Efeito agudo do consumo de refeições ricas em carboidrato com alto ou baixo índice glicêmico sobre a qualidade do sono, ansiedade e humor de indivíduos treinados
Data
2016-03-17
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Objective: To investigate the effect of the intake of high or low glycemic index (GI) highcarbohydrate-meals on parameters related to sleep quality and mood alterations of trained individuals. Subjects and methods: Nine basketball adult male athletes were assessed in two nights during a championship. For characterization of the study group, before the interventions, they were assessed through an anamnesis, dietary and anthropometric evaluation, sleep quality characterization (Pittsburgh Sleep Quality Index questionnaire ? PSQI and issues related to their usual sleep pattern), glucose and lipid profiles (cholesterol and triglycerides). In a randomized crossover design, athletes received high-carbohydrate meals (dinner and evening snack) with high or low GI, for two consecutive nights, before basketball games, with post-prandial glycemic response monitoring. Satiety and sleepiness were assessed before and after dinner. For analysis of anxiety and mood the Competitive State Anxiety Iventory 2 short-form version (CSAI-2R), short-form version of State-Trait Anxiety Inventory (STAI) and Brunel Mood Scale (BRUMS) were applied before dinner and in the subsequent morning, in both intervention days. The nights? quality of sleep was assessed by actigraphy and sleep diary (subjective evaluation of the night). Salivary cortisol and melatonin samples were collected on the night of dietary manipulation and in the subsequent morning. Results: Sleep quality in competition was not good. In both evaluated conditions most athletes had sleep latency [37,6 (22,0) minutes after high GI and 55,6 (46,8) after low GI] and WASO (wake after sleep onset) [52,3 (31,5) minutes after high GI and 43,6 (27,3) minutes after low GI] higher than the recommendations for healthy adults, and nocturnal sleep time [369,4 (74,9) minutes after high GI and 367,9 (56,7) minutes after low GI] below the recommended values. There was no difference between the studied variables according to GI dietary manipulations, however, correlations were observed between sleep, food, and mood parameters. It was observed that daily energy intake on the intervention days had negative correlation with sleep efficiency and nocturnal sleep time, and a positive correlation with WASO, regardless of the GI nocturnal meals. On the intervention day with nocturnal high GI meals there were associations between daily carbohydrate intake and fatigue (r=0,67; p=0,05), confusion (r=0,8; p=0,01), somatic anxiety (r=0,85; p=0,04) before sleep, and subjective sleep quality (QSS) (r=-0,73; p=0,03), while daily protein intake was negatively correlated with these same factors (r=-0,75, p=0,02 with fatigue; r=-0,78, p=0,01 with mental confusion; and r=-0,85, p=0,01 with somatic anxiety). The state anxiety before sleep was related with worse sleep quality [negative correlation with efficiency (r=-0,78; p=0,02) and QSS (r=-0,73; p=0,03), and positive correlation with WASO (r=0,78; p=0,02)]. As for the situation in which athletes consumed low GI meals, it was observed that carbohydrate intake (g/kg/day) positively correlated with WASO (r=0,88; p=0,01) and negatively with sleep efficiency (r=- 0,86; p=0,01) and sleepiness after dinner (r=-0,70; p=0,04). The consumption of this macronutrient was also negatively associated with melatonin secretion before sleep (r=-0,85; p=0,01), and the protein intake (g/kg/day) had a positive correlation with salivary melatonin collected before sleep (r=0,75; p=0,02). Conclusion: There was no difference between the evaluated parameters according to the GI consumed. These results suggest that more than the GI manipulation of dinner and evening snack on the night before a sport event, the food intake throughout the day seems to exert influence on parameters related to sleep and mood of basketball players. The complexity of the relationship between food consumption and the psychobiological and hormonal parameters evaluated reinforces the need for further studies related to the theme.
