PPG - Ciências Sociais
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- ItemAcesso aberto (Open Access)Do desterro ao despejo: a fome em uma cultura imaginada moderna(Universidade Federal de São Paulo, 2024-11-04) Paula, Marilia Gabrielle de; Teixeira, Ana Lúcia de Freitas; http://lattes.cnpq.br/7293529482131431; http://lattes.cnpq.br/5823471870796092Este trabalho propõe analisar Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960), livro da escritora Carolina Maria de Jesus, concebendo-o como uma produção literária que nos apresenta uma certa forma de imaginar o moderno. Ao vincular, a um só tempo, tanto o fenômeno social da fome quanto uma rede de espaços à cidade de São Paulo – manejando termos como aqueles que a autora denominou de favela e de jardim –, parte-se da premissa de que essa obra nos ofereceria caminhos interpretativos acerca de imaginações formuladas, no limite, também em relação à cultura brasileira. Explorando, em particular, o contorno metafórico e organizador da sociedade delineado no diário, esta tese investiga a maneira com a qual os pares de oposição, criados por Carolina, aparecem estabelecidos e amalgamados em um conjunto de sentidos simbólicos que nos possibilita uma leitura distinta da fome. Para tanto, busquei extrair, de um recorte conceitual referente a tal fenômeno, a ideia de que a fome não seria apenas um produto ou resultado inerente à desigualdade socioeconômica, mas, por outro lado, ao carregar uma perspectiva igualmente propositiva, a fome atuaria conjuntamente a essa dimensão, por meio de uma espécie de mecanismo operativo, permitindo-nos observar sua tamanha capacidade de imputação de significados a um imaginário formulado, por sua vez, no âmbito da cultura e através de um extenso campo semântico tomado em uma relação disposta, especialmente, pelos termos despejo, margem, chão e desterro. Nessa direção, atravessar esse texto literário possibilitará uma apreensão do debate tendo em seu bojo a fome pensada, neste estudo, como um dos aspectos constitutivos de nosso processo de modernização.
- ItemAcesso aberto (Open Access)Devassos no paraíso: uma interpretação outsider do Brasil(Universidade Federal de São Paulo, 2024-08-13) Rossi, Émerson [UNIFESP]; Albuquerque, José Lindomar Coelho [UNIFESP]; http://lattes.cnpq.br/0312592126188264; http://lattes.cnpq.br/3314048367600656Esta pesquisa investiga a interpretação do Brasil presente na obra “Devassos no Paraíso” (1986), uma história da homossexualidade (masculina) no Brasil, escrita fora do establishment acadêmico, por um militante histórico na época da redemocratização (década de 1980). O estudo tem como objetivo compreender o percurso do autor, descrever as aproximações e distanciamentos em relação às pesquisas antropológicas sobre homossexualidades contemporâneas e mapear diálogos com outras interpretações clássicas do Brasil. A relevância da pesquisa reside na análise de uma obra seminal nos estudos de homossexualidade no Brasil que ao longo do tempo sofreu com altos e baixos em sua popularidade. Foi utilizada a metodologia de descrição densa, conforme teorizada pelo antropólogo Clifford Geertz. A pesquisa revelou uma relação pontual de Devassos no paraíso com o pensamento social brasileiro, destacando referências a Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda e afinidades temáticas com Michel Foucault e Roberto DaMatta. A obra é interpretada como uma crítica à sociedade brasileira, marcada por contradições e repressão.
- ItemAcesso aberto (Open Access)O Caso Médely/Giovani: Interrogando Narrativas Judiciais e Enquadramentos Processuais no Tribunal do Júri(Universidade Federal de São Paulo, 2024-10-14) Terra, Ana Paula Ricco; Sarti, Cynthia Andersen; Oliveira, Julian Simões Cruz de; http://lattes.cnpq.br/8598752806235099; http://lattes.cnpq.br/6324223682846646; http://lattes.cnpq.br/9453472144148442A presente pesquisa de mestrado consiste em uma etnografia do caso Médely/Giovani, adolescente de 15 anos de idade, que poderia estar atravessando o processo de transição de gênero quando foi vítima de violência sexual e assassinada/o em Itaquaquecetuba da Serra, com a suposição de que o crime tenha ocorrido no contexto do trabalho sexual. A hipótese de que a/o adolescente enfrentava um processo de transição de gênero não foi plenamente verificada devido aos apagamentos sobre sua identidade que ocorreram após a morte. A pesquisa se baseia em diversos materiais: notícias veiculadas sobre o crime, investigação policial e processo judicial, observação de sessão do Tribunal do Júri e entrevistas com promotor de justiça e advogada de defesa do processo. O objetivo é interrogar os limites e tensões do direito ao lidar com identidades complexas e indefinidas, questionando: como a indefinição constitutiva da identidade de gênero de Médely/Giovani influenciou as narrativas judiciais? Há espaço para a indefinição no processo criminal? Como as narrativas processuais moldam o perfil da vítima, das testemunhas e do acusado? Problematiza-se também a figura da testemunha, considerando os limites do testemunho jurídico e a demanda de objetividade e fidedignidade da memória. A partir das questões apresentadas, problematizam-se os limites e tensões que rondam as figuras e categorias jurídicas.
