Interações entre sono e marcadores de padrões desfavoráveis de composição corporal
Data
2018-06-28
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Background: Evidence suggests that patterns of body composition such as obesity, sarcopenia and sarcopenic obesity (SO) are associated with sleep changes beginning in middle age. Circadian hormonal oscillations also undergo significant transformations along aging and may affect body composition. However, investigations into the associations between sleep and body
composition are still scarce. Objectives: To investigate, using three studies, the interactions between sleep and its disturbances with unfavorable patterns of body composition in adults. First, we evaluated the effects of a pharmacological agent on sleep and the hormonal axes involved in body metabolism in older men. Second, we analyzed the association between sleep and serum levels of 25-hydroxyvitamin D (25(OH)D), a possible mediator of muscle and lipid metabolism, in a sample from a clinical setting. Finally, we investigated associations of poor sleep markers and sleep disturbances with adverse body composition patterns in a
population-based sample. Methods: In study 1, a double-blind, randomized, placebo-controlled, crossover clinical trial tested the effects of gabapentin 300mg on serum hormone levels and sleep parameters in healthy older men (>60 years). Nocturnal growth hormone (GH), testosterone, and cortisol serum measures were
collected every 20 minutes. Polysomnography (PSG) measured the effects of the intervention on sleep structure and respiratory parameters. In study 2, PSG data and serum quantification of 25 (OH)D were analyzed in adults from a clinically evaluated sample. Logistic regression models assessed the cross-sectional associations between the risk of 25 (OH) D deficiency (<30 ng / mL) and indicators of poor sleep and sleep disorders. In study 3, in a population-based adult sample, sleep was evaluated by several methods, and electrical bioimpedance (BIA) evaluated body composition. Appendicular skeletal muscle mass (ASMM) adjusted for body mass index (BMI) morphologically defined sarcopenia (men <0.789; women <0.512). Total body fat defined obesity (men> 30%, women> 40%) and SO was defined by the overlap between the two conditions. The cross-sectional associations between sleep and body composition were analyzed using multinomial logistic regression models. Results: In 8 older men, gabapentin 300mg did not increase the percentage of sleep stage 3 (N3) and total nocturnal GH secretion (median: 1.63 ng/mL, p = 0.21) did not differ from placebo (median 1.08 ng/mL). The apnea and hypopnea index (AHI) and the oxygen esaturation
index (ODI) increased in the comparisons between placebo and gabapentin (median AHI: 6.90 vs. 21.4, p = 0.01; ODI: 6.45 vs. 15.2, p = 0.01). In the 657 participants in study 2, the risk of 25(OH)D deficiency was associated with obstructive sleep apnea (OSA) (OR: 1.89, 95%CI: 1.29-2.77), nocturnal hypoxemia (OR: 2.62, 95%CI 95 %: 1.56-4.32) and short duration of sleep (< 6hs)
(OR: 1.56, 95%CI: 1.11-2.21). In the 707 participants in study 3, severe OSA (AHI>30) was associated with OS (OR: 3.23, 95%CI: 1.10-9.53) and nocturnal hypoxemia was associated with obesity (OR: 2.48, 95%CI: 1.45-4.25) and OS (OR = 2.12, 95%CI: 1.10-4.10). Conclusions: Taken together, our findings derived from different studies suggest an intricate pathophysiologic relationship between sleep disorders, especially OSA, and adverse body composition patterns, which may go beyond fat deposition and involve muscle metabolism. Likewise, vitamin D may play a modulatory role in the associations between sleep and body
composition and, in older men, not only the increase in adipose tissue but also the morphofunctional muscle decline may be a risk factor for OSA.
