PPG - Medicina (Hematologia)

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    Acesso aberto (Open Access)
    Análise dos desfechos clínicos da abordagem conservadora nas indicações de tratamento na leucemia linfocítica crônica
    (Universidade Federal de São Paulo, 2024-10-03) Marques, Fernanda de Morais [UNIFESP]; Silva, Celso Arrais Rodrigues da [UNIFESP]; Gonçalves, Matheus Vescovi [UNIFESP]; http://lattes.cnpq.br/9252089988474953; http://lattes.cnpq.br/6962573800002763; http://lattes.cnpq.br/8673983732592363
    Introdução: A leucemia linfocítica crônica (LLC) apresenta diversas indicações de tratamento, com alguns pacientes recebendo tratamento imediato enquanto outros permanecem em observação. Em 2008, o Workshop Internacional sobre Leucemia Linfocítica Crônica (IWCLL) estabeleceu critérios para indicações de tratamento, amplamente adotados na prática clínica e em estudos clínicos. O Grupo Brasileiro de LLC (GBLLC) vem avaliando uma abordagem mais conservadora na indicação e início do tratamento realizado em múltiplos centros, que evita níveis de corte predefinidos para citopenias e evita considerar linfocitose progressiva, envolvimento extranodal ou sintomas relacionados à doença como critérios isolados. No entanto, a segurança e os potenciais resultados diferentes desta abordagem conservadora em comparação com os critérios mais restritos do IWCLL ainda não haviam sido avaliados. Objetivo: Comparar os desfechos clínicos de pacientes com LLC cadastrados no Registro Brasileiro de LLC (RBLLC) sem indicação de tratamento segundo os critérios do GBLLC, que foram tratados ou não com base na decisão do centro. Pacientes e Métodos: Realizamos uma análise retrospectiva de pacientes com LLC inscritos no RBLLC, acompanhados entre janeiro de 2009 e julho de 2023, atendendo aos critérios mínimos de disponibilidade de dados para análise e seguindo as diretrizes de inclusão do IWCLL. Definimos dois grupos de interesse: 1) grupo de critérios liberais - critérios mais amplos e inclusivos definidos pelo IWCLL; 2) grupo de critérios restritivos - critérios mais restritos e seletivos definidos pelo GBLLC, indicando uma abordagem mais cautelosa para o início do tratamento. Resultados/Discussão: Foram incluídos 2.511 pacientes de 41 centros. Entre eles, 1.404 pacientes (56%) preencheram os critérios da IWCLL para indicação de tratamento, enquanto apenas 788 pacientes (31%) preencheram os critérios de indicação mais conservadores do GBLLC. As indicações comuns para o início do tratamento no grupo de critérios liberais foram citopenias em 771 pacientes (55%), linfonodomegalia sintomática em 330 pacientes (24%) e sintomas constitucionais relacionados à doença em 112 pacientes (8%). E as indicações mais comuns para o início do tratamento no grupo de critérios restritivos foram citopenias em 413 pacientes (52%), linfonodomegalia sintomática em 316 pacientes (40%) e complicações autoimunes em 22 pacientes (3%). Após um acompanhamento médio de 58 meses, a sobrevida global (SG) em 5 anos foi de 82%. O grupo cuja indicação de tratamento eram as citopenias demonstrou SG inferior em comparação com as demais indicações. Do total de 1404 pacientes com indicação de tratamento, 1149 receberam terapia específica. Entre os pacientes tratados, havia ainda 80 pacientes que receberam tratamento apesar de não terem indicação de acordo com os critérios do IWCLL. Esse grupo de pacientes apresentou SG inferior quando comparado aos pacientes que foram tratados do grupo de critérios liberais e do grupo de critérios restritivos (82% vs. 85% vs. 68%, respectivamente). Adicionalmente, uma parte significativa desses pacientes foi submetida a esquemas inadequados, como COP ou CHOP, reforçando a percepção de possíveis lacunas da educação médica no manejo da doença. A mediana do tempo para o primeiro tratamento (TPT1) foi de 3,4 meses (variação: 1 – 231). Ao se analisar o tempo que os pacientes aguardaram desde a indicação de tratamento até o início do mesmo, os pacientes que aguardaram mais de 18 meses apresentaram uma SG superior quando comparado aos que aguardaram menos de 18 meses (82% vs. 69%, respectivamente, com p=0,004). Entre os pacientes do grupo de critérios liberais, a SG foi significativamente pior nos pacientes tratados (83%) em comparação com os pacientes não tratados (97%, P <0,0001). E após análise multivariada, o fato de receber tratamento foi fator de risco independente para pior sobrevida global nesse grupo de critérios liberais. Conclusão: Esses dados de mundo real sugerem que uma abordagem conservadora na indicação do tratamento de primeira linha para LLC é segura e associada à melhora da sobrevida, possivelmente pela mitigação de toxicidades e complicações relacionadas ao tratamento, como infecções, toxicidades e seleção clonal. Além disso, esta estratégia pode conservar recursos, melhorando o acesso aos medicamentos para um maior número de pacientes com clara necessidade de tratamento, especialmente em países com limitação de recursos.