- ItemAcesso aberto (Open Access)Autonomia social da arte: o caso do MAM-SP(Universidade Federal de São Paulo, 2018-06-10) Barbosa, Luis Carlos; Consolim, Marcia Cristina; http://lattes.cnpq.br/7913269944875219; http://lattes.cnpq.br/4626064679328667O presente trabalho busca refletir sobre a questão da autonomia social da arte a partir da noção de campos de produção simbólica, conforme proposta por Pierre Bourdieu, aplicando-a universo das artes visuais paulistano. De acordo com o sociólogo francês, nos campos impera uma lógica “antieconômica” que denega os ganhos materiais, em detrimento do acúmulo do capital simbólico que só os próprios campos podem conceder. E, embora submetidos aos campos econômico e do poder político e, por isso, dotados de uma autonomia relativa, os campos estabelecem suas próprias regras de funcionamento, tornando-se refratários a quaisquer interferências externas. Por sua vez, a Lei no 8.313, conhecida como Lei Rouanet, instituiu um sistema de financiamento público à cultura. Um dos dispositivos previstos pela Lei, o mecenato, concede às pessoas físicas e empresas que patrocinarem iniciativas culturais pré-aprovadas pelo Ministério da Cultura o direito de deduzir, em parte ou em sua totalidade, de acordo com o tipo de projeto apoiado, os valores desembolsados dos montantes devidos ao Estado a título de Imposto de Renda. Essas pessoas e empresas obtém, além disso, o direito veicular seus nomes e logomarcas em toda comunicação das iniciativas culturais que patrocinarem. Dispõem, dessa forma, de um mecanismo que lhes permite, indiretamente, selecionar quais projetos receberão recursos públicos e beneficiar-se da publicidade decorrente do projeto patrocinado, contaminando-se com o capital simbólico produzido no interior do campo, distinguindo-se, enfim, entre seus pares dos campos político e econômico. Tendo em vista a escassez de recursos públicos, os artistas e demais agentes culturais veem-se submetidos a avaliações por partes de atores externos ao campo de produção simbólica, de acordo com critérios, muitas vezes, externos a estes. Diante desse cenário, nos propomos a averiguar o grau de interferência no campo das artes visuais possibilitado por tal mecanismo de financiamento à cultura. Para isso, o Museu de Arte Moderna de São Paulo, o MAM-SP, foi selecionado como objeto de análise, buscando-se verificar o quanto as decisões curatoriais do Museu foram afetadas pela nova dinâmica de obtenção de recursos públicos para ações culturais estabelecida pela Lei Rouanet. Em outras palavras, se o modus operandi para obtenção de recursos públicos para cultura conhecido por mecenato constitui uma ameaça à autonomia relativa do campo das artes visuais paulistano.
- ItemAcesso aberto (Open Access)Levando o cuidado a sério: uma reflexão acerca de limites e potencialidades(Universidade Federal de São Paulo, 2019-10-18) Claro, Michelle Gomes; Cyfer, Ingrid; Silva, Júlio César Casarin Barroso; http://lattes.cnpq.br/7742601248709182; http://lattes.cnpq.br/7880008426446782; http://lattes.cnpq.br/7348796625795044As discussões a respeito da divisão desigual do cuidado não são recentes, há muito alertam sobre a responsabilidade desigual pelo cuidado que incide principalmente sobre as mulheres. As atividades do cuidado foram socialmente e sistematicamente designadas ao campo do privado, e as vozes oriundas dos principais responsáveis pelo cuidado não são ouvidas adequadamente, gerando consequências políticas. A psicóloga Carol Gilligan, argumenta em “Uma Voz Diferente” (1982), a existência de uma forma de raciocínio moral considerada menos moral por não se adequar aos critérios característicos de uma ética da justiça. Ao evidenciar uma voz do cuidado, Gilligan defende que o cuidado não seja compreendido como naturalmente feminino, mas como o efeito de condições históricas. Partindo das investigações de Gilligan e algumas de suas provocações, buscamos por meio de autoras que propõem modos de articular cuidado e justiça, encontrar vias possíveis para um empreendimento feminista e político sobre o cuidado. Por fim, se tomarmos a definição de cuidado desenvolvida por Joan Tronto (1987), como um trabalho necessário para a manutenção do corpo social, mas que é negligenciado apesar de sua importância, questionamos quais são as razões que levam necessidades entendidas como ordinárias serem negligenciadas pelas teorias morais tradicionais. O cuidado não é uma experiência singular destinada apenas a alguns sujeitos, mas uma experiência vivenciada por todos constantemente, dado uma vulnerabilidade humana genérica, somada a noção de que todos somos interdependentes, destinando e recebendo cuidados independente de nossos laços afetivos