Perfil sociodemográfico e de saúde de menores de cinco anos e mulheres em idade reprodutiva de aldeias indígenas Pataxó, Minas Gerais, Brasil
Data
2018-10-25
Tipo
Tese de doutorado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Objective: To describe sociodemographic and health profile of children under five years old and women aged 14 to 49 years old from indigenous villages Pataxó, Minas Gerais, Brazil. Methodology: Cross-sectional population-based epidemiological study conducted in 2011 with Pataxó, Minas Gerais. It was used a structured questionnaire based on the I National Survey of Health and Nutrition of Indigenous (Abrasco/Göteborg University/Funasa) to evaluate sociodemographic and health profile. Anthropometric measurements (weight and height for women and children) and waist circumference (for women) was performed according to the World Health Organization (WHO) protocols. The
classification of nutritional status was based on cut-off points established by WHO. Frequencies of categorical variables and mean or median of continuous variables were calculated. Student´s t test was used to identify differences between means, while proportions were compared by Pearson Chi-square test, adopting P <0.05. Multiple logistic regression model was used to identify sociodemographic factors associated with overweight among indigenous women. Data were analyzed using PASW software, version 17.0, adopting P <0.05. Results:It were evaluated 34 children (<5 years) and 69 women (14-49 years) living in 5 villages of Pataxó located in Araçuaí, Açucena, Guanhães and Carmésia. Among children under five years, most of the children were born in the hospital, all had prenatal care and 82.4% had six or more appointments. Universal coverage was found for most of the vaccines evaluated. Prevalence of hospitalization in the last 12 months was 23.5%, but no hospitalization was due to respiratory infections and only 1 child was hospitalized with diarrhea. Occurrence of diarrhea in the last week was reported for 17.6% of the children and cough for 35.3%. About half of children had taken high dosages of vitamin A in the last six months. Only 8.8% of children had a growth monitoring record in the last month prior to the survey. Among children under two years, 100% started breastfeeding and median duration of breastfeeding was 12 months. Among women, 26.1% were adolescents (age> 14 to <20 years), 40.6% had completed primary school and most were married. It was verified that 13% used medication for blood pressure, 5.8% for diabetes mellitus and anemia. Regarding the number of hospital admissions, 67.5% of the women had a hospital stay and 32.5% had two or more admissions. Most had already become pregnant with the first gestation in adolescence and most of them became pregnant 2 to 4 times. Family income of the majority of women came from the sale of handicrafts or other production and approximately half received Bolsa Família social benefit. The majority of food was obtained from nearby markets, basic food basket and cultivation or home / collective breeding. Age, village of origin and age of first pregnancy were independently associated with overweight among non-pregnant women. Conclusions: The findings suggest improvements in primary care actions such as prenatal care, child care, immunization, implementation of micronutrient supplementation programs, infant growth and development, breastfeeding, reduction and prevention of risk factors for overweight in indigenous women and nutritional status of the population described. The study intends to subsidize discussions about indigenous health programs, especially in actions aimed at improving the nutritional status of indigenous children and women and living conditions of Brazilian natives.
Objetivo: Descrever o perfil sociodemográfico e de saúde de crianças menores de cinco anos e de mulheres em idade reprodutiva de 14-49 anos de aldeias indígenas Pataxó, Minas Gerais, Brasil. Metodologia: Estudo epidemiológico de base populacional de natureza transversal, que trabalhou os dados coletados em 2011 entre os Pataxó de Minas Gerais. A avaliação do perfil sociodemográfico e de saúde utilizou questionário estruturado baseado no I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas (Abrasco/GöteborgUniversity/Funasa). A aferição das medidas antropométricas (peso, estatura/comprimento para mulheres e crianças) e da circunferência da cintura (para mulheres) foi realizada de acordo com os protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS). A classificação do estado nutricional baseou-se nos pontos de corte estabelecidos pela OMS. Foram calculadas frequências de variáveis categóricas e médias e medianas das variáveis contínuas. Para a identificação de diferenças entre as médias utilizou o teste t de Student, enquanto as proporções foram comparadas pelo teste do qui-quadrado de Pearson, adotando-se P< 0,05. Modelo de regressão logística múltiplo foi utilizado para a identificação dos fatores sociodemográficos associados ao excesso de peso entre mulheres indígenas. Os dados foram analisados no Programa SPSS, versão 17.0, adotando-se P<0.05 como significância. Resultados: Foram avaliadas 34 crianças (<5 anos) e 69 mulheres (14-49 anos) residentes em cinco aldeias do povo Pataxó, localizadas nos municípios de Araçuaí, Açucena, Guanhães e Carmésia. Em relação aos menores de cinco anos, a maioria das crianças nasceu no hospital, todas tiveram acompanhamento no pré-natal e 82,4% tiveram seis consultas ou mais. Verificou-se coberturas universais para a maioria das vacinas avaliadas. A prevalência de hospitalização nos últimos 12 meses foi de 23,5%, mas nenhuma internação foi devida a infecções respiratórias e apenas uma criança foi internada com diarreia. Ocorrência de diarreia na última semana foi relatada para 17,6% das crianças e tosse para 35,3%. Aproximadamente metade das crianças havia tomado a megadose de vitamina A nos últimos seis meses. Apenas 8,8% das crianças tinham o registro do acompanhamento do crescimento no último mês anterior a pesquisa. Entre os menores de dois anos, observou-se que todas as crianças iniciaram o aleitamento materno e a duração mediana do aleitamento foi 12 meses. Entre as mulheres, 26,1% era adolescentes (idade >14 a <20 anos), 40,6% tinham o ensino fundamental concluído e a maioria era casada. Verificou-se que 13% utilizavam medicação para pressão arterial, 5,8% para diabetes mellitus e anemia. Em relação ao número de internações hospitalares, 67,5% das mulheres tiveram uma internação hospitalar na vida e 32,5% tiveram duas ou mais admissões. A maioria já havia engravidado, a idade da primeira gestação em sua maioria foi na adolescência, a maioria engravidou de 2 a 4 vezes. A renda familiar da maioria dos domicílios destas mulheres foi proveniente da venda de artesanato ou outra produção e aproximadamente metade vivia em domicílios que recebiam o benefício social Bolsa Família. A obtenção de alimentos foi em sua maioria de mercados próximos, cesta básica e cultivo ou criação domiciliar/coletiva. Observou-se que fatores independentemente e significantemente associados ao excesso de peso entre as mulheres não grávidas à época da pesquisa foram a idade, aldeia de origem e idade da primeira gravidez. Conclusão: Os achados sugerem melhorias nas ações de atenção primária para a melhoria do acompanhamento do pré-natal, puericultura, imunização, execução dos programas de suplementação de micronutrientes, crescimento e desenvolvimento infantil, aleitamento materno, a redução e prevenção de fatores de risco do sobrepeso em mulheres indígenas e do estado nutricional da população descrita. O estudo pretende subsidiar discussões a respeito dos programas de saúde indígena, sobretudo, em ações que visem melhorias do estado nutricional de crianças e mulheres indígenas e condições de vida dos indígenas brasileiros.