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    Acesso aberto (Open Access)
    Prevalência de osteonecrose e fatores associados à sua manifestação em uma coorte de portadores de doença falciforme
    (Universidade Federal de São Paulo, 2024-09-06) Zambianco, Júlia Figuerôa {UNIFESP]; Figueiredo, Maria Stella [UNIFESP]; Pires, Sílvio Ricardo [UNIFESP]; http://lattes.cnpq.br/3930068921962275; http://lattes.cnpq.br/0736747630522639; http://lattes.cnpq.br/0240056979968595
    A osteonecrose é uma complicação comum e debilitante da doença falciforme, caracterizada pela morte do tecido ósseo devido à interrupção do suprimento sanguíneo. OBJETIVO: Este estudo teve como objetivo avaliar características genotípicas e laboratoriais associadas à manifestação de osteonecrose em um grupo de portadores de doença falciforme. MÉTODOS: Foi realizada uma análise transversal em uma amostra de 307 pacientes com diagnóstico confirmado de doença falciforme, acompanhados no Ambulatório de Anemias Hereditárias da Escola Paulista de Medicina/UNIFESP. Nesse estudo foram coletados e analisados dados clínicos e laboratoriais de modo retrospectivo e longitudinal. A prevalência de osteonecrose foi determinada, e análise multivariada foi realizada para identificar os fatores de risco associados à condição. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados mostraram que a prevalência de osteonecrose na coorte foi de 35%, sem diferença de prevalência entre os grupos estudados. Entre os fatores associados à maior incidência de osteonecrose, destacaram-se níveis de hemoglobina, relação hemoglobina/hematócrito e contagem de glóbulos brancos, neutrófilos e plaquetas. O uso de hidroxiureia não mostrou correlação com a manifestação de osteonecrose. CONCLUSÃO: Concluiu-se que a osteonecrose é uma complicação prevalente em pacientes com doença falciforme e parece estar associada a diversos fatores clínico- laboratoriais. Estes achados ressaltam a importância do monitoramento regular e da implementação de estratégias preventivas para minimizar o impacto da osteonecrose na qualidade de vida desses pacientes.
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    Embargo
    Imunoterapia direcionada à anidrase carbônica IX em carcinoma renal: impactos no checkpoint imunológico e tumorigênese
    (Universidade Federal de São Paulo, 2024-06-14) Pivetta, Renata Schmieder [UNIFESP]; Suarez, Eloah Rabello; http://lattes.cnpq.br/2876593986574911; http://lattes.cnpq.br/5133176351790838
    Introdução: A expressão das enzimas pró-tumorigênicas anidrase carbônica IX (CAIX) e ciclooxigenase-2 (COX-2) ocorre em cerca de 95% e 50% dos casos de carcinoma renal de células claras (ccRCC), respectivamente. O ccRCC também é caracterizado por um microambiente imunossupressor, e aproximadamente 24% dos casos superexpressam o ligante de morte celular programada-1 (PD-L1), aumentando o risco de morte em 53%. Objetivos: Avaliar a existência de um mecanismo regulatório de expressão de PD-L1 e COX-2 mediado pela inibição imunoterapêutica da CAIX em linhagens celulares de ccRCC positivas para CAIX, COX-2 e PD-L1. Verificar possível correlação in silico entre a expressão de CAIX e PD-L1 e/ou CAIX e COX2 em 534 tumores e 9 linhagens celulares de ccRCC. Analisar o efeito da imunoterapia com linfócitos T (LT) expressando receptor quimérico de antígeno (CAR) anti-CAIX no checkpoint imunológico in vivo. Metodologia: Realizamos a separação (“sorting”) por citometria de fluxo de subpopulações de células SKRC52 baseadas na expressão de CAIX e PD-L1. Promovemos o bloqueio da CAIX com dois anticorpos monoclonais em duas linhagens de ccRCC, SKRC52 e SKRC59. Avaliamos a viabilidade celular e a expressão de CAIX, PD-L1, COX-2 por imunofluorescência e a expressão de proteínas relacionadas a possíveis vias de sinalização envolvidas por Western Blotting. No