Objetivo: Examinar o efeito do consumo de refeições ricas em carboidrato com alto ou baixo índice glicêmico (IG) sobre parâmetros relacionados com a qualidade do sono e alterações de humor de indivíduos treinados. Sujeitos e métodos: Nove atletas adultos de basquetebol do sexo masculino foram avaliados em duas noites durante um campeonato. Para a caracterização do grupo estudado, antes das intervenções foram realizadas: anamnese, avaliação dietética e antropométrica, caracterização da qualidade do sono (questionário Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh - PSQI e questões referentes ao sono habitual), perfil glicêmico e lipídico (triglicérides e colesterol). Em um desenho crossover randomizado, os atletas receberam refeições (jantar e ceia) ricas em carboidrato com alto ou baixo IGs, em duas noites seguidas, anteriores às partidas de basquetebol, com monitoramento da resposta glicêmica pós-prandial. Saciedade e sonolência foram avaliadas antes e depois do jantar. Para a análise da ansiedade e humor foram aplicados os instrumentos Competitive State Anxiety Iventory 2, versão reduzida (CSAI-2R), versão reduzida do Inventário de Ansiedade TraçoEstado (IDATE) e Escala de Humor de Brunel (BRUMS), antes do jantar e na manhã seguinte à manipulação, em ambos os dias de intervenção. A qualidade do sono dessas noites foi avaliada por meio de actigrafia e diário de sono (avaliação subjetiva da noite). Amostras de cortisol e melatonina salivares foram coletadas na noite da manipulação dietética e na manhã subsequente. Resultados: O sono em período competitivo não foi de boa qualidade. Nas duas condições avaliadas a maioria dos atletas apresentou latência [37,6 (22,0) minutos após alto IG e 55,6 (46,8) minutos após baixo IG] e WASO (tempo de despertar após início do sono) [52,3 (31,5) minutos após alto IG e 43,6 (27,3) minutos após baixo IG] superior às recomendações para adultos saudáveis, e tempo de sono noturno [369 (74,9) minutos após alto IG e 367,9 (56,7) minutos após baixo IG] abaixo dos valores recomendados. Não houve diferença entre as variáveis estudadas de acordo com as manipulações alimentares de IG, no entanto, foram observadas correlações entre os parâmetros relacionados ao sono, alimentação ao longo do dia e humor. Observou-se que ingestão energética diária ao longo dos dias de intervenção teve correlação negativa com a eficiência e tempo de sono noturno e correlação positiva com WASO, independente do IG das refeições manipuladas. Na condição de refeições noturnas com alto IG observaram-se associações entre o consumo de carboidrato diário e fadiga (r=0,67; p=0,05), confusão mental (r=0,8; p=0,01), ansiedade somática (r=0,85; p=0,04) antes de dormir e qualidade subjetiva do sono (QSS) (r=-0,73; p=0,03), enquanto o consumo proteico diário apresentou correlação negativa com estes mesmos fatores (r=-0,75; p=0,02 com fadiga; r=-0,78; p=0,01 com confusão mental; e r=-0,85; p=0,01 com ansiedade somática). A ansiedade estado antes de dormir relacionou-se com uma pior qualidade do sono [correlação negativa com eficiência (r=-0,78; p=0,02) e QSS (r=-0,73; p=0,03), e positiva com WASO (r=0,78; p=0,02)]. Quanto à situação em que consumiram refeições com baixo IG, observou-se que o consumo de carboidrato (g/kg/dia) correlacionouse positivamente com WASO (r=0,88; p=0,01) e negativamente com a eficiência do sono (r=- 0,86; p=0,01) e sonolência depois do jantar (r=-0,70; p=0,04). O consumo deste macronutriente também foi associado negativamente à secreção de melatonina antes de dormir (r=-0,85; p=0,01), sendo que a ingestão de proteína (g/kg/dia) teve correlação positiva com a melatonina salivar coletada antes de dormir (r=0,75; p=0,02). Conclusão: Não houve diferença entre os parâmetros avaliados de acordo com o IG consumido. Estes resultados sugerem que, mais do que a manipulação do IG do jantar e ceia na noite anterior a um evento esportivo, o consumo alimentar ao longo do dia parece exercer influência em parâmetros relacionados ao sono e ao humor de atletas de basquetebol. A complexidade das relações entre o consumo alimentar e os parâmetros psicobiológicos e hormonais avaliados reforça a necessidade de mais estudos relacionados ao tema.
