Tendência secular de internações por causas sensíveis à atenção primária entre menores de um ano no estado de São Paulo, Brasil
Data
2018-11-23
Tipo
Tese de doutorado
Título da Revista
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Resumo
The purpose of this article is describe the causes and trends of primary health care
sensitive hospitalizations (ICSAP) in children under one year of age between 2008
and 2014, state of São Paulo, Brazil. It is an ecological study with descriptive and
analytical characteristics, based on secundary data from the national information
system of health. Hospitalizations were classified according to Brazilian list of
hospitalizations due to ICSAP, considering the age groups: Early Neonatal, Late
Neonatal and PostNeonatal.
A linear regression models were adjusted for trends
analysis of hospitalizations. Were analyzed 851.713 hospitalizations in children under
one year of age occurred, of which, 22,6% were ICSAP. The main groups with
decreases were: Bacterial pneumonia (7,10%)
and Nutritional disorders (7,70%)
in
Early neonatal. The main increases were: Disease related to prenatal/childbirth
(+10,14%) and Immunosuppressive diseases and avoidable conditions in Postneonatal
(+14,13%). Pertussis and congenital syphilis were the main causes of
hospitalization. The results showed a deficiency in child health in primary care
system in the state of Sao Paulo. The estimated trends should be used for planning
of costeffective
strategies to prevent and control causes of the hospitalizations in
children under one year of age.
As Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP) compõem um indicador do sistema de saúde, baseado no conjunto de doenças que, se assistido de forma eficaz na atenção primária à saúde, reduz ocorrências de internações hospitalares. Este indicador, no Brasil, é utilizado a partir de uma lista composta de 19 grupos de causas de internação. O presente estudo é baseado em dados secundários de domínio público do Sistema de Informações Hospitalares, e possui delineamento ecológico com características descritivas e analíticas. Este trabalho tem dois objetivos principais, o primeiro foi descrever as causas e tendências de ICSAP em menores de um ano entre 2008 e 2014, no estado de São Paulo, Brasil. Classificaramse as internações segundo o diagnóstico principal e a Lista Brasileira de ICSAP, considerando as faixas etárias: Neonatal precoce, Neonatal tardia e Pós neonatal. Para análise de tendência temporal das internações foram ajustados modelos de regressão linear. Ocorreram no período em análise 851.713 internações de Menores de um ano, sendo 22,6% por ICSAP. As principais reduções das frequências de internação no período em análise foram: Pneumonias bacterianas (7,10%) e Desvios nutricionais (7,70) ambas no período Neonatal precoce. As elevações foram: Doenças relacionadas ao prénatal e parto (+10,14%) e Doenças imunizáveis e condições evitáveis (+14,13%) ambas no período Pós neonatal, com destaque para coqueluche e sífilis congênita. O segundo objetivo foi analisar associações entre as ICSAP em menores de um ano e características de atenção à saúde e indicadores socioeconômicos dos municípios do estado de São Paulo, Brasil. As variáveis foram estudadas em taxas por 1000 nascidos vivos (NV) e a unidade de análise foi o município. As associações entre as ICSAP em menores de um ano, características socioeconômicas e disponibilidade dos serviços de saúde foram estudadas por meio de análise bivariada e regressão logística múltipla. O Estado de São Paulo tem 645 municípios, e destes, 25% apresentaram taxa de ICSAP maior ou igual a 65,3 por 1000 NV. A partir do modelo de regressão, identificouse que os municípios com IDHMrenda médio, baixo ou muito baixo, apresentaram duas vezes maiores chances de internação por ICSAP (OR=1,95), enquanto que os municípios com maiores taxas de leitos pediátricos têm chances de internação por ICSAP aumentada em quase 60% (OR=1,58). Em contrapartida, municípios com maior percentual de nascidos vivos com 7 ou mais consultas de prénatal, tiveram risco de ICSAP diminuído (OR = 0,59). Portanto, os resultados mostram a deficiência no cuidado à saúde infantil na atenção primária e, a nível municipal, que indicadores socioeconômicos e de disponibilidade e acesso à saúde estão associados a maiores taxas de ICSAP de crianças no primeiro ano de vida no Estado de São Paulo. Desse modo, as tendências estimadas de internações podem auxiliar no planejamento de estratégias para diminuir os agravos e os gastos no setor terciário de atenção em saúde. Além disso, o gerenciamento dos recursos municipais disponíveis deve focar a efetividade da assistência prénatal para prevenção de desfechos ao nascimento que levam a internação assim como o provimento de recursos para a população que conduzam ao incremento do desenvolvimento humano.
As Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP) compõem um indicador do sistema de saúde, baseado no conjunto de doenças que, se assistido de forma eficaz na atenção primária à saúde, reduz ocorrências de internações hospitalares. Este indicador, no Brasil, é utilizado a partir de uma lista composta de 19 grupos de causas de internação. O presente estudo é baseado em dados secundários de domínio público do Sistema de Informações Hospitalares, e possui delineamento ecológico com características descritivas e analíticas. Este trabalho tem dois objetivos principais, o primeiro foi descrever as causas e tendências de ICSAP em menores de um ano entre 2008 e 2014, no estado de São Paulo, Brasil. Classificaramse as internações segundo o diagnóstico principal e a Lista Brasileira de ICSAP, considerando as faixas etárias: Neonatal precoce, Neonatal tardia e Pós neonatal. Para análise de tendência temporal das internações foram ajustados modelos de regressão linear. Ocorreram no período em análise 851.713 internações de Menores de um ano, sendo 22,6% por ICSAP. As principais reduções das frequências de internação no período em análise foram: Pneumonias bacterianas (7,10%) e Desvios nutricionais (7,70) ambas no período Neonatal precoce. As elevações foram: Doenças relacionadas ao prénatal e parto (+10,14%) e Doenças imunizáveis e condições evitáveis (+14,13%) ambas no período Pós neonatal, com destaque para coqueluche e sífilis congênita. O segundo objetivo foi analisar associações entre as ICSAP em menores de um ano e características de atenção à saúde e indicadores socioeconômicos dos municípios do estado de São Paulo, Brasil. As variáveis foram estudadas em taxas por 1000 nascidos vivos (NV) e a unidade de análise foi o município. As associações entre as ICSAP em menores de um ano, características socioeconômicas e disponibilidade dos serviços de saúde foram estudadas por meio de análise bivariada e regressão logística múltipla. O Estado de São Paulo tem 645 municípios, e destes, 25% apresentaram taxa de ICSAP maior ou igual a 65,3 por 1000 NV. A partir do modelo de regressão, identificouse que os municípios com IDHMrenda médio, baixo ou muito baixo, apresentaram duas vezes maiores chances de internação por ICSAP (OR=1,95), enquanto que os municípios com maiores taxas de leitos pediátricos têm chances de internação por ICSAP aumentada em quase 60% (OR=1,58). Em contrapartida, municípios com maior percentual de nascidos vivos com 7 ou mais consultas de prénatal, tiveram risco de ICSAP diminuído (OR = 0,59). Portanto, os resultados mostram a deficiência no cuidado à saúde infantil na atenção primária e, a nível municipal, que indicadores socioeconômicos e de disponibilidade e acesso à saúde estão associados a maiores taxas de ICSAP de crianças no primeiro ano de vida no Estado de São Paulo. Desse modo, as tendências estimadas de internações podem auxiliar no planejamento de estratégias para diminuir os agravos e os gastos no setor terciário de atenção em saúde. Além disso, o gerenciamento dos recursos municipais disponíveis deve focar a efetividade da assistência prénatal para prevenção de desfechos ao nascimento que levam a internação assim como o provimento de recursos para a população que conduzam ao incremento do desenvolvimento humano.