Escolha da especialidade em Medicina de família e comunidade entre alunos concluintes dos módulos do internato em Medicina de família e comunidade na Universidade Federal do Pará

Imagem de Miniatura
Data
2013-12-20
Autores
Figueiredo, Paulo Humberto Mendes de [UNIFESP]
Orientadores
Brisola, Lidia Ruiz Moreno [UNIFESP]
Tipo
Dissertação de mestrado profissional
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
The Family Medicine and Community (FMC) is defined as the medical specialty that gives assistance to health in a continued, integrate and embracing way to people, their families and to society. FMC’s operation is mainly focused on primary care area as the Health System (HT)´s front door. If all the FMC´s experts were acting in the Family Health Strategy (FHS), there would be only 9,35% of FHS´s teams integrated by FMC´s expert doctors, what contributes to the low solving rates of Primary Care in Brazil. This research objective was to identify the causes that have an effect on the election or rejection of the FMC´s specialty during the Medical school of Federal University of Pará (FUPA). It was made a quantitative, descriptive and exploratory study. The data collection was done through a semi-structured questionnaire, with opened and closed questions, which was applied to students of the 5th e 6th years of the medical school who had been through the FMC I and FMC II. The questionnaire was applied and accepted by 47 of 50 students of the FMC´s modules of FUPA by means of the Statement of Informed Consent (SIC). It was found that the students had the average age of 25,6 years old; 29 were female (61,7%) and 18 were male (38,3%); 14 (29,8%) had family income between 1 and 10 minimum wages, 13 (27,7%) between 10 and 20 minimum wages, 10 (21,3%) between 21 and 30 minimum wages and 9 (19,1%) between 31 and 50 minimum wages; 46 (97,9%) were single, and that 45 of these students had no kids and only 2 (4,3%) had a child each one; the students have graduated on high school between 2000 and 2006, and that 34 (72,3%) was from the private school. Eighteen students (38,3%) have attended another college degree before the medical school; 43 (91,5%) entered the medical school in 2007. Thirteen (27,7%) students answered that their reasons that made them choose to be doctors was identification with the profession, 7 (14,9%) answered identification with the profession and labor market, 5 (10,6%) answered identification with the profession, search for knowledge and labor market, 2 (4,3%) answered identification with the profession, search for knowledge, labor market and family influence, 2 (4,3%) have answered search for knowledge or identification with the profession, altruism and labor market. Eleven (23,4%) students have chosen their medical specialty in the 1st semester of the medical school and 15 (31,9%) done it between the 10th and the 12th semesters. Only 2 (4,3%) students have chosen the FMC specialization and 45 (95,7%) have chosen another specialties. Twenty eight (59,6%) have answered that the remuneration has a positive influence on the choice of the specialty; 27 (57,4%) answered that FMC is specialization of low prestige before the medical class and society, even though 33 (70,2%) students had answered that FMC is a specialty that requires much knowledge. FMC was rejected by the students because of many reasons, among which: identification and interest in another specialty, low remuneration, awful working conditions, low valuation, lack of recognition and because FMC is not a surgery specialty. About the influence of the experiences during the medical school and of the professors on the choice of specialty, the students have reported that were inserted into scenarios of Primary Care Attention, specifically into the FHS´s context, although they have also related prejudiced attitudes of some professors toward the people who are treated at the primary care. It is a worth noting the relevance of the FMC´s approach, not because of the formative power of the teaching propose of Medical schools, but because the power imbued by teaching process of FMC, before the present reforms in health in Brazil, such as the efforts to the work at the network of health care and the FHS´s consolidation. In this research the students have reported that the principal causes of their rejection to the FMC´s specialty were the poor infrastructure, low remuneration and low valuation of this specialty, which leads to rethink about the curricular adaptations of medical graduation as well as the public policies to encourage and improve working condition, especially at the suburb of the big urban centers.