Objetivo: Examinar o efeito do consumo de refeições ricas em carboidrato com alto ou baixo índice glicêmico (IG) sobre parâmetros relacionados com a qualidade do sono e alterações de humor de indivíduos treinados. Sujeitos e métodos: Nove atletas adultos de basquetebol do sexo masculino foram avaliados em duas noites durante um campeonato. Para a caracterização do grupo estudado, antes das intervenções foram realizadas: anamnese, avaliação dietética e antropométrica, caracterização da qualidade do sono (questionário Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh - PSQI e questões referentes ao sono habitual), perfil glicêmico e lipídico (triglicérides e colesterol). Em um desenho crossover randomizado, os atletas receberam refeições (jantar e ceia) ricas em carboidrato com alto ou baixo IGs, em duas noites seguidas, anteriores às partidas de basquetebol, com monitoramento da resposta glicêmica pós-prandial. Saciedade e sonolência foram avaliadas antes e depois do jantar. Para a análise da ansiedade e humor foram aplicados os instrumentos Competitive State Anxiety Iventory 2, versão reduzida (CSAI-2R), versão reduzida do Inventário de Ansiedade TraçoEstado (IDATE) e Escala de Humor de Brunel (BRUMS), antes do jantar e na manhã seguinte à manipulação, em ambos os dias de intervenção. A qualidade do sono dessas noites foi avaliada por meio de actigrafia e diário de sono (avaliação subjetiva da noite). Amostras de cortisol e melatonina salivares foram coletadas na noite da manipulação dietética e na manhã subsequente. Resultados: O sono em período competitivo não foi de boa qualidade. Nas duas condições avaliadas a maioria dos atletas apresentou latência [37,6 (22,0) minutos após alto IG e 55,6 (46,8) minutos após baixo IG] e WASO (tempo de despertar após início do sono) [52,3 (31,5) minutos após alto IG e 43,6 (27,3) minutos após baixo IG] superior às recomendações para adultos saudáveis, e tempo de sono noturno [369 (74,9) minutos após alto IG e 367,9 (56,7) minutos após baixo IG] abaixo dos valores recomendados. Não houve diferença entre as variáveis estudadas de acordo com as manipulações alimentares de IG, no entanto, foram observadas correlações entre os parâmetros relacionados ao sono, alimentação ao longo do dia e humor. Observou-se que ingestão energética diária ao longo dos dias de intervenção teve correlação negativa com a eficiência e tempo de sono noturno e correlação positiva com WASO, independente do IG das refeições manipuladas. Na condição de refeições noturnas com alto IG observaram-se associações entre o consumo de carboidrato diário e fadiga (r=0,67; p=0,05), confusão mental (r=0,8; p=0,01), ansiedade somática (r=0,85; p=0,04) antes de dormir e qualidade subjetiva do sono (QSS) (r=-0,73; p=0,03), enquanto o consumo proteico diário apresentou correlação negativa com estes mesmos fatores (r=-0,75; p=0,02 com fadiga; r=-0,78; p=0,01 com confusão mental; e r=-0,85; p=0,01 com ansiedade somática). A ansiedade estado antes de dormir relacionou-se com uma pior qualidade do sono [correlação negativa com eficiência (r=-0,78; p=0,02) e QSS (r=-0,73; p=0,03), e positiva com WASO (r=0,78; p=0,02)]. Quanto à situação em que consumiram refeições com baixo IG, observou-se que o consumo de carboidrato (g/kg/dia) correlacionouse positivamente com WASO (r=0,88; p=0,01) e negativamente com a eficiência do sono (r=- 0,86; p=0,01) e sonolência depois do jantar (r=-0,70; p=0,04). O consumo deste macronutriente também foi associado negativamente à secreção de melatonina antes de dormir (r=-0,85; p=0,01), sendo que a ingestão de proteína (g/kg/dia) teve correlação positiva com a melatonina salivar coletada antes de dormir (r=0,75; p=0,02). Conclusão: Não houve diferença entre os parâmetros avaliados de acordo com o IG consumido. Estes resultados sugerem que, mais do que a manipulação do IG do jantar e ceia na noite anterior a um evento esportivo, o consumo alimentar ao longo do dia parece exercer influência em parâmetros relacionados ao sono e ao humor de atletas de basquetebol. A complexidade das relações entre o consumo alimentar e os parâmetros psicobiológicos e hormonais avaliados reforça a necessidade de mais estudos relacionados ao tema.
Descrição
Citação
DANIEL, Natalia Vilela Silva. Efeito agudo do consumo de refeições ricas em carboidrato com alto ou baixo índice glicêmico sobre a qualidade do sono, ansiedade e humor de indivíduos treinados. 2016. 161 f. Dissertação (Mestrado Interdisciplinar em Ciências da Saúde) - Instituto de Saúde e Sociedade, Universidade Federal de São Paulo, Santos, 2016.