Remodelamento ventricular induzido pelo estresse crônico moderado e imprevisível em ratos: papel da Angiotensina II
Data
2016-07-26
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Chronic stress is an important risk factor for cardiovascular disease. Chronic stress can stimulate angiotensin II that in turn stimulates the development of fibrosis and left ventricular hypertrophy. Our research group has already shown that chronic mild and unpredictable stress (CMS) increases blood pressure and leads to endothelial dysfunction. Thereby, to extend these results the objective of this study was to test the hypothesis that chronic stress induces cardiovascular remodeling, including ventricular hypertrophy and changes in the extracellular matrix components, and that these changes are mediated, at least in part, by the activation of AT1 receptor. Male Sprague-Dawley rats (2 months old) were randonly assigned into: Control, Stress, Control + losartan and Stress + Losartan (n = 6/group, losartan: 20mg/kg/day, AT1 receptor blocker) and all procedures were approved by Ethics Committee on Animal Use of UNIFESP n° 3371130516. The experimental period lasted 7 weeks and the CMUS protocol was applied on weeks 3, 4 and 5. The rats were euthanized 15 days after CMS exposure, and blood samples and left ventricular (LV) were collected for biochemical and histological analysis. Data were analyzed by two-way ANOVA and Tukey test (p<0,05). The results of this study showed that the CMS increased glycemia and and plasma corticosterone, compared to the control group, with no effect of losartan on these parameters. LV catecholamines concentration was similar in both groups. In addition, it was observed an increase of angiotensin II and a reduction of angiotensin 1-7 in the LV, in response to CMS, with a protective effect of losartan. The CMS also induced an increase on the number of chymase mast cells with no influence of AT1 receptor blockade. Morphological analysis showed that CMS induced LV hypertrophy, increased the diameter of cardiomyocytes, interstitial and perivascular collagen, associated with ultrastructural disorganization. On the other hand, AT1 blockade preserved the integrity of ventricular tissue. There were also observed changes in LV microcirculation (capillaries and arterioles) induced by CMS, which were prevented by losartan. The data from this study show that the CMS induce LV hypertrophy associated with tissue and vascular stiffness, structural disorganization, and these changes are mediated in part by activation of the AT1 receptor by angiotensin II.
O estresse representa um importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Além disto, sabe-se que o estresse crônico é capaz de estimular a síntese de angiotensina II, desencadeando hipertrofia ventricular esquerda e fibrose. Nosso grupo de pesquisa já demonstrou que o modelo de estresse crônico moderado e imprevisível (ECMI) induz aumento da pressão arterial e disfunção vascular em ratos. Com o objetivo de complementar estes resultados, o presente estudo visa testar a hipótese de que o estresse crônico induz remodelamento cardiovascular, incluindo hipertrofia ventricular e alteração da composição da matriz extracelular, e que estas alterações são decorrentes da ativação de receptores AT1. Foram utilizados ratos machos Sprague-Dawley (2 meses), divididos em 4 grupos experimentais: Controle, Estresse, Controle + losartan e Estresse + losartan (n=6/grupo, losartan 20mg/Kg/dia, antagonista do receptor AT1) e todos os procedimentos foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais UNIFESP (n° 3371130516). A duração do período experimental foi de 7 semanas, e o ECMI foi aplicado nas semanas 3, 4 e 5. Os animais foram eutanasiados 15 dias após a aplicação do protocolo de ECMI, e o sangue e o ventrículo esquerdo (VE) coletados para análises bioquímicas e histológicas. Os dados foram analisados por Análise de Variância Bifatorial (two-way ANOVA) e teste de Tukey (p<0,05). Os resultados do presente estudo mostraram que o ECMI induziu aumento da glicemia e da corticosterona plasmática em comparação ao grupo controle, sem efeito do losartan sobre esses parâmetros. A concentração de adrenalina e noradrenalina no VE foi semelhante entre os grupos experimentais. Além disto, foi observado aumento da concentração de angiotensina II e redução de angiotensina (1-7) no VE, em resposta ao ECMI, e o losartan preveniu estas alterações. O ECMI também induziu aumento no número de células de mastócitos secretoras de quimase, sem influência do bloqueio do receptor AT1. As análises morfológicas mostraram que o ECMI induziu hipertrofia do VE, aumento do diâmetro dos cardiomiócitos, do colágeno intersticial e perivascular, associados à desorganização ultraestrutural do tecido cardíaco. Por outro lado, o bloqueio do receptor AT1 preservou a integridade do tecido ventricular. Foram observadas alterações na microcirculação (capilares e arteríolas) do VE, induzidas pelo ECMI, e prevenidas pelo losartan. Os dados do presente estudo mostram que o ECMI induz hipertrofia do VE associada ao aumento do colágeno tecidual e vascular, além de desorganização estrutural, sendo estas alterações mediadas em parte, pela ativação do receptor AT1 pela angiotensina II.