Introdução: Evidências sugerem que padrões de composição corporal, como obesidade, sarcopenia e obesidade sarcopênica (OS), estão associados a mudanças na qualidade e na duração do sono que se iniciam na meia idade. Variações hormonais circadianas também sofrem transformações marcantes ao longo do envelhecimento e podem afetar a composição corporal. Entretanto, investigações sobre as associações entre sono e composição corporal são ainda escassas. Objetivos: Investigar por meio de 3 experimentos as interações entre sono e seus distúrbios com padrões desfavoráveis de composição corporal em adultos. Primeiramente, avaliamos os efeitos de um agente farmacológico sobre o sono e os eixos hormonais envolvidos no metabolismo corporal em homens idosos. Em segundo, analisamos a associação entre sono e o nível sérico de 25- hidroxivitamina D (25(OH)D), um possível mediador do metabolismo muscular e lipídico, em uma amostra de origem clínica. Por fim, investigamos as associações de marcadores de sono ruim e de distúrbios do sono com padrões adversos de composição corporal em uma amostra populacional. Métodos: No estudo 1, um ensaio clínico cruzado, duplo-cego, randomizado, controlado por placebo, testou os efeitos de uma dose de gabapentina 300mg sobre níveis séricos hormonais e parâmetros do sono em homens idosos (>60 anos) saudáveis. Medidas séricas noturnas de hormônio do crescimento (GH), testosterona e cortisol foram coletadas a cada 20 minutos. A polissonografia (PSG) mediu os efeitos da intervenção na estrutura e nos parâmetros respiratórios do sono. No estudo 2, dados de PSG e quantificação sérica de 25(OH)D foram analisados em adultos de uma amostra avaliada clinicamente. Modelos de regressão logística avaliaram a associação transversal entre o risco de deficiência de 25(OH)D (<30 ng/mL) e os indicadores de sono ruim e seus distúrbios. No estudo 3, em uma amostra de base populacional, o sono foi avaliado por diversos instrumentos e a bioimpedância elétrica (BIA) avaliou a composição corporal. A massa muscular esquelética apendicular (MMEA) ajustada para o índice de massa corporal (IMC) definiu morfologicamente a sarcopenia (homens <0,789; mulheres <0,512). A gordura corporal total definiu a obesidade (homens >30%, mulheres >40%) e a OS foi definida pela sobreposição entre as duas condições. As associações transversais entre sono e composição corporal foram analisadas por meio de regressões logísticas multinomiais. Resultados: Em 8 homens idosos, gabapentina 300mg não aumentou o percentual do estágio 3 do sono (N3) e a secreção total noturna de GH após a intervenção (mediana: 1,63 ng/mL, p=0,21) não diferiu do placebo (mediana: 1,08 ng/mL). O índice de apneia e hipopneia (IAH) e o índice de dessaturação de oxigênio (IDO) se elevaram nas comparações entre placebo e gabapentina (medianas IAH: 6,90 vs. 21,4, p=0,01; e IDO: IDO: 6,45 vs. 15,2, p=0,01). Nos 657 participantes do estudo 2, o risco de deficiência de 25(OH)D foi associado a apneia obstrutiva do sono (AOS) (OR: 1,89, IC95%:1,29-2,77), hipoxemia noturna (OR: 2,62, IC95%: 1,56-4,32) e curta duração do sono (< 6hs) (OR: 1,56, IC95%: 1,11-2,21). Nos 707 participantes do estudo 3, a AOS grave (IAH>30) foi associada à OS (OR: 3,23, IC95%: 1,10-9,53) e a hipoxemia noturna foi associada a obesidade (OR: 2,48, IC 95%: 1,45-4,25) e OS (OR = 2,12, IC 95%: 1,10-4,10). Conclusões: Em conjunto, nossos achados obtidos em estudos diversos sugerem uma relação fisiopatológica complexa entre os distúrbios do sono, principalmente a AOS, e os padrões adversos de composição corporal, que pode ir além da deposição de gordura e envolver o metabolismo muscular. Nesse sentido, a vitamina D pode desempenhar um papel modulador nas associações entre sono e composição corporal e, em idosos, não somente o aumento do tecido adiposo, mas também o declínio morfofuncional muscular pode ser um fator de risco para a AOS.
