A carne infinita do mundo: o entre Clarice e Yoga

Data
2020-10-06
Tipo
Trabalho de conclusão de curso
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Resumo
No livro A Paixão segundo G.H., de Clarice Lispector, a personagem G.H. ao dirigir-se ao quarto da empregada, chega ao seu deserto como o espírito transformado em camelo, cansada e impotente. Mas é no quarto vazio que ela se depara com uma barata e este encontro a fará sentir uma tremenda desestabilização dando início à dissolução de sua forma. É nesse momento de perder-se em que ela se encontrará e a vida antes negada passará a ser afirmada. Esse processo vivido pela personagem se assemelha a experiência de samādhi do yogin. Apesar de o livro tratar da narração póstuma de um acontecimento e suas reverberações na personagem, é possível traçar uma paralela ao caminho do yoga: G.H. e o yogin parecem compartilhar uma jornada em comum, a da libertação. Para ela será a liberação de uma vida humanizada demais, uma vida de excessivos contornos e decadente. Para o yogin trata-se de kaivalya, a liberação em vida. O yoga, que embora possa pregar certa renúncia à vida na busca pela liberação do espírito, é um tanto paradoxal e pode proporcionar também um modo mais afirmativo de se viver. G.H. e o yogin, ao permitirem a dissolução do Eu, renascerão com uma nova percepção de si e da realidade e prontos para trilharem seus próprios caminhos e inventarem suas verdades. A liberação para ambos, longe de significar o fim, a morte, dará início a uma vida.
In the novel The passion according to G.H., written by Clarice Lispector, the character G.H., as she goes by the maid‘s room, she reaches her desert like the spirit transformed into a camel, tired and impotent. But it is in that empty room that she sees a cockroach and that encounter will make her feel a tremendous destabilization, starting the dissolution of her own form. It is in this moment of loss, that she will find herself, and the life that was previously denied, will be affirmed. This process lived by the character ressembles to the yogin‘s experience of samādhi. Although the novel deals with a postumous narration of an event and its reverberations on the character, it is possible to draw a parallel to the path of yoga: G.H. and the yogin seem to share a common journey of liberation. To her, it will be the liberation of a life that was too humanized, a decadent life full of excessive countours. To the yogin it is about kaivalya, the liberation in life. Though yoga might preach a certain renounce of life in the search of the liberation of spirit, it is somewhat paradoxal and can also provide a more affirmative way of living. G.H. and the yogin, by allowing the dissolution of the Ego, will be reborn with a new perspective of themselves and the reality and ready to walk their own paths and create their own truth. The liberation, for both of them, far from meaning the end, will start a life.
Descrição
Citação
OYAKAWA, Karoline de Oliveira. A carne infinita do mundo: o entre Clarice e Yoga. 2020. 44 f. Trabalho de conclusão de curso de graduação (Psicologia) - Instituto de Saúde e Sociedade, Universidade Federal de São Paulo, Santos, 2020.
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