Percepção de médicos da estratégia de saúde da família do município de São Paulo: o cotidiano do trabalho médico sob a gestão de organizações sociais
Data
2015-12-17
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
This qualitative study aimed to identify perceptions of physicians hired by Social Organizations (SO) in the Family Health Strategy (FHS) of São Paulo, about the forms of management and its relations with their daily work. Regarding the method, the search for physicians was done through the snowball sampling technique, and interviews were conducted from a semi-structured script. The content analysis technique was used to the transcripts. As a result, five physicians were interviewed, they have worked in three regions, seven districts of the city of São Paulo and hired by five different SO. Four out of five respondents were physicians with expertise in the area, presenting, therefore, identification with Primary Health Care work. Regarding the analysis of the interviews, the categories extracted were: labor relations, management, work organization and democratization. Overall perceptions dialogued with the literature on various topics: multiplicity of physicians working ties in Brazil, including concurrent ties between the public service and private service; the lack of a proper workforce management directed to the SUS and the FHS; high turnover in FHS; the contradictions between the formal defense of SO as a more efficient management model for the SUS and the daily work, in which the majority of physicians did not report benefits; the infrastructure limitations; the workers´ autonomy limitations; work overload; the work process under vertical and rigid management formats; the work evaluation and supervision occur mainly through quantitative targets set at a central level; the conflicting relations with the goals, sometimes naturalized, sometimes circumvented; threats on workers to reach the goal; the quality of service are not addressed in the daily work; the existence of meetings that had limited power of decision; the failure to implement the democratization policy of labor relations in the SUS. More research is needed in order to bring up elements for analysis of the SUS, for beyond the numbers shown by social organizations, municipal and federal governments.
Trata-se de um estudo qualitativo que teve como objetivo identificar percepções de médicos contratados por Organizações Sociais (OS) na Estratégia de Saúde da Família do município de São Paulo, sobre a as formas de gestão e as relações com seu cotidiano de trabalho. No que concerne ao método, a busca pelos sujeitos da pesquisa se deu através da técnica de snowball sampling, e foram realizadas entrevistas a partir de um roteiro semi-estruturado. Utilizou-se a técnica de análise de conteúdo para as transcrições. Como resultado, foram entrevistados cinco médicos, que trabalharam em três regiões, sete distritos da cidade de São Paulo e cinco diferentes OSs. Quatro dos cinco entrevistados são médicos com especialização na área de Saúde da Família, apresentando, portanto, um perfil de identificação com o trabalho realizado na atenção primária à saúde. Da análise das entrevistas, foram extraídas as categorias de relações trabalhistas, gestão, organização do trabalho e democratização. Considerou-se, ao final, que no geral as percepções dialogaram com a literatura em diversos temas: multiplicidade de vínculos dos médicos no Brasil, incluindo vínculos concomitantes no serviço público e no serviço privado; a ausência de uma gestão da força de trabalho adequadamente voltada para o SUS e para a ESF; a alta rotatividade presente na ESF; as contradições entre a defesa formal das OSs - como modelo de gestão mais eficiente para o SUS - e o cotidiano no qual a maior parte dos entrevistados não referiam vantagens; as limitações de infraestrutura; os limites à autonomia dos trabalhadores; a sobrecarga de trabalho; o processo de trabalho sob formatos de gestão verticalizados e rígidos; a avaliação e supervisão do trabalho principalmente sob a égide de metas quantitativas definidas em nível central; a relação conflituosa com as metas, ora naturalizadas, ora burladas; ameaças sobre os trabalhadores para alcançar a meta; a qualidade do serviço não ser abordada no cotidiano; a existência de espaços para discussão que tinham poder de decisão limitado; o descumprimento da diretriz de democratização das relações de trabalho no SUS. Mais pesquisas são necessárias, com a finalidade de reunir elementos para análise de que SUS se está construindo na prática, para além dos números mostrados pelas organizações sociais, gestões municipais e federal.
Trata-se de um estudo qualitativo que teve como objetivo identificar percepções de médicos contratados por Organizações Sociais (OS) na Estratégia de Saúde da Família do município de São Paulo, sobre a as formas de gestão e as relações com seu cotidiano de trabalho. No que concerne ao método, a busca pelos sujeitos da pesquisa se deu através da técnica de snowball sampling, e foram realizadas entrevistas a partir de um roteiro semi-estruturado. Utilizou-se a técnica de análise de conteúdo para as transcrições. Como resultado, foram entrevistados cinco médicos, que trabalharam em três regiões, sete distritos da cidade de São Paulo e cinco diferentes OSs. Quatro dos cinco entrevistados são médicos com especialização na área de Saúde da Família, apresentando, portanto, um perfil de identificação com o trabalho realizado na atenção primária à saúde. Da análise das entrevistas, foram extraídas as categorias de relações trabalhistas, gestão, organização do trabalho e democratização. Considerou-se, ao final, que no geral as percepções dialogaram com a literatura em diversos temas: multiplicidade de vínculos dos médicos no Brasil, incluindo vínculos concomitantes no serviço público e no serviço privado; a ausência de uma gestão da força de trabalho adequadamente voltada para o SUS e para a ESF; a alta rotatividade presente na ESF; as contradições entre a defesa formal das OSs - como modelo de gestão mais eficiente para o SUS - e o cotidiano no qual a maior parte dos entrevistados não referiam vantagens; as limitações de infraestrutura; os limites à autonomia dos trabalhadores; a sobrecarga de trabalho; o processo de trabalho sob formatos de gestão verticalizados e rígidos; a avaliação e supervisão do trabalho principalmente sob a égide de metas quantitativas definidas em nível central; a relação conflituosa com as metas, ora naturalizadas, ora burladas; ameaças sobre os trabalhadores para alcançar a meta; a qualidade do serviço não ser abordada no cotidiano; a existência de espaços para discussão que tinham poder de decisão limitado; o descumprimento da diretriz de democratização das relações de trabalho no SUS. Mais pesquisas são necessárias, com a finalidade de reunir elementos para análise de que SUS se está construindo na prática, para além dos números mostrados pelas organizações sociais, gestões municipais e federal.
Descrição
Citação
BALLAROTTI, Bruna. Percepção de médicos da estratégia de saúde da família do município de São Paulo: o cotidiano do trabalho médico sob a gestão de organizações sociais. 2015. 111 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2015.