Formação em cuidados paliativos na residência médica em medicina da família e comunidade: visão dos preceptores e residentes

Data
2017
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Introduction: Currently, Brazil lives a demographic transition in parallel to the epidemiological transition characterized by triple burden of disease. According to the World Health Organization, due to population aging and chronicity of diseases, there is a high demand for Palliative Care (PC) and to solve this, there is a proposal to implement PC in Primary Health Care (PHC) which is the pillar of Unified Health System in Brazil and one of the places of work of the Family Physician (FP). General objective: analyze the teaching of Palliative Care in residences in Family Medicine (FM) of Curitiba and the metropolitan region. Specific objectives: characterize the insertion of the Palliative Care teaching in the FM residences of Curitiba and metropolitan region; identify the pedagogical strategies used for this teaching; identify, in the view of program preceptors, the skills that have been developed during the residency in Palliative Care; assimilate the residents’ perceptions of Palliative Care competencies, developed throughout medical residency in FM. Methodology: a cross-sectional, exploratory, descriptive, qualitative / quantitative study by the triangulation of methods. The study included 04 Residency Programs in Family Medicine, two of Curitiba and two in the metropolitan region. We interviewed 06 preceptors and applied a questionnaire to 43 residents (89.53% of residents). A semi-structured interview with preceptors was carried out in order to identify if there is PC teaching, PC competencies developed, strategies, teaching and learning spaces used. Residents were given a questionnaire consisting of closed-ended questions (to characterize the subjects of the research and identify PC themes suggested by the residents) an open-ended question (to identify if there is PC teaching) and a kind of Likert-type scale of self-perception of competences development created by the authors and statistically validated. The analysis of the interviews / open-ended question was performed by the thematic modality content analysis, a Likert-type scale and by descriptive statistical analysis, Linear Correlation Test (r), Bar Graph and Mann-Whitney test. Results: We identified that the teaching of PC occurs in an unstructured way in the hidden curriculum and through the punctual insertion of the thematic. According to a preceptor’s perception, there is an absence of teaching and is justified by the lack of training of the preceptor, by the short time of contact with the terminal patient in the PHC and by the absence of institutional protocol. The teaching and learning spaces cited were health unit, home care and the classroom. The pedagogical strategies cited were theoretical class, clinical case discussion, directed study and simulated clinical case. Regarding the competencies developed, residents considered themselves to be in alert zones (need for medium-term intervention) “to demonstrate communication skills with the patient, with their caregivers and with their family, especially when communicating bad news” (mean 2,77), “to prepare and orient family members and patients concerning death-related providences” (mean 2.72), "management of common intercurrences in patients in palliative care and in terminal situations of chronic diseases" (mean 2.47) , "management of pressure and decubitus ulcer" (mean 2.4), “management of oncological and non-oncological pain in terminal patient (mean 2.36), "management of nutrition in the terminal patient" (mean 2.47), to know how to make an approach to grief (mean 2.92) and to know how to provide a death certificate (2.74). The only competence in which residents consider themselves to be in danger zones is to "recognize urgent situations in PC" (mean 1.65).Conclusion: PC teaching occurs throughout the Family Medicine residency in the hidden curriculum and in an unplanned way and is probably the consequence of similarities between the principles of PC and FM. Through an instrument applied to the residents, we identified the self-perception of the development of 10 competences, proposed by SBMFC. Residents consider themselves in an alert zone for nine of these competences and consider themselves in danger zone for one of them. Based on the research carried out, we suggest structuring the teaching of PC in the FM residency so that we can train professionals with full capacity to lead patients with PC needs.
