Otite externa necrotizante: uma proposta para a abordagem diagnóstica e terapêutica
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Data
2022-07-08
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Objetivo: desenvolver um protocolo de atendimento prático e efetivo, baseado em critérios clínicos, laboratoriais e radiológicos, para normatizar o manejo diagnóstico e terapêutico da otite externa necrotizante na instituição. Métodos: estudo tipo coorte retrospectivo que incluiu pacientes atendidos no ambulatório de Otologia e/ou pronto-socorro em Otorrinolaringologia da Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina com diagnóstico de otite externa necrotizante no período compreendido entre janeiro de 2015 a dezembro de 2020. Resultados: foram incluídos 34 pacientes com 2 casos bilaterais, totalizando 36 orelhas. A idade média foi de 68.5 anos com maior prevalência no sexo masculino (76%). Diabetes esteve presente em 97% da amostra. A otalgia foi o sintoma mais prevalente (100%) e a otorreia o achado no exame físico mais frequente (97%). O acometimento de pares cranianos foi identificado em 35% da amostra. Pseudomonas aeruginosa foi o patógeno isolado mais frequente, presente em 50% dos casos. Dentre as culturas com isolamento de agentes bacterianos, 35% apresentaram resistência a ciprofloxacino. Tomografia computadorizada foi o exame mais realizado (94%), sendo o achado mais frequente o espessamento de partes moles do meato acústico externo (91%). A erosão óssea do meato acústico externo ocorreu em 59%. A presença do forame do Huschke teve relação estatisticamente significativa com a erosão de côndilo mandibular (p<0.001). A ressonância magnética foi realizada em 41% da amostra, sendo o achado mais prevalente o acometimento de partes moles nas regiões retrocondilar e subtemporal, ambos com 79% de prevalência. Cintilografia foi realizada em 10 pacientes (29%). Ciprofloxacino via oral foi utilizado previamente em 68% dos pacientes. A internação hospitalar foi indicada em 31 pacientes (91%), sendo ceftazidima a droga mais prescrita em 35.5% dos casos. O tempo médio de hospitalização foi de 60 dias. Ao total, ocorreram 11 recidivas (32%) e 12 pacientes (35%) tiveram complicações durante o tratamento. Dentre os desfechos desfavoráveis, 12% persistiram com algum grau de paralisia facial periférica, 6% mantiveram disfagia e 9% faleceram em decorrência da doença. Houve relação estatisticamente significativa entre presença de desfecho desfavorável tanto com hemoglobina abaixo de 12g/dL quanto com a presença de acometimento de nervos cranianos. A recidiva ocorreu após uma média de 100 dias da finalização da terapia. O tempo médio de acompanhamento foi de 16 meses. O acometimento da região parafaríngea na tomografia apresentou relação significativa com a presença de complicações (p=0.042). Conclusões: o estudo elaborou um protocolo diagnóstico e terapêutico para a otite externa necrotizante objetivando condutas eficazes, porém condizentes com as limitações estruturais da instituição. O protocolo é uma ferramenta dinâmica e deve ser revisado e atualizado à medida que surgirem novas necessidades durante sua aplicação.