ensaio in vivo, avaliamos PD-L1, Ki67, CD3 e Granzima B, assim como marcadores de exaustão de LT. Resultados: A subpopulação de SKRC52 selecionada como negativa para CAIX e positiva para PD-L1, tornou-se espontaneamente negativa para a expressão de ambas as moléculas. Por bioinformática, foi observada uma correlação positiva entre CAIX e PD-L1 e CAIX e COX-2 em células de ccRCC. O bloqueio de CAIX com anticorpo monoclonal anti-CAIX, gerou uma diminuição nos níveis de expressão de PD-L1 e COX-2 em ccRCC. LT CAR Anti-CAIX in vivo reduziu PD-L1 e reverteu a exaustão dos LT infiltrados em ccRCC. Conclusões: Terapias com inibidores de CAIX podem indiretamente inibir o checkpoint imunológico via PD-L1/PD-1 e a tumorigênese via COX-2.
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    Acesso aberto (Open Access)
    Elaboração de questionário para avaliação cognitiva em pacientes com anemia falciforme
    (Universidade Federal de São Paulo, 2024-06-05) Reis, Maria José de Farias Ramos [UNIFESP]; Figueiredo, Maria Stella [UNIFESP]; Pires, Silvio Ricardo [UNIFESP]; http://lattes.cnpq.br/3930068921962275; http://lattes.cnpq.br/0736747630522639; https://lattes.cnpq.br/6304806104431574
    A Doença Falciforme (DF) é a denominação do conjunto de anemias hereditárias mais prevalente em todo o mundo. É uma doença autossômica recessiva e os portadores da mutação, dependendo do genótipo, têm diversas complicações desde o nascimento até o final da vida, além da anemia hemolítica. As complicações podem ser agudas ou crônicas, fazendo com que estes pacientes possam apresentar diversas comorbidades. O Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o Infarto Cerebral Silencioso (ICS) são comorbidades frequentes e importantes de serem avaliadas por poderem resultar em declínio cognitivo. Diversos países desenvolveram questionários de rastreio cognitivo validados, porém não existe um teste de rastreio de declínio cognitivo em portadores de anemia falciforme (AF) em língua portuguesa. Objetivo: desenvolver questionário para avaliação de funções cognitivas em portadores de AF. Metodologia: Pesquisa fundamentada pelo método descritivo com natureza observacional, abordagem dupla, tanto qualitativa quanto quantitativa. Foram recrutados 41 pacientes com AF, divididos em dois grupos: grupo controle/G1 – com AVC; grupo caso/G2 – sem AVC. Análise estatística: Foram utilizadas as seguintes ferramentas para análise dos dados: tabela de contingência, teste de Mann Withney, ANOVA de duas vias sem repetição para a avaliação socioeconômica e Teste Alfa de Cronbach para o questionário cognitivo, onde resultados próximos a 1,00 correspondem a alta confiabilidade do questionário. Resultado: Observou-se que os dois grupos obtiveram resultados semelhantes quanto a idade, sexo, etnia e base alimentar. No questionário sobre funções cognitivas, a aplicação da ferramenta Alpha mostrou que o G1 obteve valor de 0,90 e o G2 de 0,14, com diferença significante. Conclusão: Conclui-se que o objetivo do trabalho em produzir um questionário piloto foi alcançado. O resultado observado em G1 mostra que o questionário foi confiável na identificação de indivíduos com declínio cognitivo. O G2 teve resultado próximo a zero, ou seja, os pacientes deste grupo não apresentaram declínio cognitivo. Considerando que a frequência de ICS é considerável nestes pacientes, era esperado um resultado mais próximo a um nível intermediário, não tão baixo. Tal fato pode ser devido ao número amostral bastante reduzido e/ou ao baixo número de pacientes com ICS avaliados em G2. Novos estudos relativos à construção de novo questionário, com produção de novos construtos, análise mais assertiva das pontuações em relação à psicometria e avaliação de fatores interferentes nas respostas ao questionário deverão ser feitos para a elaboração de um questionário definitivo.
