A olaria da fidelidade: a recepção de Kierkegaard na antropologia da verdade de Heschel
Data
2020-01-24
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
This research investigates the way in which Kierkegaard was received by Heschel’s thought. A surprisingly untapped field of research. Although concentrated on a single work, his last work, A Passion for truth, this reception reverberates on Heschel’s work as a whole. Beginning by the establishment of common concerns between Kierkegaard and the polish rabbi Kotzker, Heschel constructs a whole anthropological building composed of problems and emblems based on an experimental conception of truth and faith - the so-called “life of faith". Such a building, however, is covered by an essayistic nature of writing. From our analysis of Kierkegaard-Rezeption, we developed a conceptual platform for the prospection of what we have come to refer to as Heschel's “anthropology of truth”. An anthropology that, combining faith and truth from the perspective of an experiential knowledge of God, places simultaneously an extra-worldly framework ("celestification") and an emphasis on earthly tasks, a perspective we call "existential apocalyptic". The hybridity of this perspective marks the character of Heschel's anthropology of truth as a reflexive proposal that lies in the liminality of classifications. Such liminality is already visible in the pillar of the anthropological building, in which Heschel places a both a jew and a christic in a cooperative relationship.
Esta pesquisa investiga de que modo se deu a recepção de Kierkegaard no pensamento de Heschel. Um campo de pesquisa surpreendentemente inexplorado. Embora concentrada em uma só obra, a sua última obra, A passion for truth, essa recepção reverbera sobre a obra de Heschel como um todo. A partir do estabelecimento de concernências comuns entre Kierkegaard e o rabino polonês Kotzker, Heschel constrói todo um edifício antropológico composto por problemas e emblemas baseado em uma concepção experimental de verdade e de fé (“life of faith”). Tal edifício, no entanto, encontra-se encoberto por uma escrita de natureza ensaística. A partir da nossa análise da Kierkegaard-Rezeption, desenvolvemos uma plataforma conceitual para a prospecção do que, no decorrer da pesquisa, viemos a designar como a “antropologia da verdade” de Heschel. Uma antropologia que, associando a fé e a verdade sob a perspectiva de um conhecimento experimental de Deus, assenta simultaneamente um referencial extramundano (“celestificação”) e um debruçamento sobre tarefas terrenas, uma perspectiva que designamos como “apocalíptica existencial”. A hibridicidade dessa perspectiva assinala o caráter da antropologia da verdade de Heschel como proposta reflexiva que se encontra na liminaridade das classificações. Tal liminaridade já se vislumbra no pilar do edifício antropológico, no qual Heschel coloca um judeu e um crístico em uma relação de cooperação.
Esta pesquisa investiga de que modo se deu a recepção de Kierkegaard no pensamento de Heschel. Um campo de pesquisa surpreendentemente inexplorado. Embora concentrada em uma só obra, a sua última obra, A passion for truth, essa recepção reverbera sobre a obra de Heschel como um todo. A partir do estabelecimento de concernências comuns entre Kierkegaard e o rabino polonês Kotzker, Heschel constrói todo um edifício antropológico composto por problemas e emblemas baseado em uma concepção experimental de verdade e de fé (“life of faith”). Tal edifício, no entanto, encontra-se encoberto por uma escrita de natureza ensaística. A partir da nossa análise da Kierkegaard-Rezeption, desenvolvemos uma plataforma conceitual para a prospecção do que, no decorrer da pesquisa, viemos a designar como a “antropologia da verdade” de Heschel. Uma antropologia que, associando a fé e a verdade sob a perspectiva de um conhecimento experimental de Deus, assenta simultaneamente um referencial extramundano (“celestificação”) e um debruçamento sobre tarefas terrenas, uma perspectiva que designamos como “apocalíptica existencial”. A hibridicidade dessa perspectiva assinala o caráter da antropologia da verdade de Heschel como proposta reflexiva que se encontra na liminaridade das classificações. Tal liminaridade já se vislumbra no pilar do edifício antropológico, no qual Heschel coloca um judeu e um crístico em uma relação de cooperação.