) and the Insomnia Severity Index (ISI). A first level of analysis assessed differences between hormonal contraceptive users and non-users. In a second level of analysis, we compared whether there was a significant difference in sleep parameters between combined contraceptive users and progestagen-only contraceptive users. Generations of contraceptives were evaluated at a third level of analysis and, finally, we assessed possible sleep effects between oral progestagen-only contraceptives and levonorgestrelreleasing intrauterine system type. Of the total sample, only 1286 participants met the inclusion criteria, of which 918 were using hormonal contraceptives (Combined: 848; Progestagen-only: 70). Hormonal contraceptive users reported more sleep complaints and higher scores on ESS and IGI, which means they had excessive daytime sleepiness and more insomnia symptoms. Women using progestagen-only contraceptives reported a shorter total sleep time compared to those using the combined contraceptive. Users of 3rd generation contraceptives presented lower total sleep time and higher IGI scores when compared with nonusers. Comparisons between users of levonorgestrel intrauterine devices and users of other progestagen-only hormonal contraceptives demonstrated a lower sleepiness score, as measured by ESS, among levonorgestrel intrauterine device users in both raw and corrected analysis (intrauterine device users: 9.12±4.57; other progestagens-only: 11.58±4.59). The second study addressed a systematic review and meta-analyses aiming at synthesizing the evidences about the effects of hormonal contraceptives in sleep among premenopausal women. The databases for the bibliographic research were Pubmed, Scopus and Web of Science. The Bibliographic search retrieved 2402 articles, which were reduced to a sample of ten articles after an articles selection process. In total 13 parameters related to sleep were meta-analyzed. It was only possible to include studies of before and after, transversal and cohort design. The only significant result was observed in the total time in the bed, however this data isolated from other sleep parameters does not allow robust conclusions. These data showed a lack of studies in this area and the need to promote research on the possible effects of hormonal contraceptives on sleep in women of reproductive age.
Estudos relatam que há uma influência forte dos hormônios esteroides sobre o sono. Em mulheres na pós-menopausa essa relação parece bem definida, pois com a queda hormonal há o aumento de queixas relacionadas ao sono. Essas queixas diminuem quando essas mulheres passam por terapia hormonal. Entretanto, os efeitos dos hormônios sintéticos, presentes nos contraceptivos utilizados pelas mulheres em idade reprodutiva, não são bem descritos em relação ao sono. A presente tese constituiu-se de dois estudos abordando o tema. O primeiro foi realizado por meio de um estudo transversal, em plataforma digital, com o objetivo de avaliar o impacto dos contraceptivos hormonais sobre o perfil de sono de mulheres na pré-menopausa. Um total de 2.055 mulheres, com idade de 18 a 40 anos, responderam o questionário online. Além de perguntas sobre a auto-percepção de parâmetros de sono, as ferramentas utilizadas para avaliar o sono foram a Escala de Sonolência de Epworth (ESE) e o Índice de Gravidade de Insônia (IGI). Um primeiro nível de análise avaliou se havia diferença entre as usuárias e as não usuárias de contraceptivos hormonais. Em um segundo nível de análise, comparou-se se havia diferença significativa nos parâmetros de sono entre o contraceptivo do tipo combinado e o contraceptivo do tipo progestágeno isolado. As gerações de contraceptivos foram avaliadas em um terceiro nível de análise e, por fim, considerou-se examinar os possíveis efeitos no sono entre os contraceptivos de progestágeno do tipo oral e os de tipo sistema intrauterino liberador de levonorgestrel. Da amostra total, somente 1286 participantes respeitavam os critérios de inclusão, das quais 918 estavam utilizando contraceptivos hormonais (Combinado: 848; Progestágeno isolado: 70). Usuárias de contraceptivo hormonal relataram mais queixas de sono e escores mais altos no ESE e IGI, ou seja, apresentaram mais sonolência e mais sintomas de insônia. Mulheres que utilizavam contraceptivo do tipo progestágeno isolado relataram menor tempo de sono comparado com as que utilizavam o contraceptivo do tipo combinado. Usuárias dos contraceptivos de 3a geração apresentaram menor tempo de sono e maior escore de IGI, ao serem comparadas com as não usuárias. As usuárias do sistema intrauterino liberador de levonorgestrel apresentaram menor sonolência que as usuárias de contraceptivo oral de progestágeno, avaliada pelo ESE. O segundo estudo abordou a síntese de evidências de efeitos dos contraceptivos hormonais no sono por meio de meta-análises. As bases de dados para as pesquisas bibliográficas foram o Pubmed, Scopus e Web of Science. Na primeira fase de busca foram selecionados 2402 artigos, que após aplicação de critérios de inclusão gerou uma amostra de dez artigos com a possibilidade de análise de 13 parâmetros relacionados ao sono. Só foi possível incluir estudos de desenho antes e depois, transversal e coorte, o que denotou ao estudo uma característica mais exploratória. O único resultado significativo foi o tempo total no leito, entretanto esse dado isolado de outros parâmetros de sono não permite conclusões em torno do tema. A análise desses dados evidenciou uma escassez de trabalhos científicos nesta área e a necessidade de se promover estudos sobre os possíveis efeitos dos contraceptivos hormonais no sono de mulheres em idade reprodutiva.
