Conhecimentos e atitudes dos médicos generalistas das unidades básicas de saúde da cidade de São Paulo frente a pacientes com demência
Data
2018-02-09
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Objectives: To describe the knowledge and attitudes of the general practitioners of
the primary health care network in the city of São Paulo in relation to patients with
dementia and to identify which medical standards of attitudes are associated with
greater knowledge about the subject. Methods: Ten percent of the basic health units
of the city of São Paulo (N = 45), distributed proportionally in 6 Regional Health
Coordination Units, were randomly selected to collect data. Interviews were planned
with the two general practitioners who worked in each unit, obtaining a total of 81
physicians interviewed from the 90 predicted (9 refusals); they answered the
transculturally translated version of the Brazilian questionnaire for 2 British
questionnaires, the Knowledge Quiz and the Attitude Quiz (attitudes towards the
demented patient), as well as a sociodemographic
and occupational questionnaire
for understanding the profile of general practitioners working in primary care. A
descriptive analysis of data, the factor analysis of the main components of the
Attitude Quiz and the study of association between attitudes and knowledge plus the
multiple linear regression test were carried out to determine the relation between the
occupational and knowledge profile in dementia over the patterns of attitudes.
Results: The physicians interviewed had a median time of 5 years of graduation
(range 1 to 45 years); only 35.8% of them worked exclusively with primary care and
less than 40% had completed or were in medical residency or equivalent
specialization. The physicians showed a lower knowledge in the diagnosis of
dementia in relation to the epidemiology of the disease and its therapeutic
management (p <0.001). Their attitudes towards demented patients resulted in 4
factors explaining 63.2% of the total variability of the items: proactive optimist
(doctors' perception that they can contribute to the life quality of the elderly with
dementia and that they are willing to it, delegate attitude (perception that the
management of the elderly with dementia can be done with optimism, but they do not
take responsibility for it and delegate to other instances: α = 0.47), implicit
discouragement (doctors do not perceive themselves as pessimistic in the care of the
elderly, but they place in the family the difficulty of seeing the future in the
management of the elderly with dementia as if they were discouraged, α = 0.26) and
the explicit discouragement (doctors have the clear perception that any management
of them with the elderly with dementia will be fruitless; α = 0.47). The regression study showed that the attitude of explicit discouragement decreases the greater the
weekly workload of the physician in the units, and that the optimistic delegate attitude
of the physician decreases in the same situation, but also if the diagnosis of
dementia is greater and if this doctor has completed residency or specialization.
Conclusion: The lack of experience of physicians working at the UBS in São Paulo,
with little training in recognition of cognitive alterations in the elderly, impairs the
diagnostic recognition of dementia in the elderly and favors discouragement attitudes
among professionals. Investment in training in the form of continuing education and
in stimulating medical residency or equivalent specialization are key to improve
professional performance in the field of dementia in primary care.
Objetivos: Descrever os conhecimentos e atitudes dos médicos generalistas da rede básica de saúde da cidade de São Paulo em relação a pacientes com demência e identificar que padrões de atitudes dos médicos estão associados a maior conhecimento sobre o tema. Métodos: Dez por cento das unidades básicas de saúde da cidade de São Paulo (N=45), distribuídas proporcionalmente nas 6 Coordenadorias Regionais de Saúde foram sorteadas aleatoriamente para a coleta de dados. Foram previstos entrevistas com os 2 médicos generalistas que trabalhavam em cada unidade, obtendose ao todo 81 médicos entrevistados dos 90 previstos (9 recusas); eles responderam à versão traduzida e adaptada transculturalmente para o Brasil de 2 questionários britânicos, o Knowledge Quiz (conhecimentos sobre demências) e o Attitude Quiz (atitudes frente ao paciente dementado), além de um questionário sóciodemográfico e ocupacional para o entendimento do perfil dos médicos generalistas que atuam na atenção primária. Realizouse uma análise descritiva dos dados, a análise fatorial dos principais componentes do Attitude Quiz e o estudo de associação entre atitudes e conhecimentos, mais o teste de regressão linear múltipla para determinar a relação entre o perfil ocupacional e de conhecimento em demência sobre os padrões de atitudes. Resultados: Os médicos entrevistados tinham mediana de tempo de formado de 5 anos (variação de 1 a 45 anos); apenas 35,8% deles trabalhavam exclusivamente com atenção primária e menos de 40% tinham concluída ou estavam cursando alguma residência médica ou especialização equivalente. Os médicos