Objetivo: Descrever o perfil sociodemográfico e de saúde de crianças menores de cinco anos e de mulheres em idade reprodutiva de 14-49 anos de aldeias indígenas Pataxó, Minas Gerais, Brasil. Metodologia: Estudo epidemiológico de base populacional de natureza transversal, que trabalhou os dados coletados em 2011 entre os Pataxó de Minas Gerais. A avaliação do perfil sociodemográfico e de saúde utilizou questionário estruturado baseado no I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas (Abrasco/GöteborgUniversity/Funasa). A aferição das medidas antropométricas (peso, estatura/comprimento para mulheres e crianças) e da circunferência da cintura (para mulheres) foi realizada de acordo com os protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS). A classificação do estado nutricional baseou-se nos pontos de corte estabelecidos pela OMS. Foram calculadas frequências de variáveis categóricas e médias e medianas das variáveis contínuas. Para a identificação de diferenças entre as médias utilizou o teste t de Student, enquanto as proporções foram comparadas pelo teste do qui-quadrado de Pearson, adotando-se P< 0,05. Modelo de regressão logística múltiplo foi utilizado para a identificação dos fatores sociodemográficos associados ao excesso de peso entre mulheres indígenas. Os dados foram analisados no Programa SPSS, versão 17.0, adotando-se P<0.05 como significância. Resultados: Foram avaliadas 34 crianças (<5 anos) e 69 mulheres (14-49 anos) residentes em cinco aldeias do povo Pataxó, localizadas nos municípios de Araçuaí, Açucena, Guanhães e Carmésia. Em relação aos menores de cinco anos, a maioria das crianças nasceu no hospital, todas tiveram acompanhamento no pré-natal e 82,4% tiveram seis consultas ou mais. Verificou-se coberturas universais para a maioria das vacinas avaliadas. A prevalência de hospitalização nos últimos 12 meses foi de 23,5%, mas nenhuma internação foi devida a infecções respiratórias e apenas uma criança foi internada com diarreia. Ocorrência de diarreia na última semana foi relatada para 17,6% das crianças e tosse para 35,3%. Aproximadamente metade das crianças havia tomado a megadose de vitamina A nos últimos seis meses. Apenas 8,8% das crianças tinham o registro do acompanhamento do crescimento no último mês anterior a pesquisa. Entre os menores de dois anos, observou-se que todas as crianças iniciaram o aleitamento materno e a duração mediana do aleitamento foi 12 meses. Entre as mulheres, 26,1% era adolescentes (idade >14 a <20 anos), 40,6% tinham o ensino fundamental concluído e a maioria era casada. Verificou-se que 13% utilizavam medicação para pressão arterial, 5,8% para diabetes mellitus e anemia. Em relação ao número de internações hospitalares, 67,5% das mulheres tiveram uma internação hospitalar na vida e 32,5% tiveram duas ou mais admissões. A maioria já havia engravidado, a idade da primeira gestação em sua maioria foi na adolescência, a maioria engravidou de 2 a 4 vezes. A renda familiar da maioria dos domicílios destas mulheres foi proveniente da venda de artesanato ou outra produção e aproximadamente metade vivia em domicílios que recebiam o benefício social Bolsa Família. A obtenção de alimentos foi em sua maioria de mercados próximos, cesta básica e cultivo ou criação domiciliar/coletiva. Observou-se que fatores independentemente e significantemente associados ao excesso de peso entre as mulheres não grávidas à época da pesquisa foram a idade, aldeia de origem e idade da primeira gravidez. Conclusão: Os achados sugerem melhorias nas ações de atenção primária para a melhoria do acompanhamento do pré-natal, puericultura, imunização, execução dos programas de suplementação de micronutrientes, crescimento e desenvolvimento infantil, aleitamento materno, a redução e prevenção de fatores de risco do sobrepeso em mulheres indígenas e do estado nutricional da população descrita. O estudo pretende subsidiar discussões a respeito dos programas de saúde indígena, sobretudo, em ações que visem melhorias do estado nutricional de crianças e mulheres indígenas e condições de vida dos indígenas brasileiros.