Efetividade de um Aparelho Intra-Oral (AIO) sobre Parâmetros Cardiovasculares e Qualidade de Vida em pacientes com Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS)
Data
2010
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Obstructive Sleep Apnea Syndrome (OSAS) is a high prevalence condition, associated with high morbidity due to cardiovascular and cognitive consequences. According to certain studies, those consequences can be reverted with OSA clinical treatment, with CPAP („Continuous Positive Airway Pressure‟) or OA (Oral Appliance). Objectives: compare the effect of an OA to CPAP on 24-hour ambulatory blood pressure monitoring (ABPM), heart rate variability (HRV), oxidative stress, quality of life and attention, in the same group of patients with moderate to severe OSAS. Methods: in a randomized, crossover, double-blind controlled trial, 29 moderate to severe OSAS patients were submitted to the following treatments during one month: OA, CPAP and an OA placebo. Diaries were used to access compliance to both treatments. At baseline and after one month of each treatment the following procedures were undertaken: full night Polysomnography, Epworth sleepiness scale, Fletcher & Lucket questionnaire, 24-hour ABPM, HRV evaluation, fasting blood samples to oxidative stress parameters (MDA, catalase, SOD, vitamins C, E, B6, B12, folate, homocysteine, uric Acid), SF-36 quality of life inventory and attention test by Complex Reaction Test (CRTL-NY). Correlations were done between polysomnographic data and ABPM, HRV, oxidative stress, quality of life and attention parameters. Results: both active treatments led to a decrease in the apnea and hypopnea index and SDS, although CPAP had a greater effect. The compliance rate was higher during OA treatment than during CPAP (86.3±3.0% versus 72.0±4.2%; p<0.05). For BP parameters, only diastolic-BP dipping with CPAP (mean±SEM: 8.5±1.3 mmHg) was worse than the baseline parameter (11.5±1.5 mmHg) (p<0.05). Also, the proportion of diastolic BP dippers subjects was reduced with CPAP compared to OA (37% x 62.9%, p<0.05). For HRV parameters, there was repercussion on autonomic modulation with both treatments. We found decrease in total power at night with CPAP (14608.6±960.9 m2/Hz) and OA (15576.9±1123.3 m2/Hz), both compared to placebo (19108.8±1759.1 m2/Hz) (p<0.05). We also observed a reduction in LF/HF ratio (LF: low frequency; HF: high frequency) of the night with OA (3.7±0.4) compared to placebo (4.6±0.7) (p<0.05) and CPAP (4.7±0.4) (p<0.05); and also a reduction in LF/HF ratio of REM sleep with OA (5.1±0.6) compared to CPAP (9.3±2.1) (p<0.05). Also, there was a decrease in ISAV (index of sleep autonomic variation = LF REM – LF SWS) with OA (1491.0±328.6) compared to baseline (2854.9±580.0) (p<0.05). A significant drop from baseline in the levels of catalase activity was observed after OA (95.3±4.6 versus 115.8±5.2_U/mgHb; p<0.01), specially to OA responders. For SF-36, we found significant improvement in four out of eight domains: social aspects, vitality, mental health and general state of health. The results were slightly superior to OA than to CPAP. We also found significant improvement in attention with both treatments. Conclusion: Even though CPAP proved to be more effective in attenuating OSAS, the better compliance with OA favored the repercussion on autonomic modulation, reduction of one of the enzymes which participates in oxidative stress, and the betterment of quality of life and attention in moderate to severe OSAS patients.