Introdução: Evidências sugerem que padrões de composição corporal, como obesidade, sarcopenia e obesidade sarcopênica (OS), estão associados a mudanças na qualidade e na duração do sono que se iniciam na meia idade. Variações hormonais circadianas também sofrem transformações marcantes ao longo do envelhecimento e podem afetar a composição corporal. Entretanto, investigações sobre as associações entre sono e composição corporal são ainda escassas. Objetivos: Investigar por meio de 3 experimentos as interações entre sono e seus distúrbios com padrões desfavoráveis de composição corporal em adultos. Primeiramente, avaliamos os efeitos de um agente farmacológico sobre o sono e os eixos hormonais envolvidos no metabolismo corporal em homens idosos. Em segundo, analisamos a associação entre sono e o nível sérico de 25- hidroxivitamina D (25(OH)D), um possível mediador do metabolismo muscular e lipídico, em uma amostra de origem clínica. Por fim, investigamos as associações de marcadores de sono ruim e de distúrbios do sono com padrões adversos de composição corporal em uma amostra populacional. Métodos: No estudo 1, um ensaio clínico cruzado, duplo-cego, randomizado, controlado por placebo, testou os efeitos de uma dose de gabapentina 300mg sobre níveis séricos hormonais e parâmetros do sono em homens idosos (>60 anos) saudáveis. Medidas séricas noturnas de hormônio do crescimento (GH), testosterona e cortisol foram coletadas a cada 20 minutos. A polissonografia (PSG) mediu os efeitos da intervenção na estrutura e nos parâmetros respiratórios do sono. No estudo 2, dados de PSG e quantificação sérica de 25(OH)D foram analisados em adultos de uma amostra avaliada clinicamente. Modelos de regressão logística avaliaram a associação transversal entre o risco de deficiência de 25(OH)D (<30 ng/mL) e os indicadores de sono ruim e seus distúrbios. No estudo 3, em uma amostra de base populacional, o sono foi avaliado por diversos instrumentos e a bioimpedância elétrica (BIA) avaliou a composição corporal. A massa muscular esquelética apendicular (MMEA) ajustada para o índice de massa corporal (IMC) definiu morfologicamente a sarcopenia (homens <0,789; mulheres <0,512). A gordura corporal total definiu a obesidade (homens >30%, mulheres >40%) e a OS foi definida pela sobreposição entre as duas condições. As associações transversais entre sono e composição corporal foram analisadas por meio de regressões logísticas multinomiais. Resultados: Em 8 homens idosos, gabapentina 300mg não aumentou o percentual do estágio 3 do sono (N3) e a secreção total noturna de GH após a intervenção (mediana: 1,63 ng/mL, p=0,21) não diferiu do placebo (mediana: 1,08 ng/mL). O índice de apneia e hipopneia (IAH) e o índice de dessaturação de oxigênio (IDO) se elevaram nas comparações entre placebo e gabapentina (medianas IAH: 6,90 vs. 21,4, p=0,01; e IDO: IDO: 6,45 vs. 15,2, p=0,01). Nos 657 participantes do estudo 2, o risco de deficiência de 25(OH)D foi associado a apneia obstrutiva do sono (AOS) (OR: 1,89, IC95%:1,29-2,77), hipoxemia noturna (OR: 2,62, IC95%: 1,56-4,32) e curta duração do sono (< 6hs) (OR: 1,56, IC95%: 1,11-2,21). Nos 707 participantes do estudo 3, a AOS grave (IAH>30) foi associada à OS (OR: 3,23, IC95%: 1,10-9,53) e a hipoxemia noturna foi associada a obesidade (OR: 2,48, IC 95%: 1,45-4,25) e OS (OR = 2,12, IC 95%: 1,10-4,10). Conclusões: Em conjunto, nossos achados obtidos em estudos diversos sugerem uma relação fisiopatológica complexa entre os distúrbios do sono, principalmente a AOS, e os padrões adversos de composição corporal, que pode ir além da deposição de gordura e envolver o metabolismo muscular. Nesse sentido, a vitamina D pode desempenhar um papel modulador nas associações entre sono e composição corporal e, em idosos, não somente o aumento do tecido adiposo, mas também o declínio morfofuncional muscular pode ser um fator de risco para a AOS.
Descrição
Citação
PIOVEZAN, Ronaldo Delmonte. Interações entre sono e marcadores de padrões desfavoráveis de composição corporal. Tese (Doutorado em Ciências) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2018.