Análise histomorfométrica da fibra muscular esquelética de pacientes suscetíveis à hipertermia maligna
Data
2015-02-28
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
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Resumo
Introduction: Malignant Hyperthermia (MH) is a skeletal muscle disease characterized by hypermetabolism after administration of inhaled anesthetics and depolarizing muscle relaxants, which may progress to irreversible shock and death. Pathological examination of muscle fiber using histomorphometry can be an additional tool for the assessment of patients susceptible to MH, when analyzed in association with the different phenotypes that are part of the clinical presentation of susceptibility to MH. Objectives: Analyzing the histological aspect and histomorphometry of skeletal muscle fibers in patients susceptible to MH, and determining a potential correlation with clinical changes as atrophy or muscle hypertrophy. Casuistic and methods: 97 subjects, with a history suggestive of susceptibility to MH and tested for MH with muscle in vitro contracture test (IVCT) between 2004 and 2012 were analyzed for demographic characteristics, laboratory and clinical findings, histopathology with histochemistry and morphometry in their skeletal muscle biopsy. Results: The data analyzed were from patients in their forties with predominance of women (52), whites (72) and personal or family history of MH (73). Signs of motor unit syndrome were present in 17 patients and muscular hypertrophy in 24. The IVCT was positive for susceptibility to MH in 60% of the study sample. Those tested positive were mainly males and showed increased creatine kinase with three of them (5%) showing incidental cores. Among the six patients with family history of myopathy with cores, two had IVCT positive for susceptibility to MH. From the two patients with personal history of myopathy with cores, one had IVCT positive for susceptibility to MH. Qualitative histological analysis revealed that none of the changes found were significantly more frequent among those susceptible to MH, however, atrophic fibers were more frequent in individuals tested negative for MH susceptibility. Regarding quantitative analysis, although no significant difference was found between susceptible and non-susceptible individuals to MH concerning the percent of type I or II muscle fibers, the proportion of type I fibers were positively correlated with muscle hypertrophy determined in physical examination. The hypertrophy of muscle fibers was more frequent in women susceptible to MH than in those not susceptible. Furthermore, in the female group hypertrophy of muscle fibers correlated with the syndrome of motor unit (SMU), creatine kinase, coefficient of variability and centralization nuclear. In females, increased cross sectional area of both type-I and type-II muscle fibers correlated with increased CK. On the other hand, SMU and centralization nuclear correlated with increased cross sectional area of the fiber subtype II only, whereas the coefficient of variability correlated with increased cross sectional area of the fiber subtype I in females. Conclusions: Qualitative histological analysis did not identify any changes that were present more frequently in the group susceptible to MH, which did not allow for establishing a myopathy directly associated with MH. However, atrophic fibers were more frequent in individuals not susceptible to the HM, suggesting the existence of undiagnosed myopathies that could have led to atypical reactions during anesthesia. Concerning patients with a personal or family history of myopathy with cores, susceptibility to MH should necessarily be investigated using IVCT. Quantitative analysis of muscle fiber revealed relevant data for understanding the impact of MH, such as the correlation between clinical muscle hypertrophy and the proportion of type-I fibers in patients susceptible to MH, and the presence of hypertrophy of muscle fibers in women susceptible to MH, This increased cross-sectional area in women susceptible to MH correlated with serum CK levels, SMU, coefficient of variability and nuclear centralization.
Introdução: A Hipertermia Maligna (HM) é uma síndrome muscular esquelética caracterizada por hipermetabolismo, após administração de anestésico inalatório e/ou relaxante muscular, podendo evoluir para choque irreversível e morte. O estudo anatomopatológico com histomorfometria da fibra muscular pode ser uma ferramenta adicional à avaliação de pacientes suscetíveis a esta síndrome, correlacionando-se com os diferentes fenótipos que fazem parte da apresentação clínica da suscetibilidade à HM. Objetivos: Analisar o aspecto anatomopatológico e a histomorfometria de fibra muscular esquelética em pacientes suscetíveis à HM, e correlacionar às alterações clínicas como a atrofia/hipertrofia muscular. Casuística e métodos: 97 indivíduos, com história sugestiva de suscetibilidade à HM e investigados com o teste de contratura muscular in vitro (TCIV) no período de 2004 a 2012, foram analisados quanto a características demográficas, clínicas-laboratoriais e estudo anatomopatológico de músculo esquelético com histoquímica e morfometria. Resultados: A média de idade da amostra se situou na 4a, década, com predomínio de mulheres (52), brancos (72) e história pessoal ou familiar de HM (73). Sinais de síndrome de unidade motora estiveram presentes em 17 pacientes e hipertrofia muscular em 24. O TCIV foi positivo e indicativo de suscetibilidade à HM em 60% da amostra; esse grupo suscetível tinha significantemente mais homens e mais aumento de creatinoquinase; em três pacientes (5%) desse grupo foram encontrados cores incidentais no anatomopatológico muscular. Nos seis pacientes com história familiar de miopatia com cores, dois tiveram TCIV positivo e indicativo de suscetibilidade à HM; nos dois pacientes com história pessoal de miopatia com cores, um teve TCIV positivo e indicativo de suscetibilidade à HM. A análise histológica qualitativa não revelou nenhuma alteração mais frequente no grupo suscetível à HM, entretanto, fibras atróficas foram mais frequentes no grupo não suscetível à HM. Em relação à análise quantitativa, apesar da ausência de diferença significante na percentagem de fibras I e II entre os grupos não suscetíveis e suscetíveis, a percentagem de fibras do tipo I se correlacionou positivamente com a hipertrofia muscular no exame físico. A hipertrofia das fibras musculares foi mais frequente nas mulheres suscetíveis à HM do que nas não suscetíveis, e se correlacionou com a síndrome de unidade motora, creatinoquinase, coeficiente de xvi variabilidade e centralização nuclear. Na análise do grupo feminino quanto à área transversa dos subtipos de fibras, o aumento de CK se correlacionou com a área transversa aumentada nos dois subtipos de fibra, I e II. Mas a SUM e centralização nuclear se correlacionaram apenas com o aumento da área transversa do subtipo de fibras II, enquanto que o coeficiente de variabilidade se correlacionou com o aumento da área transversa do subtipo de fibras I. Conclusões: A análise histológica qualitativa não identificou alterações que estivessem presentes com maior frequência no grupo suscetível à HM, não permitindo a individualização de uma miopatia própria da HM; porém, fibras atróficas foram mais frequentes no grupo não suscetível à HM, sugerindo a existência de miopatias não diagnosticadas, mas que pudessem ter levado a reações atípicas na anestesia. Em relação aos pacientes com antecedente pessoal ou familiar de miopatias com cores, a possibilidade de suscetibilidade à HM deve ser investigada com o TCIV. A análise quantitativa da fibra muscular revelou dados úteis para o entendimento do impacto da HM, como a correlação entre hipertrofia muscular clínica e a percentagem de fibras do tipo I em pacientes suscetíveis à HM, e a presença de hipertrofia de fibras musculares em mulheres suscetíveis à HM. Esse aumento de área transversa nas mulheres suscetíveis à HM se correlacionou com valores séricos de CK, síndrome de unidade motora ao exame físico, coeficiente de variabilidade e centralização nuclear.