O estresse representa um importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Além disto, sabe-se que o estresse crônico é capaz de estimular a síntese de angiotensina II, desencadeando hipertrofia ventricular esquerda e fibrose. Nosso grupo de pesquisa já demonstrou que o modelo de estresse crônico moderado e imprevisível (ECMI) induz aumento da pressão arterial e disfunção vascular em ratos. Com o objetivo de complementar estes resultados, o presente estudo visa testar a hipótese de que o estresse crônico induz remodelamento cardiovascular, incluindo hipertrofia ventricular e alteração da composição da matriz extracelular, e que estas alterações são decorrentes da ativação de receptores AT1. Foram utilizados ratos machos Sprague-Dawley (2 meses), divididos em 4 grupos experimentais: Controle, Estresse, Controle + losartan e Estresse + losartan (n=6/grupo, losartan 20mg/Kg/dia, antagonista do receptor AT1) e todos os procedimentos foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais UNIFESP (n° 3371130516). A duração do período experimental foi de 7 semanas, e o ECMI foi aplicado nas semanas 3, 4 e 5. Os animais foram eutanasiados 15 dias após a aplicação do protocolo de ECMI, e o sangue e o ventrículo esquerdo (VE) coletados para análises bioquímicas e histológicas. Os dados foram analisados por Análise de Variância Bifatorial (two-way ANOVA) e teste de Tukey (p<0,05). Os resultados do presente estudo mostraram que o ECMI induziu aumento da glicemia e da corticosterona plasmática em comparação ao grupo controle, sem efeito do losartan sobre esses parâmetros. A concentração de adrenalina e noradrenalina no VE foi semelhante entre os grupos experimentais. Além disto, foi observado aumento da concentração de angiotensina II e redução de angiotensina (1-7) no VE, em resposta ao ECMI, e o losartan preveniu estas alterações. O ECMI também induziu aumento no número de células de mastócitos secretoras de quimase, sem influência do bloqueio do receptor AT1. As análises morfológicas mostraram que o ECMI induziu hipertrofia do VE, aumento do diâmetro dos cardiomiócitos, do colágeno intersticial e perivascular, associados à desorganização ultraestrutural do tecido cardíaco. Por outro lado, o bloqueio do receptor AT1 preservou a integridade do tecido ventricular. Foram observadas alterações na microcirculação (capilares e arteríolas) do VE, induzidas pelo ECMI, e prevenidas pelo losartan. Os dados do presente estudo mostram que o ECMI induz hipertrofia do VE associada ao aumento do colágeno tecidual e vascular, além de desorganização estrutural, sendo estas alterações mediadas em parte, pela ativação do receptor AT1 pela angiotensina II.
Descrição
Citação
FIROOZMAND, Lilia Taddeo. Remodelamento ventricular induzido pelo estresse crônico moderado e imprevisível em ratos: papel da Angiotensina II. 2016. 62 f. Tese (Doutorado em Medicina Translacional) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2016.