mostraram um conhecimento menor em diagnóstico da demência em relação a epidemiologia da doença e manejo terapêutico da mesma (p<0,001). Suas atitudes em relação aos pacientes dementados resultaram em 4 fatores que explicavam 63,2% da variabilidade total dos itens: otimista proativo (percepção dos médicos de que eles veem que podem contribuir com a qualidade do cuidado do idoso com demência e que estão dispostos a efetivar este cuidado; α=0,63), otimista delegadora (percepção de que o manejo do idoso com demência pode ser feita com otimismo, porém eles não se responsabilizam por isso e delegam a outras instâncias; α=0,47), de desalento implícito (os médicos não se percebem pessimistas no cuidado do idoso mas depositam no familiar a dificuldade de ver futuro no manejo do idoso com demência, como se estes estivessem desalentados; α=0,26) e de desalento explícito (os médicos têm a percepção clara de que qualquer manejo deles com o idoso com demência será infrutífero; α=0,47). O estudo de regressão mostrou que a atitude de desalento explícito diminui quanto maior é a jornada de trabalho semanal do médico nas unidades, e que a atitude otimista delegadora do médico diminui na mesma situação, e também se maior for o conhecimento diagnóstico de demência e se este medico tiver residência ou especialização concluída. Conclusão: A pouca experiência dos médicos que atuam nas UBS de São Paulo, com pouca formação em reconhecimento de alteração cognitiva em idosos prejudica o reconhecimento diagnóstico de quadros de demência em idosos e favorece atitudes de desalento nos profissionais. O investimento na formação em forma de educação continuada e no estimulo à residência médica ou especialização equivalente são fundamentais para melhorar o desempenho profissional no campo da demência na atenção primária
Objetivos: Descrever os conhecimentos e atitudes dos médicos generalistas da rede básica de saúde da cidade de São Paulo em relação a pacientes com demência e identificar que padrões de atitudes dos médicos estão associados a maior conhecimento sobre o tema. Métodos: Dez por cento das unidades básicas de saúde da cidade de São Paulo (N=45), distribuídas proporcionalmente nas 6 Coordenadorias Regionais de Saúde foram sorteadas aleatoriamente para a coleta de dados. Foram previstos entrevistas com os 2 médicos generalistas que trabalhavam em cada unidade, obtendose ao todo 81 médicos entrevistados dos 90 previstos (9 recusas); eles responderam à versão traduzida e adaptada transculturalmente para o Brasil de 2 questionários britânicos, o Knowledge Quiz (conhecimentos sobre demências) e o Attitude Quiz (atitudes frente ao paciente dementado), além de um questionário sóciodemográfico e ocupacional para o entendimento do perfil dos médicos generalistas que atuam na atenção primária. Realizouse uma análise descritiva dos dados, a análise fatorial dos principais componentes do Attitude Quiz e o estudo de associação entre atitudes e conhecimentos, mais o teste de regressão linear múltipla para determinar a relação entre o perfil ocupacional e de conhecimento em demência sobre os padrões de atitudes. Resultados: Os médicos entrevistados tinham mediana de tempo de formado de 5 anos (variação de 1 a 45 anos); apenas 35,8% deles trabalhavam exclusivamente com atenção primária e menos de 40% tinham concluída ou estavam cursando alguma residência médica ou especialização equivalente. Os médicos mostraram um conhecimento menor em diagnóstico da demência em relação a epidemiologia da doença e manejo terapêutico da mesma (p<0,001). Suas atitudes em relação aos pacientes dementados resultaram em 4 fatores que explicavam 63,2% da variabilidade total dos itens: otimista proativo (percepção dos médicos de que eles veem que podem contribuir com a qualidade do cuidado do idoso com demência e que estão dispostos a efetivar este cuidado; α=0,63), otimista delegadora (percepção de que o manejo do idoso com demência pode ser feita com otimismo, porém eles não se responsabilizam por isso e delegam a outras instâncias; α=0,47), de desalento implícito (os médicos não se percebem pessimistas no cuidado do idoso mas depositam no familiar a dificuldade de ver futuro no manejo do idoso com demência, como se estes estivessem desalentados; α=0,26) e de desalento explícito (os médicos têm a percepção clara de que qualquer manejo deles com o idoso com demência será infrutífero; α=0,47). O estudo de regressão mostrou que a atitude de desalento explícito diminui quanto maior é a jornada de trabalho semanal do médico nas unidades, e que a atitude otimista delegadora do médico diminui na mesma situação, e também se maior for o conhecimento diagnóstico de demência e se este medico tiver residência ou especialização concluída. Conclusão: A pouca experiência dos médicos que atuam nas UBS de São Paulo, com pouca formação em reconhecimento de alteração cognitiva em idosos prejudica o reconhecimento diagnóstico de quadros de demência em idosos e favorece atitudes de desalento nos profissionais. O investimento na formação em forma de educação continuada e no estimulo à residência médica ou especialização equivalente são fundamentais para melhorar o desempenho profissional no campo da demência na atenção primária