Introdução: A Hipertermia Maligna (HM) é uma síndrome muscular esquelética caracterizada por hipermetabolismo, após administração de anestésico inalatório e/ou relaxante muscular, podendo evoluir para choque irreversível e morte. O estudo anatomopatológico com histomorfometria da fibra muscular pode ser uma ferramenta adicional à avaliação de pacientes suscetíveis a esta síndrome, correlacionando-se com os diferentes fenótipos que fazem parte da apresentação clínica da suscetibilidade à HM. Objetivos: Analisar o aspecto anatomopatológico e a histomorfometria de fibra muscular esquelética em pacientes suscetíveis à HM, e correlacionar às alterações clínicas como a atrofia/hipertrofia muscular. Casuística e métodos: 97 indivíduos, com história sugestiva de suscetibilidade à HM e investigados com o teste de contratura muscular in vitro (TCIV) no período de 2004 a 2012, foram analisados quanto a características demográficas, clínicas-laboratoriais e estudo anatomopatológico de músculo esquelético com histoquímica e morfometria. Resultados: A média de idade da amostra se situou na 4a, década, com predomínio de mulheres (52), brancos (72) e história pessoal ou familiar de HM (73). Sinais de síndrome de unidade motora estiveram presentes em 17 pacientes e hipertrofia muscular em 24. O TCIV foi positivo e indicativo de suscetibilidade à HM em 60% da amostra; esse grupo suscetível tinha significantemente mais homens e mais aumento de creatinoquinase; em três pacientes (5%) desse grupo foram encontrados cores incidentais no anatomopatológico muscular. Nos seis pacientes com história familiar de miopatia com cores, dois tiveram TCIV positivo e indicativo de suscetibilidade à HM; nos dois pacientes com história pessoal de miopatia com cores, um teve TCIV positivo e indicativo de suscetibilidade à HM. A análise histológica qualitativa não revelou nenhuma alteração mais frequente no grupo suscetível à HM, entretanto, fibras atróficas foram mais frequentes no grupo não suscetível à HM. Em relação à análise quantitativa, apesar da ausência de diferença significante na percentagem de fibras I e II entre os grupos não suscetíveis e suscetíveis, a percentagem de fibras do tipo I se correlacionou positivamente com a hipertrofia muscular no exame físico. A hipertrofia das fibras musculares foi mais frequente nas mulheres suscetíveis à HM do que nas não suscetíveis, e se correlacionou com a síndrome de unidade motora, creatinoquinase, coeficiente de xvi variabilidade e centralização nuclear. Na análise do grupo feminino quanto à área transversa dos subtipos de fibras, o aumento de CK se correlacionou com a área transversa aumentada nos dois subtipos de fibra, I e II. Mas a SUM e centralização nuclear se correlacionaram apenas com o aumento da área transversa do subtipo de fibras II, enquanto que o coeficiente de variabilidade se correlacionou com o aumento da área transversa do subtipo de fibras I. Conclusões: A análise histológica qualitativa não identificou alterações que estivessem presentes com maior frequência no grupo suscetível à HM, não permitindo a individualização de uma miopatia própria da HM; porém, fibras atróficas foram mais frequentes no grupo não suscetível à HM, sugerindo a existência de miopatias não diagnosticadas, mas que pudessem ter levado a reações atípicas na anestesia. Em relação aos pacientes com antecedente pessoal ou familiar de miopatias com cores, a possibilidade de suscetibilidade à HM deve ser investigada com o TCIV. A análise quantitativa da fibra muscular revelou dados úteis para o entendimento do impacto da HM, como a correlação entre hipertrofia muscular clínica e a percentagem de fibras do tipo I em pacientes suscetíveis à HM, e a presença de hipertrofia de fibras musculares em mulheres suscetíveis à HM. Esse aumento de área transversa nas mulheres suscetíveis à HM se correlacionou com valores séricos de CK, síndrome de unidade motora ao exame físico, coeficiente de variabilidade e centralização nuclear.
Descrição
Citação
SANTOS, Joilson Moura dos. Análise histomorfométrica da fibra muscular esquelética de pacientes suscetíveis à hipertermia maligna. 2015. 107 f. Dissertação (Mestrado) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2015.