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    Acesso aberto (Open Access)
    Identificação de alelos RHD variantes, fenótipos Duffy e variante c.-67T>C no gene GATA-1 em doadores de sangue de diferentes regiões do Brasil
    (Universidade Federal de São Paulo, 2024-04-03) Silva, Thamy Caroline Souza [UNIFESP]; Bordin, José Orlando [UNIFESP]; Dinardo, Carla Luana; http://lattes.cnpq.br/2069769466957361; http://lattes.cnpq.br/4235368036147314; http://lattes.cnpq.br/6895906608002328
    Introdução: A variabilidade dos alelos codificantes de antígenos dos sistemas Rh e Duffy apresenta desafios na transfusão sanguínea devido aos fenótipos variantes (Rh) e à variabilidade de frequência antigênica conforme ancestralidade individual (Duffy). A presença de variantes Rh parciais e ausência de antígenos de alta frequência podem levar à aloimunização eritrocitária. Compreender essas variantes é crucial para transfusões seguras, especialmente em pacientes com doença falciforme. Conhecer a distribuição regional dessas variantes pode facilitar a busca por hemácias compatíveis, melhorando a eficácia e segurança das transfusões sanguíneas e da prescrição de imunoglobulina Rh (anti-D) para gestantes D-fraco. Objetivos: Descrever os alelos variantes de RHD, os fenótipos Duffy e a presença da variante c.c.1-67T>C em GATA-1 em doadores de sangue de quatro regiões do Brasil. Casuística e métodos: A partir de 311.998 amostras de doadores de sangue de quatro regiões do Brasil (sudeste, sul, centro-oeste e nordeste) foram selecionadas 781 amostras para o estudo. As amostras foram escolhidas a partir de 2 critérios: 1) fenótipo D-fraco; e 2) Fenótipo D-negativo com antígenos C e/ou E positivos. Todos os doadores foram submetidos a testes de fenotipagem ABO/RhD, RhCE, Fya e Fyb e confirmação de D-fraco. Além disso, foram realizadas a genotipagem RHD em todas as amostras e RHCE e FY em amostras selecionadas. Resultados: Das 295 amostras do grupo D-fraco, 88% apresentaram pelo menos um alelo que expressa um antígeno RhD alterado, sendo 19% D-parcial e fraco, 67% D-fraco tipo 1, 2 ou 3 e 14% eram outros tipos de D-fraco, 12% não apresentaram nenhuma das variantes investigadas. Houve uma correlação significante estatísticamente entre as regiões brasileiras estudadas as quais esses doadores pertecem e a variante de Rh encontrada. Dos 295, 10% eram Fy(a-b-), 59% apresentam pelo menos um alelo com a variante c.1-67T>C no gene GATA-1 e uma associação estatisticamente significativa (p<0,05) foi encontrada entre os fenótipos Duffy e as variantes Rh do grupo D-fraco. Das 486 amostras do grupo 2, 26 (5%) apresentavam o gene RHD, sendo que 13 (50% ) apresentaram a variante RHD*Ψ em pelo menos 1 alelo. Em estudo estatístico avaliando associação entre as regiões geográficas e fenotipagem Duffy de todos os indivíduos (n=781) foi encontrada associação estatisticamente significativa (p<0,05), bem como na associação das regiões e a variante c.1-67T>C daqueles individuos que eram Fy(b-). Os grupos 1 e 2, que tinham variantes em RHD, quando comparados com o grupo controle (sem o gene RHD), não mostraram diferenças estatisticamente significativas nos testes, independentemente da presença ou ausência da variante c.1-67T>C (p>0,05). Conclusões: Foi analisada a diversidade do gene RHD e a fenotipagem Fya e Fyb na população de doadores brasileiros. Ao mesmo tempo realizamos associações para avaliar as regionalidades das variantes RhD, fenótipos Duffy e a variante c.1-67T>C, que é indicativa de ancestralidade Africana. As variantes encontradas nos doadores refletem a diversidade do gene RHD e fenótipos Duffy e permitem extrapolação para a população de pacientes a serem transfundidos ou a serem manejados durante a gestação.