A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é uma condição altamente prevalente, comprovadamente associada à elevada morbidade em função de suas consequências cardiovasculares e cognitivas. Segundo alguns estudos, tais consequências podem ser revertidas com o tratamento clínico da SAOS, seja esse na forma de CPAP („Continuous Positive Airway Pressure‟) ou AIO (aparelho intra-oral). Objetivos: comparar o efeito do AIO ao CPAP na pressão arterial sistêmica de 24 horas, na variabilidade da frequência cardíaca, em medidas de estresse oxidativo, na qualidade de vida e atenção, num mesmo grupo de pacientes com SAOS de grau moderado a grave. Casuística e Métodos: em um desenho de estudo randomizado, cruzado, duplo-cego e controlado com placebo, 29 pacientes com SAOS moderada a grave foram submetidos a um mês dos seguintes tratamentos: AIO, CPAP e aparelho placebo. Diários foram usados para abordar a adesão aos tratamentos. Na condição basal e após cada tratamento os pacientes foram avaliados por: escala de sonolência de Epworth, questionário de Fletcher e Lucket, polissonografia completa de noite inteira, monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) de 24 horas, avaliação da variabilidade da frequência cardíaca (VFC), coleta de sangue em jejum para medidas de estresse oxidativo (MDA, catalase, SOD, vitaminas C, E, B6, B12, folato, homocisteína, ácido úrico), e na manhã seguinte à polissonografia, avaliação da qualidade de vida pelo inventário de qualidade de vida SF-36 e da atenção pelo teste de reação complexa (CRTL-NY). Foi realizada correlação entre os dados polissonográficos com a variáveis da MAPA, da VFC, do estresse oxidativo, da qualidade de vida e da atenção. Resultados: ambos os tratamentos ativos (AIO e CPAP) levaram a uma redução no índice de apneia e hipopneia e na escala de Epworth, embora o CPAP tenha sido superior. A adesão foi significantemente maior para o AIO do que para o CPAP (86.3±3.0% versus 72.0±4.2%; p<0.05). Para os parâmetros da MAPA, apenas o descenso da pressão arterial diastólica (PAD) foi pior com o CPAP (média±erro-padrão: 8.5±1.3 mmHg) quando comparado ao basal (11.5±1.5 mmHg) (p<0.05), e também foi menor a proporção de indivíduos com descenso da PAD com CPAP quando comparado ao AIO (37% versus 62,9%; p<0,05). Na VFC, os resultados apontam para uma repercussão na modulação autonômica com os dois tratamentos, com uma redução na potência total da noite com CPAP (14608.6±960.9 ms2/Hz) e com AIO (15576.9±1123.3 ms2/Hz), ambas comparadas ao placebo (19108.8±1759.1 ms2/Hz) (p<0.05). Observamos ainda uma redução na razão LF/HF (LF: “low frequency” ou componente de baixa frequência / HF: “high frequency” ou componente de alta frequência) da noite para o AIO (3,7±0,4) comparado ao placebo (4,6±0,7) (p<0.05) e ao CPAP (4,7±0,4) (p<0.05); e redução da razão LF/HF do sono REM com AIO (5,1±0,6) comparado ao CPAP (9,3±2,1) (p<0.05). Houve ainda uma redução no IVAS (índice de variação da atividade simpática durante o sono = LF REM – LF -SOL) com AIO (1491.0±328.6) comparado ao basal (2854.9±580.0) (p<0,05). No estresse oxidativo, observamos uma redução significante nos níveis da atividade da enzima catalase após o tratamento com AIO comparado ao basal (95.3±4.6 versus 115.8±5.2_U/mgHb; p<0.01), especialmente para os pacientes do sub-grupo de sucesso ao AIO. No inventário de qualidade de vida SF-36, houve melhora em quatro dos oito domínios com o AIO: aspectos sociais, vitalidade, saúde mental e estado geral de saúde, sendo os resultados levemente superiores aos observados com CPAP. Foi ainda demonstrada uma melhora da atenção, medida pelo teste de reação complexa com os dois tratamentos. Conclusões: mesmo tendo sido demonstrado que o CPAP foi mais eficaz em atenuar a SAOS, a melhor adesão ao AIO proporcionou uma repercussão na modulação autonômica, favoreceu a redução de uma das enzimas que participa do estresse oxidativo, e melhorou a qualidade de vida e a atenção de pacientes com SAOS moderada a grave.
