Fatores de risco e trajetórias de desenvolvimento com drogas de uma amostra multicêntrica de usuários de crack que buscaram tratamento em comunidades terapêuticas no Brasil

Data
2020-10-01
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Crack consumption in Brazil was first limited to the city of São Paulo, spreading only for the rest of the country during the 1990s and 2000s. Government efforts were implemented during these two decades, including the establishment of the largest program treatment of substance use in Latin America. Objectives: (1) to compare the profile study of two cross-sectional studies of crack users who sought treatment sixteen years apart (1997 and 2013); (2) identify associated factors and behavioral characteristics for early crack use by 577 crack users who sought treatment in therapeutic communities. Methods: This is a study cross-sectional study that included 20 Therapeutic Communities from 06 Brazilian states and the District Federal (from September 2012 to September 2013). Article 1 includes two cross-sectional studies performed at different times, the first in 1996 to 1997 and the second in 2012 to 2013 in treatment programs from different locations, 133 individuals were interviewed in 1996 and 577 in 2012. Article 2 analyzed factors associated with early crack use in the sample 2012 (n = 577) seeking to detail possible predictors for the beginning of pecoce use. Both of us studies the interviews were based on the Intake Questionnaire and Maudsley Addiction Profile to examine sociodemographic characteristics, patterns of drug use and factors and associated behaviors. Results: The average age of the samples increased from 27.3 (SD = 7.9) in 1996 to 30.8 years in 2012 (SD = 7.7) (p <0.0001 95% CI 0.49-0.79).THE high school completion was more than three times higher in 2012, 11.7% to 38.9% (OR = 8.12; 95% CI 4.50-14.65) (p = 0.0152; 95% CI 0.2-1.9). In 1996, 76.4% of the participants reported starting crack-cocaine use in the last 5 years, in contrast to the cohort of 2012, that 68.9% reported more than 5 years of crack use (OR = 7.31; 95% CI 4.68-11.41) (p <0.0085; 95% CI 21.30-22.38). Other differences included higher unemployment (OR = 2.11; 95% CI, 1.21-3.69; p = 0.007) and incarceration rates (OR = 3.28; 95% CI, 2.17-4.97; p <0.0001) in the 1996 study. The presence of constant relationship problems with the mother favored the early start of crack use (p = 0.0020). The father's absence (p = 0.0003) and recurring relationship problems related to it (p = 0.0013) resulted in significant differences in the age of onset of crack use by the study patients. Severe maltreatment is related to the early use of crack (p = 0.0162),good how to have witnessed physical aggression between parents (p = 0.0381). parenting, patients who had parents who knew their friends and knew the way how they spent their free time and money in their early teens (12-14 years) started use later (p = 0.000, for all). In late adolescence (15-17 years) access facilitated drug use was related to earlier crack initiation. Those who had “most / all” friends using some type of drug likelihood of starting crack use sooner. Among deviant behaviors committed before the age of 15, such as threatening someone with a gun (p = 0.000), tell many lies (p = 0.0086) and assault stores, children or parents (p = 0.001) all predictors the appearance of early use. Conclusions: In the last two decades, when the spread of crack began in Brazil changes in the profile of crack users who seeking treatment seems to have changed. Recent patients are more aged people, using the drug in a more chronic way, has presented higher levels schooling and lower unemployment rates when compared to 1996 users and other previous studies. As to the age of onset of crack use, it seems to be influenced by countless combinations of protection and risk factors, within a system integrating social environments, relationship groups, individual characteristics and behavior patterns, highlighting these factors will allow the elaboration of strategies for prevention, as well as specific control, both based on basic information scientific.
