Situações relacionadas ao uso indevido de drogas nas escolas públicas da cidade de São Paulo

Data
2003
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Objetivo: Levantar informacoes sobre situacoes direta ou indiretamente relacionadas ao uso indevido de substancias psicoativas nas escolas municipais de ensino fundamental da cidade de São Paulo, bem como os correspondentes comportamentos, atitudes e conhecimentos sobre o tema dos coordenadores pedagogicos. Metodo: Estudo etnografico com informacoes colhidas com informanteschave, selecionados pela tecnica do snow-bali, entre os educadores da rede municipal de ensino locados no setor administrativo da Secretaria Municipal de Educacao. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, focando a formacao media, as condicoes de trabalho e as situacoes comumente vividas pelos Coordenadores Pedagogicos das escolas municipais de São Paulo. Este estudo foi realizado com base no referencial etnografico e as entrevistas, depois de transcritas, passaram pela analise por meio da tecnica de logica categorial de conteudo, procurando fixar-se ao fenomeno descrito, sem entrar na interpretacao da forma do discurso. Resultados: Entre as dificuldades cotidianas relacionadas ao corpo discente citadas, boa parte guarda relacao direta ou indireta com a questao das drogas. A maioria dos entrevistados mostra tranquilidade na identificacao de alunos com problemas de atencao, comportamento ou com problemas familiares, fatores de risco para futuro uso abusivo de substancias. Em geral, as intervencoes relatadas primaram pela compreensao e inclusao do aluno, o que resulta indiretamente numa acao preventiva do uso indevido de drogas. Apesar do discurso teorico predominantemente pautado pelos principios da guerra as drogas, muitas acoes inclusivas, coerentes com o movimento de reducao de danos, foram relatadas, especialmente quando a situacao nao tinha relacao direta ou aparente com o uso de drogas. Quando a questao da droga era explicita, a atitude tendia a maior intolerancia e ao preconceito. Em geral, as intervencoes visando a inclusao de alunos em situacao vulneravel nao foram reconhecidas como acoes de prevencao. O discurso geral dos entrevistados enfatiza o despreparo e a inseguranca da equipe docente para lidar com o problema. A ideia da transmissao de conhecimentos como base da prevencao permeia a maioria dos discursos. A forma de intervencao preventiva mais citada foi palestra. Discussao: Entre os fatores que podem estar associados a relutancia dos educadores em apropriar-se do papel de mediador de intervencoes preventivas estao: os problemas relativos a formacao e informacao e o lugar social ocupado pela droga na sociedade atual, alem da sobrecarrega do corpo docente. O fato intervencoes caracteristicas da reducao de danos serem realizadas mesmo por entrevistados que nao demonstraram um conhecimento mais sistematizado sobre esta corrente teorica nao chega a surpreender, pois a reducao de danos e um movimento internacional que surgiu da praxis para depois se transformar em conhecimento academico. A profusao de relatos da convocacao ou presenca da Guarda Civil Metropolitana nas escolas provavelmente se deve a aproximacao entre o uso de drogas e a marginalidade no ideario do educador, como na sociedade. Conclusao: O Coordenador Pedagogico pode ser visto como o profissional de eleicao para protagonizar a reflexao sobre o uso indevido de drogas nas escolas e sua prevencao. Faz-se necessario nao somente a capacitacao, mas a valorizacao profissional do educador. A atitude mais proxima da politica da reducao de danos parece bastante compativel com a pratica do educador aberto a realidade social da escola e sensivel as necessidades dos alunos. Os obstaculos a esta pratica incluem a conotacao moral das drogas, colocadas no lugar de bode expiatorio da sociedade atual, associada a baixas condicoes de trabalho de nossos docentes. Neste sentido, a capacitacao teorica dos educadores teria a funcao de ratificar uma pratica desenvolvida a partir da vivencia na escola, tornando-os mais seguros nas suas intervencoes
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Citação
São Paulo: [s.n.], 2003. 156 p.