Consumo alcoólico e trauma em mulheres de países desenvolvidos e em desenvolvimento: estudo multicêntrico em prontos-socorros

Data
2018-03-21
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Objectives: (1) to compare alcohol consumption by women treated in emergency rooms of developed and developing countries; (2) to delineate the sociodemographic profile of women who were assisted in emergency rooms with alcohol-related injuries; (3) to describe the occurrence of violent injury in women who consumed alcohol six hours before the injury. Methods: This is a prospective, cross-sectional study that evaluated women’s alcohol consumption treated in emergency rooms with complaints of non-fatal injuries within 6 hours. A questionnaire standardized by WHO was used; the self-report of alcohol consumption in the 24 hours prior to the contact and the blood alcohol concentration. A sample comprised of data collected from hospitals in 15 countries with 3937 women as part of two multicentre studies: ERCAAP (Emergency Room Collaborative Alcohol Analysis Project) and WHO (World Health Organization Collaborative Study on Alcohol Injuries ), both with the same research methodology. Descriptive analyses were performed with a 95% confidence interval (CI). Results: The average age of the women investigated was 39.85 years (SD = 18.23) and the minimum and maximum age ranged from 18 to 98 years. Women from developed countries with higher education (43.1% with high school education and 37.2% with college education) compared to women in developing countries (44.8% with elementary school education and 36.6% with high school education). More than half of the women in developing countries (52.3%) reported they had not drunk in the prior 12 months (abstinence) and 2.0% said they had been drinking on a daily basis. Overall, women in developing countries showed a higher frequency of binge drinking (consumption of 5 to 11 doses at a time) (33%) than women in developed countries (27.5%). Violence was more prevalent in developed countries (32.1%) than in developing countries (25.5%). Violent injuries were more prevalent in developing countries (18.1%) than in developed countries (8.6%). An association between violent injuries and frequency of consumption in the last 12 months was observed, both in developing countries (p = 0.0069) and in developed countries (p = 0.0082). It was also discovered that the percentage of violent injuries in abstinent women (20.3%), who rarely consumed (14.4%), occasionally (14.2%) and frequently (27.5%) from developing countries was higher than in women from developed countries (7.1%, 6.2%, 8.7% and 12.4%, respectively). Conclusions: Although injuried women from developing countries had the highest prevalence of abstinence rates and the lowest rates of daily alcohol consumption, they drank more dangerously and had more violent injuries than those from developed countries. The data of this study indicates that the occurrence of injuries among women and the association with alcohol consumption should consider socioeconomic differences, patterns of consumption and situations of violence in order to influence the implementation of prevention, health promotion and treatment for this population.
Objetivos: (1) Comparar o consumo alcoólico das mulheres que foram atendidas em prontos-socorros de países desenvolvidos e em desenvolvimento; (2) Delinear o perfil sociodemográficos das mulheres que foram atendidas nesses prontos-socorros com presença de trauma e alcoolemia; (3) Descrever a ocorrência de trauma violento em mulheres que consumiram álcool seis horas antes da ocorrência do trauma. Método: Trata-se de um estudo prospectivo de corte transversal que avaliou o consumo alcoólico das mulheres atendidas em prontos-socorros com queixa de trauma não fatal dentro de 6 horas. Foi utilizado um questionário padronizado pela OMS; o autorrelato do consumo de álcool nas últimas 24 horas antes do contato e a concentração de álcool no sangue. A amostra foi composta por dados coletados em hospitais de 15 países com 3937 mulheres como parte de dois estudos multicêntricos: o ERCAAP (Emergency Room Colaborative Alcohol Analysis Project ) e o WHO (World Health Organization Collaborative Study on Alcohol Injuries ), ambos com metodologia de pesquisa semelhante. Foram realizadas análises descritivas com intervalo de confiança (IC) de 95%. Resultados: A idade média das mulheres investigadas foi de 39,85 anos (DP = 18,23) e a idade mínima e máxima variou entre 18 e 98 anos. Mulheres de países desenvolvidos tinham maior nível de escolaridade (43,1% ensino médio e 37,2% ensino superior) se comparadas às mulheres de países em desenvolvimento (44,8% ensino fundamental e 36,6% ensino médio). Quase a metade das mulheres dos países em desenvolvimento (52,3%) relataram não ter bebido nos últimos 12 meses (abstinentes) e 2% disseram ter bebido diariamente. Em geral, as mulheres dos países em desenvolvimento tiveram mais episódios de binge drinking (consumo de 5 a 11 doses de uma única vez) (33%) em relação às mulheres dos países desenvolvidos (27,5%). A violência foi mais prevalente nos países desenvolvidos (32,1%), quando comparada com os países em desenvolvimento (25,5%). O trauma violento foi mais prevalente nos países em desenvolvimento (18,1%) do que nos países desenvolvidos (8,6%). Observou-se associação entre trauma violento e frequência de consumo nos últimos 12 meses, tanto em países em desenvolvimento (p=0,0069), quanto em países desenvolvidos (p=0,0082). Verificouse ainda que a porcentagem de trauma violento em mulheres abstinentes (20,3%), que consumiram raramente (14,4%), ocasionalmente (14,2%) e frequentemente (27,5%), de países em desenvolvimento foram superiores aos das mulheres residentes nos países desenvolvidos (7,1%, 6,2%, 8,7% e 12,4%, respectivamente). Conclusões: Mulheres de países em desenvolvimento que sofreram trauma, embora tenham apresentado maior prevalência na taxa de abstinência e menor taxa na prevalência de consumo diário de álcool, beberam de forma mais perigosa e apresentaram mais trauma violento quando comparadas aos países desenvolvidos. Os dados deste estudo evidenciam que a associação de trauma em mulheres e o consumo de álcool deve considerar diferenças socioeconômicas, padrões de consumo e situações de violência a fim de influenciar a implementação de ações de prevenção, promoção da saúde e tratamento para esta população.
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