O consumo de crack no Brasil limitou-se primeiro à cidade de São Paulo, espalhando-se apenas para o resto do país durante os anos 1990 e 2000. Esforços governamentais foram implementados durante essas duas décadas, incluindo o estabelecimento do maior programa de tratamento de uso de substâncias na América Latina. Objetivos: (1) comparar o perfil sociodemográfico de dois estudos transversais de usuários de crack que buscaram tratamento com dezesseis anos de intervalo (1997 e 2013); (2) identificar fatores associados e características comportamentais para uso precoce de crack de 577 usuários de crack que procuraram tratamento em comunidades terapêuticas. Métodos: Trata-se um estudo transversal que incluiu 20 Comunidades Terapêuticas de 06 estados brasileiros e no Distrito Federal (de setembro de 2012 a setembro de 2013). O artigo 1 inclui dois estudos transversais realizados em momentos diferentes, o primeiro em 1996 a 1997 e o segundo em 2012 a 2013 em programas de tratamento de diversos locais, foram entrevistados 133 indivíduos em 1996 e 577 em 2012. O artigo 2 analisou fatores associados para uso precoce de crack da amostra de 2012 (n=577) buscando detalhar possíveis preditores para início do uso pecoce. Nos dois estudos as entrevistas foram baseadas no Intake Questionnaire e no Maudsley Addiction Profile para examinar características sociodemográficas, padrões de uso de drogas e fatores e comportamentos associados. Resultados: A idade média das amostras aumentou de 27,3 (DP=7,9) em 1996 para 30,8 anos em 2012 (DP=7,7) (p<0,0001 IC 95% 0,49-0,79). A conclusão do ensino médio foi mais de três vezes maior em 2012, 11,7% para 38,9% (OR=8,12; IC95% 4,50-14,65) (p=0,0152; IC95% 0,2-1,9). Em 1996, 76,4% dos participantes relataram iniciar o consumo de crack-cocaína nos últimos 5 anos, em contraste com a coorte de 2012, que 68,9% relataram mais de 5 anos de uso de crack (OR=7,31; IC 95% 4,68-11,41) (p<0,0085; IC 95% 21,30-22,38). Outras diferenças incluíram maior desemprego (OR=2,11; IC 95%, 1,21-3,69; p=0,007) e taxas de encarceramento (OR=3,28; IC95%, 2,17-4,97; p<0,0001) no estudo de 1996. A presença de problemas constantes de relacionamento com a mãe favoreceu o início precoce do uso de crack (p=0,0020). A ausência do pai (p=0,0003) e problemas de relacionamento recorrentes relacionados a ele (p=0,0013) resultaram em diferenças significativas na idade de início do consumo de crack pelos pacientes do estudo. Situação de maus-tratos grave está relacionadas ao uso precoce de crack (p=0,0162), bem como ter testemunhado agressão física entre os pais (p=0,0381).Quanto ao monitoramento parental, os pacientes que tiveram pais que conheciam os seus amigos e sabiam a maneira como gastavam o seu tempo livre e dinheiro no início da adolescência (12-14 anos) iniciaram o uso mais tardiamente (p=0,000, para todos). No final da adolescência (15-17 anos) o acesso facilitado para consumo de drogas estava relacionado à iniciação mais precoce do crack. Aqueles que tinham a “maioria / todos” os amigos usando algum tipo de droga tiveram maior probabilidade de iniciar o consumo de crack mais cedo. Entre os comportamentos desviantes cometidos antes dos 15 anos de idade, como ameaçar alguém com uma arma (p=0,000), contar muitas mentiras (p=0,0086) e agredir lojas, crianças ou pais (p=0,001) todos preditores do aparecimento do uso precoce. Conclusões: Nas duas últimas décadas, quando a disseminação do crack começou no Brasil as mudanças no perfil dos usuários de crack que procuram tratamento parece ter se modificado. Os pacientes recentes estão mais envelhecidos, usando a droga de forma mais crônica, tem apresentado níveis mais elevados de escolaridade e menores taxas de desemprego quando comparados aos usuários de 1996 e outros estudos anteriores. Quanto à idade de início do consumo de crack parece ser influenciada por inúmeras combinações de fatores de proteção e risco, dentro de um sistema que integra ambientes sociais, grupos de relacionamento, características individuais e padrões de comportamento, destacar esses fatores permitirá elaboração de estratégias de prevenção, bem como de controle específicas, ambas baseadas em informações de base científica.
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