Introdução: Vivencia-se no Brasil, a transição demográfica em paralelo à transição epidemiológica, caracterizada por tripla carga de doença. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, devido ao envelhecimento populacional e a cronicidade das doenças, existe uma elevada demanda de Cuidados Paliativos (CP) e para resolver essa questão, existe a proposta para implantar os CP na atenção primária em saúde (APS) que é o pilar do Sistema Único de Saúde no Brasil e um dos locais de atuação do Médico de Família e Comunidade (MFC). Objetivo geral: Analisar o ensino de Cuidados Paliativos nas residências em Medicina da Família e Comunidade de Curitiba e Região Metropolitana. Objetivos específicos: Caracterizar a inserção do ensino de Cuidados Paliativos nas residências de MFC de Curitiba e região metropolitana; Identificar as estratégias pedagógicas utilizadas para esse ensino; Identificar, na visão dos preceptores dos programas, as competências que têm sido desenvolvidas durante a residência, no tocante aos Cuidados Paliativos; Apreender as percepções dos residentes acerca das competências em Cuidados Paliativos, desenvolvidas no decorrer da residência médica em MFC. Metodologia: Estudo transversal, exploratório, descritivo, qualitativo/quantitativo pela triangulação de métodos. Participaram do estudo quatro Programas de Residência de Medicina de Família e Comunidade, dos quais dois de Curitiba e dois da região metropolitana. Foram entrevistados seis preceptores e aplicado questionário a 43 residentes (89,53% dos residentes). Foi realizada a entrevista semiestruturada com preceptores para identificar a existência de ensino de CP, as competências em CP desenvolvidas, as estratégias e os espaços de ensino e aprendizagem utilizados. Aos residentes foi aplicado um questionário, constituído por questões fechadas (para caracterizar os sujeitos da pesquisa e identificar os temas em CP sugeridos pelos os residentes), uma questão aberta (para identificar se existe ensino de CP) e um instrumento tipo Likert de autopercepção de desenvolvimento de competências em CP, desenvolvido pelos autores e validado estatisticamente. A análise das entrevistas / questão aberta foi realizada pela análise de conteúdo modalidade temática e a escala tipo likert por análise estatística descritiva, Teste da Correlação Linear (r), Gráfico de Barras e teste de Mann-Whitney. Resultados: Identificou-se que ao ensino de CP ocorre de maneira não estruturada no currículo oculto e por meio da inserção pontual da temática. Na percepção de um preceptor, o ensino é ausente e se justifica pela falta de capacitação do preceptor, pelo pouco tempo de contato com o paciente terminal na APS e pela ausência de protocolo institucional. Os espaços de ensino e aprendizagem citados foram: a unidade de saúde, o atendimento em domicílio e a sala de aula. As estratégias pedagógicas citadas foram: a aula teórica, a discussão de caso clínico, o estudo dirigido e o caso clínico simulado. Quanto às competências desenvolvidas, os residentes se consideraram em zona de alerta (necessidade de intervenção a médio prazo) para: “demonstrar habilidade de comunicação com o paciente, com os seus cuidadores e sua família, com ênfase na comunicação de más notícias” (média 2,77), preparar e orientar familiares e paciente quanto às providências “relacionadas à morte” (média 2,72), “manejo de Intercorrências comuns no paciente em cuidado paliativo e de situações terminais de doenças crônicas” (média 2,47), “manejo de úlcera por pressão / decúbito” (média 2,4), manejo da dor oncológica e não oncológica no paciente terminal (média 2,36), “manejo da nutrição no paciente terminal” (média 2,47), saber fazer abordagem do luto (média 2,92) e saber fornecer atestado de óbito (2,74). A única competência na qual os residentes se consideram em zona de perigo é “reconhecer situações urgentes em CP”, com a média de 1,65. Conclusão: No decurso da residência de Medicina de Família e Comunidade, o ensino de CP ocorre no currículo oculto e de maneira não planejada e é, provavelmente, a consequência das similaridades entre os princípios dos CP e da MFC. Por meio de instrumento aplicado aos residentes, identificou-se a autopercepção de desenvolvimento de 10 competências, propostas pela SBMFC. Os residentes se consideram em zona de alerta para nove dessas competências e se consideram em zona de perigo, para uma delas. Com base na pesquisa realizada, sugere-se a estruturação do ensino de CP na residência de MFC, para que se possa formar profissionais com capacitação plena para conduzir os pacientes com necessidades de CP.
Descrição
Citação
SANTOS, Gisele dos. Formação em cuidados paliativos na residência médica em medicina da família e comunidade: visão dos preceptores e residentes. 2017. 154f. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde) – Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2017.