Contribuições à formação profissional do comissário de vôo: um programa de desenvolvimento de competências em cuidados pré- hospitalares de agravos à saúde na aviação civil brasileira

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Data
2013-01-30
Autores
Urbano, Luisa Maria Cabezas [UNIFESP]
Orientadores
Maia, José Antonio [UNIFESP]
Tipo
Dissertação de mestrado profissional
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Resumo
Introduction: The peculiar environment of aircrafts during flights presents situations of injuries and serious threats to the health of passengers and crew, in which the role of flight attendant can be decisive. For this it is necessary that this is appropriate and continuously trained, meet the needs imposed by legal regulations and demands of everyday life. Objectives: This research attempts, first, to characterize the professional flight attendant, particularly in their duties related to the care of human health, both from the point of view of current legislation and the demand raised for four years in situations reported aboard by aircraft of a large national company. It is intended to develop guiding principles that can improve, continuously, the process of proper training. Theoretical Framework: The interaction of flight to human health is reviewed briefly, thus expanding the role of stewards beyond its tasks related to the comfort and safety of passengers. Following is the revised real tangle of legal documents regulating civil aviation, including the formation of the attendant. Finally, we present educational strategies that hold the potential to enhance the continuing education of these professionals, highlighting problematization, adult education and significant learning. The valuation of intellectual autonomy, along with the continued study of the demand on the professional contribute to the development of skills needed to practice in a broad set should be explicit in a curriculum specifically designed not only for teaching and learning but for the comprehensive assessment of process and egress. Methodology: From a qualitative and quantitative perspective, documents regulating Brazilian civil aviation were located and reviewed, focusing on training the flight attendant to intervene in situations of threat to human health. In addition, data about the demand of these interventions were raised for four consecutive years in a large company of civil aviation. Results: The training for the professional in Brazilian civil aviation proved fragile. On the other hand, is the burden of the companies ongoing training of crews. A significant part of this regulation refers to international realities, adapted (or even repeated) in our country, subject, among other factors, to political aspects. As for the more than 1600 reports analyzed referring to situations of threat to the health of individuals aboard, attention was drew to the poor systematization of information. For this, it was proposed to use a simplified version of the International Classification of Diseases (ICD-10). This procedure then shown the highest incidence of bouts in the context studied. Discussion: The data were discussed in light of the relatively sparse literature on the subject and led to Conclusions: As a result of government policies that result in laws are not always clear (thus increasing the variability of company policies), the training of flight attendants to health care for injuries incurred on board is still too traditional, not incorporating, in general, more contemporary strategies for developing skills in front of professional demands, which in turn are not sufficiently known or valued. The introduction of telecontroled systems (aiming error minimization procedures) bears the risk of placing the human being only as a part of a machine whose operation is unknown and therefore not dominated. This reality confronts the true principles of professional education, which is one of the many application contexts of human education.
O ambiente peculiar de aeronaves durante voos apresenta situações de agravos e até ameaças graves à saúde de passageiros e tripulação, nos quais a atuação do comissário de bordo pode ser decisiva. Para tal, é necessário que este esteja adequada e continuamente formado, frente às necessidades impostas por regulamentações legais e demandas do cotidiano. Este trabalho intenta, por um lado, caracterizar o profissional comissário de bordo, em particular em suas funções relacionadas ao cuidado da saúde humana, tanto sob o ponto de vista da legislação vigente quanto da demanda levantada durante quatro anos em situações relatadas a bordo de aeronaves de uma empresa nacional de grande porte. Pretende-se elaborar princípios norteadores que aprimorem, de forma contínua, o processo de formação profissional adequado. São revisadas brevemente a interação do voo com a saúde humana, ampliando desta forma o papel do comissário de bordo para além de suas atribuições ligadas ao conforto e à segurança dos passageiros. A seguir é revisto o verdadeiro emaranhado de documentos legais que regulam o transporte aéreo civil, incluindo a formação do comissário de bordo. Finalmente, são apresentadas estratégias educacionais que detêm o potencial de melhorar a educação continuada destes profissionais, destacando-se a problematização, a educação de adultos e a aprendizagem significativa. A valorização da autonomia intelectual, juntamente com o estudo continuado da demanda de atuação do profissional contribuem para o desenvolvimento de competências necessárias a uma prática que, no conjunto amplo de um currículo especificamente planejado explicite não apenas o ensino e a aprendizagem mas a avaliação ampla do processo e do egresso. A partir de uma perspectiva quali-quantitativa, foram localizados e analisados documentos regulamentadores da aviação civil brasileira, com foco na formação do comissário de bordo para intervenção em situações de ameaça à saúde humana. Paralelamente, foram apresentados dados referentes à demanda destas intervenções durante quatro anos ininterruptos, no ambiente de uma grande empresa de aviação civil. A formação para o ingresso profissional na aviação civil brasileira mostrou-se frágil. Por outro lado, fica a encargo das empresas a capacitação continuada das tripulações. Uma parte significativa desta regulação refere-se a realidades internacionais, sendo adaptada (ou até mesmo repetida) em nosso país, estando sujeita, dentre outros fatores, a aspectos políticos. Quanto aos mais de 1600 relatórios analisados referentes a situações de ameaça à saúde de indivíduos a bordo, chamou à atenção a pouca sistematização das informações. Para isto, foi proposta a utilização de uma versão simplificada da Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Foram então apresentados os acometimentos de maior incidência no contexto estudado. Os dados foram discutidos frente à relativamente escassa literatura sobre o assunto e originaram as conclusões como resultado de políticas governamentais que resultam em legislações nem sempre claras (ampliando assim a variabilidade das ações de empresas), a capacitação de comissários de bordo para o atendimento de agravos de saúde ocorridos a bordo ainda é demasiadamente tradicional, não incorporando, em geral, estratégias mais contemporâneas de desenvolvimento de competências profissionais frente a demandas, que por sua vez não são suficientemente conhecidas ou valorizadas. A introdução de sistemas telecontrolados (objetivando a minimização de erros de procedimentos) traz em si o risco de situar o ser humano apenas como uma parte de uma máquina cujo funcionamento desconhece e, portanto, não domina. Esta realidade confronta os verdadeiros princípios da educação profissional, que é um dos inúmeros contextos de aplicação da educação humana.
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Citação
URBANO, Luisa Maria Cabezas. Contribuições à formação profissional do comissário de vôo: um programa de desenvolvimento de competências em cuidados pré- hospitalares de agravos à saúde na aviação civil brasileira. 2013. 140 f. Dissertação (Mestrado Profissional) - Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2013.