A Medicina de Família e Comunidade- MFC é definida como a especialidade médica que presta assistência à saúde de forma continuada, integral e abrangente para pessoas, suas famílias e à comunidade. Tem como campo principal de atuação a atenção básica na porta de entrada do SUS. Se todos os titulados em MFC no Brasil estivessem atuando na Estratégia Saúde da Família teríamos apenas 9,35% das equipes da referida estratégia com médicos especialistas, fato que a nosso ver contribui com a baixa resolutividade da Atenção Básica no Brasil. O objetivo desta pesquisa é analisar a escolha da especialidade em MFC entre alunos concluintes dos módulos do internato em medicina de família e comunidade na Universidade Federal do Pará. Delineou-se um estudo descritivo exploratório em uma pesquisa quantitativa. A coleta dos dados foi feita por meio de um questionário semiestruturado, com perguntas fechadas e abertas, aplicado aos alunos do internato (5º e 6º anos) concluintes dos módulos de MFC I e MFC II. O questionário foi aplicado, obtendo adesão por meio do TCLE de 47 estudantes de um universo de 50 dos referidos módulos do internato. Os resultados obtidos, em relação ao perfil revelaram que a idade média é de 25,6 anos; em relação ao gênero houve predominância do sexo feminino (29/ 61,7%) com relação ao masculino (18 /38,3%); a renda familiar de (14/ 29,8%) é de 1 a 10 salários mínimos, 13 (27,7%) recebem de 10 a 20 salários mínimos, 10 (21,3%) de 21 a 30 salários mínimos e 9 (19,1%) de 31 a 50 salários mínimos. A maioria (46 / 97,9%) é solteira, sendo que 45 (95,7%) não tem filhos e apenas 2 (4,3%) tem um filho cada. Os sujeitos da pesquisa concluíram o ensino médio entre 2000 a 2006, a maioria (34 / 72,3%) é proveniente de escola particular. Dezoito (38,3%) já havia realizado outro curso superior antes do ingresso no curso médico; 43 (91,5%) ingressaram no curso médico no ano de 2007. Os motivos que os levaram a escolher o curso de medicina foram: 13 (27,7%) alunos informaram a identificação com a profissão, 7 (14,9%) identificação com a profissão e mercado de trabalho, 5 (10,6%) identificação com a profissão, busca do conhecimento e mercado de trabalho, 2 (4,3%) identificação com a profissão, busca do conhecimento, mercado de trabalho e influência familiar, 2 (4,4%) busca do conhecimento ou identificação com a profissão, altruísmo e mercado de trabalho. Onze (23,4%) alunos escolheram a especialidade médica no 1° semestre do curso e 15 (31,9%) o fizeram entre o 10° ao 12° semestre. Com referência aos aspectos relacionados à opção pela especialidade médica, apenas 2 (4,3%) fizeram opção pela especialização em MFC e 45 (95,7%) VII escolheram outras especialidades. Quando interrogados sobre a influência da remuneração na escolha da especialidade médica 28 (59,6%) responderam ser este um fator que influencia positivamente e 27 (57,4%) afirmaram considerar a MFC uma especialidade de baixo prestígio junto à classe médica e à sociedade, embora 33 (70,2%) alunos tenham respondido que a MFC é uma especialidade que exige muito conhecimento. Entre os motivos que os levaram a rejeitar a MFC citaram: identificação e interesse por outra especialidade, baixa remuneração, péssimas condições de trabalho, baixa valorização da especialidade, falta de reconhecimento e prestígio e o fato de a especialidade não possuir cirurgia. Sobre a influência das vivências durante o curso médico e dos professores na escolha pela especialidade os estudantes relatam inserção em cenários de atenção básica, especificamente no contexto da ESF, embora explicitem também atitudes preconceituosas de alguns docentes em relação ao público alvo atendido no nível primário. É válido ressaltar a relevância da abordagem da medicina de família e comunidade, não tão somente ao poder formativo das propostas de ensino das escolas médicas, como também ao poder imbuído pelo processo de ensino da medicina de família e comunidade, diante das reformas em saúde vigentes no Brasil, a exemplo dos esforços para o trabalho em redes de atenção à saúde e a consolidação da estratégia saúde da família. Na presente pesquisa os estudantes relatam que os principais motivos que os levam à rejeição pela EMFC são relativos as precárias condições de infraestrutura, baixa remuneração e baixa valorização da especialidade, o que leva a repensar não só as adequações curriculares do curso médico mas também as políticas públicas de incentivo e melhoria das condições de trabalho, especialmente nas periferias dos grandes centros urbanos. Com base nos resultados encontrados e confrontados com o referencial teórico conclui-se que temos problemas referentes a escolha ou rejeição da EMFC parecidos com os de outros países, porém acrescidos de muitos outros de ordem infraestrutural, relacionados a violência urbana e a má gestão dos serviços de saúde, principalmente os da atenção básica.
Descrição
Citação
FIGUEIREDO, Paulo Humberto Mendes de. Escolha da especialidade em Medicina de família e comunidade entre alunos concluintes dos módulos do internato em Medicina de família e comunidade na Universidade Federal do Pará. 2013. 109 f. Dissertação (Mestrado Profissional) - Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2013.