Estudos relatam que há uma influência forte dos hormônios esteroides sobre o sono. Em mulheres na pós-menopausa essa relação parece bem definida, pois com a queda hormonal há o aumento de queixas relacionadas ao sono. Essas queixas diminuem quando essas mulheres passam por terapia hormonal. Entretanto, os efeitos dos hormônios sintéticos, presentes nos contraceptivos utilizados pelas mulheres em idade reprodutiva, não são bem descritos em relação ao sono. A presente tese constituiu-se de dois estudos abordando o tema. O primeiro foi realizado por meio de um estudo transversal, em plataforma digital, com o objetivo de avaliar o impacto dos contraceptivos hormonais sobre o perfil de sono de mulheres na pré-menopausa. Um total de 2.055 mulheres, com idade de 18 a 40 anos, responderam o questionário online. Além de perguntas sobre a auto-percepção de parâmetros de sono, as ferramentas utilizadas para avaliar o sono foram a Escala de Sonolência de Epworth (ESE) e o Índice de Gravidade de Insônia (IGI). Um primeiro nível de análise avaliou se havia diferença entre as usuárias e as não usuárias de contraceptivos hormonais. Em um segundo nível de análise, comparou-se se havia diferença significativa nos parâmetros de sono entre o contraceptivo do tipo combinado e o contraceptivo do tipo progestágeno isolado. As gerações de contraceptivos foram avaliadas em um terceiro nível de análise e, por fim, considerou-se examinar os possíveis efeitos no sono entre os contraceptivos de progestágeno do tipo oral e os de tipo sistema intrauterino liberador de levonorgestrel. Da amostra total, somente 1286 participantes respeitavam os critérios de inclusão, das quais 918 estavam utilizando contraceptivos hormonais (Combinado: 848; Progestágeno isolado: 70). Usuárias de contraceptivo hormonal relataram mais queixas de sono e escores mais altos no ESE e IGI, ou seja, apresentaram mais sonolência e mais sintomas de insônia. Mulheres que utilizavam contraceptivo do tipo progestágeno isolado relataram menor tempo de sono comparado com as que utilizavam o contraceptivo do tipo combinado. Usuárias dos contraceptivos de 3a geração apresentaram menor tempo de sono e maior escore de IGI, ao serem comparadas com as não usuárias. As usuárias do sistema intrauterino liberador de levonorgestrel apresentaram menor sonolência que as usuárias de contraceptivo oral de progestágeno, avaliada pelo ESE. O segundo estudo abordou a síntese de evidências de efeitos dos contraceptivos hormonais no sono por meio de meta-análises. As bases de dados para as pesquisas bibliográficas foram o Pubmed, Scopus e Web of Science. Na primeira fase de busca foram selecionados 2402 artigos, que após aplicação de critérios de inclusão gerou uma amostra de dez artigos com a possibilidade de análise de 13 parâmetros relacionados ao sono. Só foi possível incluir estudos de desenho antes e depois, transversal e coorte, o que denotou ao estudo uma característica mais exploratória. O único resultado significativo foi o tempo total no leito, entretanto esse dado isolado de outros parâmetros de sono não permite conclusões em torno do tema. A análise desses dados evidenciou uma escassez de trabalhos científicos nesta área e a necessidade de se promover estudos sobre os possíveis efeitos dos contraceptivos hormonais no sono de mulheres em idade reprodutiva.
Descrição
Citação
BEZERRA, Andréia Gomes. Análises sobre a relação do uso de contraceptivos hormonais e padrão de sono em mulheres em idade fértil. 2019. 105 f. Tese (Doutorado em Psicobiologia) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo.