Em suas próprias vozes: práticas alimentares de mães trabalhadoras residentes na baixada santista
Data
2013-03-27
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Introduction: Eating is a physiological, sociocultural and subjective process that comprises the incorporation of values, beliefs, symbols and meanings attributed to food. In this context, eating is directly related to social relationships and distinctions, like the traditional role of women/mothers upon the eating practices of the household. Objectives: To analyze and to interpret how mothers that are workers and live in Baixada Santista realize, describe and narrate their dietary practices, positioning them in a historical process that includes their life with food from childhood until the present. Methodological strategies: This study included a sample of thirty mothers that work for public Universities located in Baixada Santista in 2012 (thereafter called "collaborators"). We conducted semi structured interviews, which were recorded and later transcribed. At these transcripts we added the information from the field diaries. Through this empirical data we were able to generate individual narratives. To the data analysis, we applied a framework of social anthropology based on the methodology proposed by Elena Achilli. Results: We identified ten categories about how collaborators deal with food nowadays as follows: “The meaning of eating changes when I'm with my family."; “The past perfect”: I try to keep some food habits from the past”; “The past imperfect”: my diet was poor, but now I can offer greater variety of food for me and my children.”; “To cook is an enjoyable routine.”; “To cook is an automatic routine.”; “The immigration paradox about/on eating: the place that I live nowadays hampers the access to my origin food, but also allows me to have new choices on eating.”; “My concern is about my family´s eating and mine.”; “I try to control myself against food to be able to lose weight.”; “I think that the present time requires practicality in eating." and “My food or my children´s?”. Discussion: The collaborators’ current eating practices had been expressly influenced by the following subjective, historical and sociocultural processes: the eating from the past, the family commensality, the feelings involved in food preparation, the loss of traditional food and the increase of the access to processed food, the concern around food, the adaptations in eating influenced by the contemporaneity processes, the concern about the body weight and the dedication to family meals. Conclusion: We recognize the complexity and uniqueness of the eating practices around the historical life process of each collaborator, which practices were described and narrated through their most remarkable memories around food and crossed by gender, family, socioeconomic conditions, region and cultural issues.
Introdução: O comer constitui-se como um processo fisiológico, sociocultural e subjetivo que compreende a incorporação dos valores, crenças, símbolos e significados atribuídos à comida. Neste âmbito, a comida está diretamente associada aos laços sociais e distinções, como o papel tradicional da mulher-mãe nas práticas alimentares do núcleo familiar. Objetivos: Analisar e interpretar como mães trabalhadoras residentes na Baixada Santista percebem, descrevem e narram suas práticas alimentares, situando-as em um processo histórico que possa englobar sua vida alimentar desde a infância até a atualidade. Estratégias metodológicas: Participaram deste estudo uma amostra de 30 mulheres adultas, que fossem mães e funcionárias de Universidades públicas localizadas na Baixada Santista no ano de 2012 (denominadas doravante “colaboradoras”). Realizamos entrevistas semiestruturadas, as quais, foram gravadas e transcritas. Às transcrições foram adicionadas as informações provenientes de diários de campo. A partir deste material empírico construímos narrativas individuais. Para a análise dos dados utilizamos um enquadre da antropologia social baseado na metodologia proposta por Elena Achilli. Resultados: Identificamos dez categorias em torno de como as colaboradoras lidam atualmente com a comida, sendo elas: “Comer muda de significado quando estou em família.”; “O “passado perfeito”: tento manter alguns costumes alimentares de antigamente.”; “O “passado imperfeito”: minha alimentação era pobre, mas agora posso oferecer maior variedade de comida para mim e meus filhos.”; “Cozinhar é uma rotina prazerosa.”; “Cozinhar é uma rotina automática.”; “O paradoxo da imigração no comer: o lugar em que vivo hoje dificulta o acesso à comida da minha terra, porém me permite ter novas escolhas no comer”; “Minha preocupação é com a minha alimentação e a da minha família.”; “Eu tento muito me controlar diante da comida, para conseguir emagrecer.”; “Eu acho que o tempo de hoje exige praticidade no comer.” e “Minha comida ou a do meu filho?” Discussão: Observamos que as práticas alimentares atuais destas colaboradoras apresentaram-se expressamente influenciadas pelos seguintes processos subjetivos, históricos e socioculturais: a alimentação do passado, a comensalidade familiar, os sentimentos envolvidos no preparo da comida, a perda da tradição alimentar e o aumento do acesso aos alimentos processados, a preocupação em torno da comida, as adaptações no comer influenciadas pelos processos da contemporaneidade, a preocupação com o peso corporal e a dedicação à alimentação da família. Conclusão: Reconhecemos a complexidade e a singularidade das práticas alimentares em torno do processo histórico de vida de cada colaboradora, sendo estas práticas descritas e narradas a partir de suas memórias mais marcantes em torno da comida e atravessadas por questões de gênero, família, condições socioeconômicas, regionalidade e cultura.
Introdução: O comer constitui-se como um processo fisiológico, sociocultural e subjetivo que compreende a incorporação dos valores, crenças, símbolos e significados atribuídos à comida. Neste âmbito, a comida está diretamente associada aos laços sociais e distinções, como o papel tradicional da mulher-mãe nas práticas alimentares do núcleo familiar. Objetivos: Analisar e interpretar como mães trabalhadoras residentes na Baixada Santista percebem, descrevem e narram suas práticas alimentares, situando-as em um processo histórico que possa englobar sua vida alimentar desde a infância até a atualidade. Estratégias metodológicas: Participaram deste estudo uma amostra de 30 mulheres adultas, que fossem mães e funcionárias de Universidades públicas localizadas na Baixada Santista no ano de 2012 (denominadas doravante “colaboradoras”). Realizamos entrevistas semiestruturadas, as quais, foram gravadas e transcritas. Às transcrições foram adicionadas as informações provenientes de diários de campo. A partir deste material empírico construímos narrativas individuais. Para a análise dos dados utilizamos um enquadre da antropologia social baseado na metodologia proposta por Elena Achilli. Resultados: Identificamos dez categorias em torno de como as colaboradoras lidam atualmente com a comida, sendo elas: “Comer muda de significado quando estou em família.”; “O “passado perfeito”: tento manter alguns costumes alimentares de antigamente.”; “O “passado imperfeito”: minha alimentação era pobre, mas agora posso oferecer maior variedade de comida para mim e meus filhos.”; “Cozinhar é uma rotina prazerosa.”; “Cozinhar é uma rotina automática.”; “O paradoxo da imigração no comer: o lugar em que vivo hoje dificulta o acesso à comida da minha terra, porém me permite ter novas escolhas no comer”; “Minha preocupação é com a minha alimentação e a da minha família.”; “Eu tento muito me controlar diante da comida, para conseguir emagrecer.”; “Eu acho que o tempo de hoje exige praticidade no comer.” e “Minha comida ou a do meu filho?” Discussão: Observamos que as práticas alimentares atuais destas colaboradoras apresentaram-se expressamente influenciadas pelos seguintes processos subjetivos, históricos e socioculturais: a alimentação do passado, a comensalidade familiar, os sentimentos envolvidos no preparo da comida, a perda da tradição alimentar e o aumento do acesso aos alimentos processados, a preocupação em torno da comida, as adaptações no comer influenciadas pelos processos da contemporaneidade, a preocupação com o peso corporal e a dedicação à alimentação da família. Conclusão: Reconhecemos a complexidade e a singularidade das práticas alimentares em torno do processo histórico de vida de cada colaboradora, sendo estas práticas descritas e narradas a partir de suas memórias mais marcantes em torno da comida e atravessadas por questões de gênero, família, condições socioeconômicas, regionalidade e cultura.
Descrição
Citação
PEREIRA, Patricia da Rocha. Em suas próprias vozes: práticas alimentares de mães trabalhadoras residentes na baixada santista. 2013. 219 f. Dissertação (Mestrado Interdisciplinar em Ciências da Saúde) - Instituto de Saúde e Sociedade, Universidade Federal de São Paulo, Santos, 2013.