A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é uma condição altamente prevalente, comprovadamente associada à elevada morbidade em função de suas consequências cardiovasculares e cognitivas. Segundo alguns estudos, tais consequências podem ser revertidas com o tratamento clínico da SAOS, seja esse na forma de CPAP („Continuous Positive Airway Pressure‟) ou AIO (aparelho intra-oral). Objetivos: comparar o efeito do AIO ao CPAP na pressão arterial sistêmica de 24 horas, na variabilidade da frequência cardíaca, em medidas de estresse oxidativo, na qualidade de vida e atenção, num mesmo grupo de pacientes com SAOS de grau moderado a grave. Casuística e Métodos: em um desenho de estudo randomizado, cruzado, duplo-cego e controlado com placebo, 29 pacientes com SAOS moderada a grave foram submetidos a um mês dos seguintes tratamentos: AIO, CPAP e aparelho placebo. Diários foram usados para abordar a adesão aos tratamentos. Na condição basal e após cada tratamento os pacientes foram avaliados por: escala de sonolência de Epworth, questionário de Fletcher e Lucket, polissonografia completa de noite inteira, monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) de 24 horas, avaliação da variabilidade da frequência cardíaca (VFC), coleta de sangue em jejum para medidas de estresse oxidativo (MDA, catalase, SOD, vitaminas C, E, B6, B12, folato, homocisteína, ácido úrico), e na manhã seguinte à polissonografia, avaliação da qualidade de vida pelo inventário de qualidade de vida SF-36 e da atenção pelo teste de reação complexa (CRTL-NY). Foi realizada correlação entre os dados polissonográficos com a variáveis da MAPA, da VFC, do estresse oxidativo, da qualidade de vida e da atenção. Resultados: ambos os tratamentos ativos (AIO e CPAP) levaram a uma redução no índice de apneia e hipopneia e na escala de Epworth, embora o CPAP tenha sido superior. A adesão foi significantemente maior para o AIO do que para o CPAP (86.3±3.0% versus 72.0±4.2%; p<0.05). Para os parâmetros da MAPA, apenas o descenso da pressão arterial diastólica (PAD) foi pior com o CPAP (média±erro-padrão: 8.5±1.3 mmHg) quando comparado ao basal (11.5±1.5 mmHg) (p<0.05), e também foi menor a proporção de indivíduos com descenso da PAD com CPAP quando comparado ao AIO (37% versus 62,9%; p<0,05). Na VFC, os resultados apontam para uma repercussão na modulação autonômica com os dois tratamentos, com uma redução na potência total da noite com CPAP (14608.6±960.9 ms2/Hz) e com AIO (15576.9±1123.3 ms2/Hz), ambas comparadas ao placebo (19108.8±1759.1 ms2/Hz) (p<0.05). Observamos ainda uma redução na razão LF/HF (LF: “low frequency” ou componente de baixa frequência / HF: “high frequency” ou componente de alta frequência) da noite para o AIO (3,7±0,4) comparado ao placebo (4,6±0,7) (p<0.05) e ao CPAP (4,7±0,4) (p<0.05); e redução da razão LF/HF do sono REM com AIO (5,1±0,6) comparado ao CPAP (9,3±2,1) (p<0.05). Houve ainda uma redução no IVAS (índice de variação da atividade simpática durante o sono = LF REM – LF -SOL) com AIO (1491.0±328.6) comparado ao basal (2854.9±580.0) (p<0,05). No estresse oxidativo, observamos uma redução significante nos níveis da atividade da enzima catalase após o tratamento com AIO comparado ao basal (95.3±4.6 versus 115.8±5.2_U/mgHb; p<0.01), especialmente para os pacientes do sub-grupo de sucesso ao AIO. No inventário de qualidade de vida SF-36, houve melhora em quatro dos oito domínios com o AIO: aspectos sociais, vitalidade, saúde mental e estado geral de saúde, sendo os resultados levemente superiores aos observados com CPAP. Foi ainda demonstrada uma melhora da atenção, medida pelo teste de reação complexa com os dois tratamentos. Conclusões: mesmo tendo sido demonstrado que o CPAP foi mais eficaz em atenuar a SAOS, a melhor adesão ao AIO proporcionou uma repercussão na modulação autonômica, favoreceu a redução de uma das enzimas que participa do estresse oxidativo, e melhorou a qualidade de vida e a atenção de pacientes com SAOS moderada a grave.